Capítulo 15

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~ Luke e Iris ~
                 
 

A noite estava cheia, quando o fim da tarde foi lançado no esquecimento; Luke e Iris entraram no carro, e Alfred levou ambos até o clube, para que pudessem se encontrar com os outros amigos.

Existia algo na passagem do tempo que falava com Luke, passando entre os feixes de luz produzidos por outros carros lá fora, que serravam seus olhos, e Luke foi invadido por uma euforia tão forte, que ao olhar para Iris, sentiu vontade de tê-la mais junto de si, e queria contar a ela esses sentimentos. Ele não tinha certeza do que acarretava esses anseios, mas, de alguma forma, mesmo que inesperadamente, ele atribuía tal emoção totalmente a um fato presente (de ter uma boa vida, e estar ao lado de pessoas interessantes) e Luke não conseguiu deixar de lado o sensação ruim que seus sentimentos bons trouxeram, como a indiferença involuntária que sentia em relação aos pais. Luke abaixou a cabeça, e entre movimentos circulares de seu pescoço, ele sentia o bater do vento que vinha do extremo onde Iris estava (ela que estava encostada na janela, sentindo as baforadas de ar enquanto o carro seguia a estrada). Luke ainda estático, olhou levemente seu reflexo apagado no espelho, percebendo que voltara a ser quem era, e através dessa triste imagem, pensava no futuro, sentindo instabilidade em suas decisões, que por tanto tempo tinham sido tudo para ele, e agora pareceriam de certo modo confusas e contraditórias. Ele pensou no que seu chefe do trabalho havia dito, e se lembrou da dificuldade que foi conseguir aquele emprego, dado a sua aparência, que mesmo que tentasse esconder o fato, era uma barreira para a comunicação social, principalmente na cidade em que se encontrava. E se fosse sempre assim? Ele não conseguia deixar isso de lado, e apesar de toda a felicidade, que supostamente sentia; naquele momento em questão, não sabia como seria depois da faculdade, mas Luke tinha que decidir algo, e essa decisão mudaria tudo.

Por um instante Luke bateu os olhos em Iris, como que sem querer e ela pegou no mesmo instante a intenção, e sem mais reservas, tocou levemente no assunto, vendo que Luke precipitava a iniciação de uma conversa.

- Eu vejo em seus olhos, Luke, o que está te afligindo de tal forma? – Perguntava ela, e seu semblante assumia a forma preocupada, cheia de ternura, atenção e gentileza, cujo qual ação, sempre fazia Luke regozijar-se.

- Eu estive pensando, profundamente, nas questões sociais, Iris... – Disse ele – A minha forma de me vestir, tal como todo o resto, foi responsável pela dificuldade que eu tive em arrumar um emprego. E agora, que tento alcançar meus sonhos, em lecionar letras algum dia, me pergunto, que aluno gostaria de uma figura como a minha dando aulas?

- Mas, o estudo é baseado no conhecimento, e eu não conheço ninguém tão capaz como você; aliás, você consegue memorizar qualquer coisa que lê, imagine só, essa capacidade aplicada?

- Eu entendo, porém, você percebe o que digo? Como uma universidade me aceitaria?

- Não se preocupe Luke... – Disse Iris – Vamos conseguir, tudo vai dar certo para nós...

Luke ouviu aquilo, aturdido, embora não fosse de se estranhar, porém, ele ainda assim, decidiu focar no “Nós” que íris havia proferido em sua frase, e ele mesmo se tocou, onde mais era doloroso, e viu uma verdade que estava estampada em seus pensamentos, desde o momento que decidiu iniciar essa conversa com Iris, e somente com ela.

- Sabe, o que eu estive pensando? – Perguntou.

- O quê? – Perguntou ela um tanto curiosa.

- Apesar de qualquer, seja qual for, as minhas dúvidas sobre o futuro... – Disse ele – Eu, não consigo planejá-lo sem dar devido lugar a você, em cada parte dele.

E Se Pudéssemos Escolher a Felicidade?Onde histórias criam vida. Descubra agora