7. SEQUESTRO EM CUMBICA

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Em frente das portas de vidro que davam para o saguão de desembarque do

Aeroporto Internacional de Cumbica, parentes à espera de viajantes e funcionários

de empresas portando tabuletinhas com nomes de passageiros formavam um

aglomerado ansioso.

Chumbinho estava na primeira linha da multidão, apertado contra os

balaústres que formavam um corredor a partir das portas de vidro.

Na tabuletinha de um grupo de engravatados, Chumbinho leu: "Drug

Enforcement Inc. — Dr. Bartholomew Flanagan".

"Que sorte!", pensou o menïno. "O criador da Droga do Amor vem justo no

avião da Magrí!"

Os primeiros passageiros começavam a despontar.

— Magrí! — gritou Chumbinho, ao ver a amiga manquitolando apoiada no

ombro de dona Iolanda, que empurrava o carrinho de bagagens.

— Chumbinho! — respondeu Magrí, logo que viu o amigo. Fingindo andar

com dificuldade, Magrí foi sendo ultrapassada por outros passageiros.

Chumbinho viu dois homens de terno passarem pela amiga. O mais novo

acenou ao ver o grupo de engravatados e puxou o companheiro na direção da

tabuleta em que estava escrito "Drug Enforcement Inc."

Quando Magrí e dona Iolanda já estavam perto de Chumbinho, a professora

gritou:

— Ei! O que está acontecendo?

Magrí seguiu o olhar espantado de dona Iolanda.

Foi tudo muito rápido, profissional. Todos os engravatados sacavam armas e

quatro deles agarravam os dois recém-chegados.

— Parem com isso! — gritou a professora.

Um dos homens ergueu o braço e uma chama brilhou, enquanto um tiro

ecoava sinistramente pela imensidão do aeroporto.

— Dona Iolanda!

Magrí deixou cair a bolsa ao sentir a professora bambear abraçada a ela.

Chumbinho pulou sobre as duas, cobrindo-as com o corpo. Mas a proteção

não era mais necessária. Um dos viajantes de terno estava sendo arrastado para

longe e o outro já estava caído, depois de levar violenta coronhada.

Pânico no aeroporto. Gritos, desmaios, bagagens caindo no chão, e a

multidão, ao espalhar-se, comprimiu os dois Karas que amparavam dona Iolanda.

— Abram! Dêem espaço! — gritou Chumbinho. — Tem uma pessoa

baleada aqui!

Gritos e confusão mudaram de rumo, e os três viram-se repentinamente no

meio de uma roda.

Um Kara treinado nunca deixa escapar nada, mesmo nas situações mais

terríveis. E Chumbinho notou que a bolsa que Magrí deixara cair, ao amparar a

professora, tinha desaparecido.

Com o corpo largado, dona Iolanda sangrava nos braços de Magrí.

A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira Onde histórias criam vida. Descubra agora