9. SEPARADOS NÃO SOMOS NINGUÉM

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O telefone da sala da Polícia Federal tocou mais uma vez.

— É para o senhor, detetive Andrade — chamou um policial, estendendo-

lhe o fone.

Era do Ministério das Relações Exteriores. O governo americano estava

enviando dois agentes do FBI para acompanhar as investigações.

— Inferno! — praguejou Andrade, desligando o telefone. Lá vêm esses

gringos se meter com a gente! Eu já não tenho problemas de sobra?

— Isso é normal, detetive Andrade — tentou explicar o doutor Hector

Morales. — O doutor Bartholomew Flanagan, um cidadão americano, está

envolvido no problema. É normal que nosso governo esteja preocupado. Mas o

senhor pode estar certo que os agentes do FBI só vão acompanhar suas

investigações. Tenho certeza que só vão ajudar. O doutor Bartholomew Flanagan é

uma personalidade muito importante. Espero que o senhor descubra logo para onde

o levaram. Espero que o senhor e os seus policiais possam salvar sua vida. É uma

vida importante para toda a humanidade, detetive Andrade.

— E a vida da minha professora? — interrompeu Magrí.

O doutor Morales aproximou-se da menina e, paternalmente, acariciou seu

rosto com uma mão quente e delicada.

— Oh, menina, sua professora vai ficar boa! A Drug Enforcement sente-se

responsável por tudo o que aconteceu. Já dei ordens para que uma equipe médica da

melhor qualidade assuma o tratamento de dona Iolanda. Pode deíxar. Todas as

despesas correrão por conta da Drug Enforcement. Sua professora está em boas

mãos...

O diretor da Drug Enforcement era um homem calmo, seguro, carinhoso.

Não se parecia nada com a imagem fria e impessoal que todo mundo faz dos grandes

executivos. Suas palavras confortavam o coração de Magrí. A menina aceitou a

carícia no rosto, como se o americano fosse um tio.

O detetive Andrade aproximou-se dos três.

— Ah, meninos! Estou aqui falando e envolvendo vocês ainda mais nesse

tumulto. Vocês não têm nada com isso. Devem estar exaustos. Ainda mais você,

Magrí, depois de uma viagem tão longa e de tanta confusão. Vou chamar uma

viatura para levá-los para casa, em segurança. O melhor que têm a fazer é tomar um

banho e esquecer tudo isso. Podem deixar os problemas comigo.

Enquanto esperavam pela viatura, Magrí, com um olhar, chamou

Chumbinho para perto da janela da sala da Polícia Federal. Debruçados no

parapeito, falando muito baixo, os dois Karas podiam conversar.

— O Doutor Q.I., Chumbinho! Fomos nós que acabamos com o plano

sinistro dele, no caso dos seqüestros de estudantes. Estava na cadeia por nossa causa.

Agora, no mínimo, ele vai querer nossas cabeças numa bandeja! Precisamos de uma

A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira Onde histórias criam vida. Descubra agora