- Lexie! O que é que aconteceu? Está tudo bem? – pausei na entrada da cozinha e bufei. – Espero que saibas que estive a isto – juntei o meu polegar e indicador – de ter um ataque cardíaco.
- Está tudo bem, Steve. Vai tomar banho, estás todo sujo.
- E de quem é a culpa?
Lexie não me respondeu e limitou-se a temperar a comida que, em equipa, tínhamos preparado para a minha família. Obriguei-a a fazer mais do que tinha planeado porque me recusei a que ela tivesse todo aquele trabalho para não comer também e, depois de mais uma das nossas discussões idiotas, ela cedeu. Tínhamos passado toda a tarde na cozinha e, embora todo o meu esforço tivesse sido razão para todas as mulheres da minha vida – Ava, Mia e Lexie – brincarem e fazerem piadas, eu sabia que seria recompensado. Porque a comida cheirava bem e todo aquele plano me dera mais umas horas na companhia da minha vizinha, a falar de tudo e de nada, enquanto ela me mostrava porque é que pimenta preta ficava bem em tudo. Palavras dela.
- Tu és maravilhosa, Lexie, sabias? – sem olhar para ela, sabia que as suas bochechas tinham ganho um novo tom de vermelho. Aproximei-me dela e abracei-a por detrás, apenas para beijar os seus cabelos loiros. Estava a ganhar demasiada intimidade com ela mas, enquanto ela não me recusasse, continuaria a fazê-lo. Era confortável. – Não precisavas de fazer tudo isto. E o bolo! Como é que conseguiste fazer esse bolo sem eu notar?
- Fiz a massa de manhã, em casa, e coloquei no meu forno quando a tua irmã te ligou. – sorri, completamente livre e feliz com a confiança com que ela estava a falar comigo. Estava orgulhoso da nossa amizade, da minha capacidade de ser amigo de alguém sem ser exageradamente protetor. Ajudava o facto de ela mal sair de casa, não podia negar.
- Maravilhosa. – repeti e, com um último beijo nos seus cabelos, afastei-me finalmente dela. – Quando achares que eu fico segura com comida no forno, podes ir embora e voltar à tua vida. Se quiseres esperar para conhecer os meus pais e a Ava, também podes ficar.
- Ahm...acho que é melhor ir...
- Ei! Porquê?
A forma como ela não me respondeu deixou-me desassossegado mas, naquele preciso momento, o alarme do meu telemóvel rebentou. Tinha colocado aquele alarme para não ir tomar banho demasiado tarde e Lexie sabia-o; encolheu os ombros, lançou-me um sorriso menos confortável que os anteriores e empurrou-me para fora da cozinha. Tentei gritar que ela não poderia fazer aquilo na minha própria casa, mas deixei que a sua figura aparentemente fraca me guiasse até à divisão onde tomaria banho. Fechei a porta do meu quarto com um piscar de olhos na sua direção e não demorei muito a tomar banho. Ainda assim, quando terminei de estender a toalha no estendal que tinha montado na janela do quarto, ela já estava a desligar o forno e a decorar o bolo de chocolate que tinha cozinhado.
- Alexandra, Alexandra, Alexandra... - repreendi, completamente divertido, mas ela continuou a esforçar-se demasiado por mim. – Muito obrigado. A sério.
- Não precisas de... - levei o meu indicador aos seus lábios e abanei a cabeça. – De nada.
- Isso mesmo! – sorri-lhe e bati, lentamente, palmas. Ela revirou os olhos e retirou o avental que eu lhe tinha emprestado do seu pescoço. – Não queres mesmo ficar? Adorava apresentar-te à minha família.
- Não, não. – abanou a cabeça ao falar, mas não me escapou o facto de ela estar a sussurrar, mais tímida do que era normal. – Depois passa ali ao lado, está bem? Para eu saber se todos gostaram da comida.
- Vão adorar.
Segui-a até à minha porta da frente, confuso com a sua pressa para se ir embora, mas sabendo que não a poderia obrigar a ficar num sítio em que ela não queria estar. Quando ela se virou para se despedir efetivamente de mim, no entanto, agi mais por instinto do que por outra coisa. Foi, aliás, a primeira vez em que me deixei ser totalmente controlado pelo meu instinto com ela. Levei uma mão ao seu pescoço e outra à sua bochecha e, num segundo, estava a beijá-la. O facto de ela reagir quase imediatamente fez com que eu sorrisse; encurralei-a à minha porta da frente até que ela começou a arquear as suas costas para chocar contra mim.
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Contrabalançar
RomanceSteve estava habituado a proteger e a cuidar. Foi ensinado a fazê-lo quando as suas irmãs mais novas nasceram e fez disso trabalho. No entanto, a quase-década como polícia não lhe serviu de muito quando foi confrontado com a verdadeira essência do m...