Capítulo 31

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~ Jhonny e Rey ~
        
   

Jhonny permaneceu em silêncio, enquanto levemente desviava o olhar, fugindo da figura bem diante de seus olhos. Rey estava imóvel, ambos quietos demais, porém inquietos, pois nos seus mais secretos movimentos, a ansiedade se escondia. Jhonny respirava rápido, e Rey profundamente; ao que parecia, ele ainda estava muito abalado, e revivia lentamente os sofrimentos contados por Rey. 

- Você ainda tem pesadelos, você... – Jhonny que acabara de adquirir forças para dizer qualquer coisa, sentiu arrependimento ao ouvir sua pronúncia. 

Rey olhou para ele, de forma seca, tão indiferente consigo mesma, como se tivesse tornado a si mesma uma barreira, somente para relembrar aquelas tristes recordações. 

- Sim, volta e meia, eu acordo perturbada por aquelas imagens.  Mas, não causa em mim mais do que um abalo emocional. 

Jhonny sentiu certa tristeza, e se lembrou das vezes que dividiu a cama com Rey; a impotência em suas ações, e a possível ignorância que fechava seus olhos para a realidade dos outros, o deixou irritado, e ele castigou a si mesmo, em seus pensamentos. Rey se levantou da cama, suas pernas fraquejaram, mas ela se manteve firme.

- Entende agora? – Perguntou ela – Porque é tão difícil pra mim toda essa situação? 

- Eu compreendo....

- E você percebe o quanto é difícil para mim, lembrar desses acontecidos? Falar sobre eles? Pois eu acabo me torturando. Eu revivo os bons momentos, e então todos os piores dias da minha vida caem sobre mim em seguida. Jhonny...

O rapaz se levantou da cama e andou até a janela.

- Eu já entendi... e aceito sua decisão. Estou, de certa forma feliz, pois agora eu sei a verdade.

Jhonny abriu a janela.

- Ouça... – Disse Rey, mas Jhonny a fez parar com um movimento da mão. Ele olhou para ela uma última vez. 

- Se eu tivesse sido julgado e preso, no dia em que matei aquele homem. As coisas seriam diferentes? Será que você, Rey... só é capaz de enxergar o crime acima dos fatos? 

- Jhonny...

- Para você eu sou um assassino? – Perguntou ele, e então virou o rosto – Não me entenda mal, eu não estou argumentando. Não busco perdão ou compreensão. É só que, eu não sou um assassino. Nada do que aconteceu, foi minha intensão. Naquele dia eu me descontrolei, mas eu garanto para você que eu não sou um assassino. Você sabe por quê? 

Rey percebeu que Jhonny chorava. 

- Porque a minha mãe foi assassinada na rua, como se fosse  um animal, esmagada por uma pedra. Por um assassino, e é por isso que eu sei, que independente da vida que eu tirei, eu não sou um assassino.  Porque não houve um dia sequer, em que eu deixei de desejar tomar o lugar daquele homem. Porque eu não tinha o direito sobre a vida dele. 

- Eu não entendo o que está dizendo, seja mais claro...

Jhonny balançou a cabeça em negativo.

- Não estou argumentando. Mas você deixou claro para mim que tudo tinha terminado entre nós, pelo que eu fiz, e pelo o que eu me tornei. Mas eu nunca deixei de ser eu mesmo, foi só você que passou a me ver de outra forma. Mas agora eu estou indo, obrigado por tudo, Rey. 

Quando Jhonny começou a descer pelo lado de fora, Rey correu pela escada, até chegar no portão. A noite estava tão fria, e ela encontrou Jhonny próximo do carro dele. 

E Se Pudéssemos Escolher a Felicidade?Onde histórias criam vida. Descubra agora