Estava a sair do elevador quando choquei contra qualquer coisa. Ou alguém.
- Peço desculpa. – murmurei, dando um passo para o lado. Olhei para a pessoa à minha frente, um homem com sobrancelhas grossas e uma cara demasiado séria para o que eu estava habituado, mesmo a trabalhar como polícia.
O homem olhou para mim durante uns segundos, analisou a minha cara e o meu cabelo e a minha roupa, e depois entrou no elevador sem dizer uma palavra. Fiquei parcialmente ofendido, por ter sido observado daquela maneira e nem sequer ter merecido um comentário, mas quando me apanhei sozinho, só consegui rir. Desci os dois andares até ao meu – porque tinha ganho o hábito de sair sempre num andar diferente, quando ia de elevador, caso alguém pertencente ao Frost estivesse a observar Lexie – pelas escadas, e bati diretamente na porta da minha vizinha. Ela abriu-me passagem em menos de quinze segundos, puxando-me rapidamente para dentro do seu apartamento.
- Isso é tudo felicidade por me veres? – ela revirou os olhos e fez um sinal, com o indicador, para eu me manter calado. – Precisamos de falar, Lexie.
- Eu sei o que vais dizer. Não te preocupes, ele está seguro. – senti toda a minha expressão a deformar-se numa de confusão. – Espero que não te importes, mas usei a chave que me deste e disse-lhe para se esconder no teu apartamento.
- Eu sabia que havia alguma razão para eu gostar de ti. – murmurei, contra a sua testa, assim que a abracei. – Fizeste bem. Fizeste muito, muito bem.
- Tinha acabado de voltar a entrar em casa quando eles tocaram à minha campainha. – admitiu, baixando a cabeça e olhando para o chão. – Foi tão assustador. Ele nunca tinha estado aqui quando eles visitaram, antes.
Preferi não dizer nada e decidi apenas abraçá-la com toda a minha força. Ela rodeou o meu pescoço com os seus braços e, com a mão nas costas do meu pescoço, encostou-se tanto a mim quanto lhe era possível. Pensei na pessoa com quem me tinha cruzado, no sexto andar, e tentei lembrar-me de onde o conhecia. Não era uma cara muito diferente, mas tinha-me parecido familiar e eu não soubera de onde. Com a nova informação, no entanto, a conclusão lógica era de que era algum dos trabalhadores do Frost que tinham, também, tentado retirar as atenções das suas visitas ao quarto andar. Quais eram as hipóteses? Realmente existia uma linha muito fina entre os dois lados da lei.
Aproveitei o facto de Connor ainda estar no meu apartamento – e, portanto, ainda estar seguro – para agarrar as coxas de Lexie e forçar o seu corpo a subir de nível. Ela não me largou, muito pelo contrário; agarrou-me ainda com mais força e beijou suavemente o meu pescoço. Gostava da forma como os nossos corpos se abraçavam, como eu sentia sempre que estava a tocar em todo o lado do seu corpo e como as nossas peles chocavam e acariciavam-se mutuamente. A t-shirt que ela estava a usar levantou um pouco e eu aproveitei isso para a segurar apenas com um dos meus braços e acariciar aquele pedaço de pele com o meu polegar livre.
Quando os nossos lábios se tocaram, perdi qualquer semblante de controlo e apressei-me até ao seu quarto. Talvez fosse um pouco idiota da minha parte, levar Lexie para o seu quarto sabendo que o seu irmão mais novo estava do outro lado do prédio, a esconder-se daqueles que procuravam controlá-lo, mas sentia que a rapariga loira precisava de um tipo de conforto que eu teria todo o gosto em fornecer. Depois de levar Gary a casa e conduzir de volta ao prédio, passara todo o tempo a pensar em Connor e em todos os sítios em que podia encontrá-lo. Estivera prestes a ligar ao meu capitão e a acionar um alarme, quando pensara em falar com Lexie primeiro. Mais uma prova de como eu conseguia ser impulsivo demais, mas tinha um bom cérebro na minha cabeça.
- Steve... - murmurou ao meu ouvido, com uma necessidade na sua voz que eu mal reconheci.
- Não tens de ter medo, Lexie. – garanti, com uma voz suave mas que não dava espaço para ela duvidar de mim própria. – Eu protejo-te.
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Contrabalançar
RomanceSteve estava habituado a proteger e a cuidar. Foi ensinado a fazê-lo quando as suas irmãs mais novas nasceram e fez disso trabalho. No entanto, a quase-década como polícia não lhe serviu de muito quando foi confrontado com a verdadeira essência do m...