~ Luke e Iris ~
A noite seguiu seu percurso, através do tempo, isolando as preocupações de Luke e Iris, que em seu sono profundo tocavam com pura e pálida, a sensação de estarem um ao lado do outro. Tão pouco eles podiam ver o que acontecia lá fora, na noite escura, em meio a friagem da madrugada, e os sons que despistavam através do silêncio ao redor, as dores e as desavenças de um mundo, que na mente ébria de dois jovens, não podia toca-los naquele momento; no entanto, em sua perda de sentidos, eles não deixavam de se tocar, em um sonho vivido conjunto, perdidos na escuridão das pálpebras fechadas docemente e a paz proporcionada um ao outro. Luke não sonhava, menos ainda Iris o fazia, pois eles estavam vivendo ao lado do outro, um momento que por si só, os trazia o sentimento; muito mais do que qualquer sonho poderia fazer.
Ao desligarem entre eles os sentidos, deixaram de ver e sentir o que acontecia ao redor; a forma com que a garrafa de vinho rolava com o vento vindo da varanda, ou mesmo a maneira em que as gotas do vinho derramado sobre a mesa de xadrez pingavam a cada segundo, tocando o solo, trazendo o frescor do doce da uva e do álcool. Seus rostos pareciam perdidos em expressões tão abatidas, no entanto; expressões rosadas, felizes e satisfeitas. Conforme o tempo corria no relógio, e as nuvens do céu passavam sempre com pontos perdidos no tom prata, branco e severamente escuro; os animais da noite iam dormir e o dia começava a nascer, com a luz solar batendo sobre as plantas, e o sulco que delas pingava gentilmente, com a brisa e a força do sereno da madrugada, começava a se dissipar com a força do sol.
A casa dos Olsen acordou com a luz, e o tempo foi deixando de lado as ocasiões. Luke e Iris estavam tão próximos um do outro, e a noite tinha sido bela de tal maneira, que a paz contida no inconsciente deles, fez com que nenhum levasse em conta o horário, e assim sendo, foram acordados pela mordoma, Aya, quase na hora de irem para a universidade.
- Não acredito nisso... - Disse Iris num salto, procurando fosse o que fosse em todos os lugares que suas mãos alcançavam - Luke, acorda!
O garoto balançou a cabeça levemente, e se deixando levar pela moleza em suas juntas, deixou seu corpo cair para o lado, entrando em estado ligeiro de sono, que foi arrancado de seu corpo assim que se lembrou de seus afazeres. Quando Luke deu-se por si, já não via Iris ao redor, e ele mesmo tratou de se levantar com rapidez e correu escadas acima, alcançando a garota em meio a escada, e por um segundo, ao deixa-la para trás em sua euforia, ele tirou a camisa rapidamente, deixando seu corpo a mostra pelos segundos que permaneceu no corredor até entrar em seu quarto e seguir para o banheiro. Iris que havia parado em meio ao corredor pensou algo como, "Não tinha percebido que ele..."; a garota, no entanto voltou a si e seguiu para o quarto, onde tomou banho com rapidez e não se importou tanto com coisas demais.
Luke e Iris estavam pensativos, e desde o momento que se encontraram novamente no corredor da mansão, indo diretamente, mas sem um constrangimento infantil, e sim um comportamento adulto, no entanto, muito tímido por parte de ambos. Era certo dizer que para ambos, o beijo tinha significado algo, mas eles se corroíam com o fato de que não sabiam o que isso significava. Mas, distantes de qualquer ação, eles não sentiam que podiam perguntar sobre isso. Nessa manhã, enquanto Iris pegava algumas torradas para comer, e rapidamente passava geleia no pão crocante, ela pensou enquanto via Luke; suas mãos estavam rápidas por causa da hora que passava, mas ela não deixava de olhar para ele, que estava buscando alguns pães com as mãos e que depois de colocar na boca, buscou café e o despejou sobre a xícara.
- Quer café? - Perguntou ela.
- Mas eu já peguei...
Iris contraiu os lábios quando pensou no que tinha dito, e ela começou a agir de forma extravagante, não de propósito, e Luke sorriu para ela como só ele podia fazer, e ela se acalmou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
E Se Pudéssemos Escolher a Felicidade?
Roman d'amourA história de Luke. Um garoto que se vê obrigado a partir de casa, pois sua família não pode pagar pelos seus estudos e nem mais sustenta-lo. Ele é aceito por um programa social que escolhe jovens com potencial para ir morar na casa de alguma famíli...