22. O AMOR PODE MUDAR O MUNDO

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Ao entardecer do dia seguinte, Andrade foi encontrar os cinco Karas no

Parque do Ibirapuera. Sentaram-se no mesmo banco em frente à moita de azaléias.

O sol queimava, e o detetive comprou sorvetes para todos.

— Bem, meninos, o dia de hoje bastou para resolvermos todos os detalhes

desse caso. Nós, aqui no Brasil, e o FBI, nos Estados Unidos, conseguimos

descobrir tudo o que aconteceu...

— Ótimo! — aplaudiu Chumbinho. — Tudo resolvido? Encontraram

também as amostras da Droga do Amor?

Andrade olhou para o menino. Aquele menino brilhante, que tirara sozinho

dona Iolanda das mãos dos seqüestradores. Mas não conseguiu sorrir.

— O que houve, Andrade? — perguntou Calú. — Você não parece muito

feliz com a solução do caso da Droga do Amor... O detetive tomou fôlego e disse

depressa a pior parte das revelações que tinha a fazer:

— A Droga do Amor nunca existiu, meninos!

— O quê?! O que você está dizendo?

— Espere um pouco, Magrí. Deixe eu contar tudo desde o começo. O doutor

Bartholomew Flanagan, chefiando a equipe de pesquisadores da Drug Enforcement,

acreditava realmente estar numa pista muito segura para a criação de um soro que

curasse a maldita praga que faz com que o amor entre as pessoas transforme-se em

morte. Mas as pesquisas eram muito caras, envolvendo engenharia genética e tudo o

mais. Com os primeiros estudos do doutor Flanagan, a Drug Enformecent conseguiu

enormes financiamentos de todo o mundo... bilhões e bilhões de dólares... Só que,

no fim, o soro falhou.

— A Droga do Amor falhou?!

— Não deu certo. Os testes in vitro, em laboratório, estavam apresentando

bons resultados, mas não provocaram nenhuma imunidade quando aplicados em

seres humanos. E a Drug Enforcement estava atolada até o pescoço em dívidas. O

que ia dizer aos acionistas? Como justificar esse imenso fracasso aos financiadores

de todo o mundo?

— O que era um problema de amor tornou-se um problema financeiro... —

observou Miguel.

— A diretoria então tentou convencer o doutor Bartholomew Flanagan a

continuar defendendo o soro nas revistas médicas, alegando sua validade. A Drug

Enforcement estaria falida se ele confessasse o fracasso. Mas o doutor Flanagan não

concordou com essa farsa e ameaçou convocar a imprensa e falar a verdade.

— Que verdade horrível! — lamentou Magrí.

— Os diretores da Drug Enforcement decidiram então organizar a farsa

completa. Escolheram o Brasil para os supostos testes finais da Droga do Amor e

desembarcaram aqui um sósia do doutor Flanagan e uma caixa de frascos cheios de

água!

Dos olhos de Magrí, duas lágrimas escorreram, queimando-lhe o rosto.

A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira Onde histórias criam vida. Descubra agora