Capítulo 9

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~ Jhonny e Rey ~
               

Naquela tarde pouco antes das quatro, o carro da família de Rey saiu da casa de Jhonny. Rey foi atrás com Jhonny e o pai dele, enquanto sua mãe e seu pai foram na frente, com Noah dirigindo. Jhonny balançava as pernas freneticamente e tremia, batendo os pés no chão, em um estado de ansiedade tão grande, que gerava esses colapsos comportamentais inconscientes de mover a perna e virar a cabeça incansavelmente. Rey muitas vezes acalmava Jhonny, mas ele não conseguia deixar de sentir essa ansiedade e tristeza, pois em sua mente ele planejava o primeiro encontro com sua mãe, e apesar disso, não conseguia sentir emoções boas. Toda vez que ele se recordava de que seria a última vez, e que nem mesmo podia ser contado como uma primeira, seu coração se partia.

-Você está bem? - Perguntou Rey.

Jhonny respirava profundamente, (uma vez que ele olhava com afinco para fora, buscando algo no horizonte do entardecer). O carro seguia silencioso para o local, e de vez em vez, Júlio dava alguns detalhes do caminho. O pai de Rey sabia onde ficava o cemitério, mas Júlio disse que o velório era um pouco mais além de onde seria o enterro.

- Eu não estou... - Disse ele - Me desculpe, Rey.

- Não se preocupe com isso, Jhonny... - Disse ela - Não é assim que funciona na vida. Não é sempre que essa pergunta vai ter uma resposta boa. E não tem problema nenhum nisso, está tudo bem.

Jhonny que segurava a mão de Rey, não tinha mais intensão de solta-la, embora tenha percebido que naquele instante, seus pensamentos sobre ama-la, não conseguiam se sobrepor a dor que sentia, e ele se sentiu pouco mal por isso, ao mesmo tempo que se culpou por também pensar de forma. Conforme o tempo foi correndo através do relógio e as paisagens mudando através das janelas do carro. Jhonny percebeu que o cemitério tinha ficado para trás a uns três minutos, e uma colina alaranjada de estradas se seguiu à frente. Uma cerca natural de rosas brancas surgiu em um campo extenso, e alguns carros estavam estacionados ali. Logo que eles estacionaram, Jhonny e Rey saíram para fora, sentindo a grama alta subir seus pés. Jhonny olhou o sol distante subindo uma colina frente aos olhos, e percebeu que algumas pessoas subiam, distantes dele.

- Pai... - Disse Jhonny, e Júlio surgiu do outro lado do carro, fechando a porta e olhando com nostalgia o campo e a subida até o alto - Onde estamos?

O velho Júlio, tinha uma expressão jovem dentro dos olhos, como se apesar de sua idade, no interior ainda fosse um moço belo e apaixonado, louco e pronto para escalar as costas da vida com vigor, para viver seus melhores momentos, que já se foram.

- Lá em cima, você vai entender tudo, meu filho.

Júlio abraçou Jhonny, se desculpando com Rey por afasta-la, mas ela sorriu para ele, e se juntou aos pais, olhando para eles, e ao mesmo tempo imaginando a dor de Jhonny, muito embora ela não precisasse imaginar. Os pais de Rey passaram a mão na cabeça dela, a abraçando, e Rey segurou forte, aponto de fazer os pais sentirem a força que fazia. Suas memórias do passado se esconderam e foram pressionadas para dentro, aliviando assim a ansiedade que tentava consumi-la.

Conforme a subida se tornava mais perto do fim, Jhonny percebeu que eles estavam em um campo muito extenso, e quase toda a abundancia ao redor era composta por mato alto e muitas rosas brancas, mas quando ele e seu pai chegaram ao topo, seu coração chegou a sentir um sopro frio. Havia uma árvore grande e torta de poucas folhas, e ao lado, abaixo das sombras do tronco velho, em meio a um jardim de rosas alaranjadas e amareladas, estava um caixão suspenso a altura do peito de Jhonny, e ele olhou enquanto as folhas voavam com o vento, e o céu claro se cobria de nuvens avermelhadas com o fim da tarde. Jhonny soube que abaixo do véu estava sua mãe. Ele parou no meio do caminho e seu pai olhou para ele.

E Se Pudéssemos Escolher a Felicidade?Onde histórias criam vida. Descubra agora