O diretor da Penitenciária Estadual de Segurança Máxima levou os quatro
Karas e o detetive Andrade para uma sala escura. Em uma das paredes, um vidro
grande permitia que se visse perfeitamente outra sala, muito bem iluminada, com
uma mesa e duas cadeiras. Era um vidro, quando visto da sala escura; mas, quando
visto da sala iluminada, aquilo era apenas um grande espelho.
— Deste lado, podemos ver tudo o que acontece do lado de lá — explicou o
diretor, apontando para a sala iluminada que se via através do vidro. — Mas, do
outro lado, o prisioneiro só verá um espelho. Podemos também ouvir tudo, pois a
sala tem microfones embutidos.
— Já conheço tudo isso, diretor... — resmungou Andrade, de mau humor.
— Eta zdiêss ani mútchaiút arestovanej? — perguntou Iúri Mikhailevich.
Mas, como foi em russo, não houve resposta porque ninguém entendeu nada. O
pobre Iúri sentia-se perdido...
— Muito bem, detetive — continuou o diretor. — Já mandei chamar os
quatro sentenciados que aguardam transferência daqui. Juntos, eles ainda têm a
cumprir mais de quatro séculos de cadeia. Pelo jeito, a periculosidade deles diminuiu
muito. Apresentam bom comportamento há anos. Por isso estão sendo transferidos
para outras penitenciárias. A junta de conselheiros decidiu que eles já podem
cumprir suas penas em regime menos rígido do que o daqui.
— Vamos logo, diretor, vamos logo! — apressou Andrade.
— Certo, detetive Andrade. Separadamente, mandei avisar a cada um dos
prisioneiros que um sobrinho veio visitá-lo. Qual de vocês vai ser o primeiro
"sobrinho"?
— Eu — apresentou-se Miguel.
O diretor abriu a porta de comunicação entre as duas salas e Miguel ficou na
sala iluminada, sozinho, sentado em uma das cadeiras.
O diretor deu uma ordem pelo telefone.
***
A porta da sala iluminada abriu-se e um negro enorme entrou algemado,
com dois guardas como escolta.
Miguel, meio sem jeito, cumprimentou:
— Olá, tio...
O prisioneiro nem se sentou na cadeira que um dos guardas lhe apontava.
Parou e olhou espantado para o rapazinho.
— Tio? Que negócio é esse de tio? Como é que eu posso ser seu tio? Que
história é essa? Isso é uma armação? Uma armadilha para pegar aqui o pássaro
preto? Quem te mandou, moleque? Foi o Nego Cão? Pois pode dizer pra ele que eu
agora estou fora. Estou fora, está me ouvindo? Guarda, me leva daqui! Me leva
daqui! Não quero mais negócios com o Nego Cão! Me leva daqui!
***
Na sala escura, depois que o prisioneiro foi levado pelos guardas, o diretor
não estava nem um pouco animado.
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A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira
De TodoEsta obra não é de minha autoria apenas estou passando para o wattpad por causa de um negócio da escola, sem contar que aqui fica bem mais fácil de ler.