O detetive Andrade entrou no seu velho fusquinha. O diretor da
Penitenciária de Segurança Máxima estava esperando por ele. Era pela penitenciária
que ele devia iniciar as investigações. Andrade tinha certeza.
"Doutor Q.I. !", pensava ele. "Como eu vou descobrir onde se escondeu esse
bandido? Como é que ele pôde, de dentro da cadeia, organizar um plano mirabolante
como esse de seqüestrar o doutor Bartholomew Flanagan e roubar a Droga do Amor?
E como foi possível passar para a ação horas depois de fugir da cadeia? Ah, eu
preciso pôr as mãos em você, Doutor Q.I.! Antes que você possa fazer algum mal
aos meus meninos..."
Não tinha rodado nem cem metros quando o receptor do rádio do carro
chamou:
— Detetive Andrade... Central chamando detetive Andrade. . .
Pegou o fone e respondeu:
— Detetive Andrade na escuta...
Do outro lado, a voz estava excitada:
— Venha para a Central imediatamente, detetive Andrade!
— O que houve?
— Outro seqüestro, detetive Andrade. Dessa vez é um menino.
— Que menino?
— Ainda não sabemos o nome do garoto, detetive. Só sabemos o apelido.
— E qual é o raio do apelido do menino? Fale logo!
— Um apelido gozado, detetive. Dizem que o menino é chamado de
Chumbinho...
***
A casa estava cercada por cinco viaturas da polícia e por tiras de plástico
amarelo isolando a área. Policiais em uniforme tentavam afastar os curiosos e as
câmeras de tevê.
Uma bicicleta estava caída no gramado.
Andrade encostou o fusquinha e correu para a casa. Identificou-se para o
guarda da porta e entrou na sala.
A primeira pessoa que viu foi Magrí, sentada em uma poltrona, chorando,
desconsolada. Ao lado estava uma senhora estendendo-lhe um copo d'água. Os dois
policiais que haviam escoltado a menina e Chumbinho do aeroporto para casa
completavam o quadro, mostrando-se pouco à vontade.
— Magrí! O que aconteceu?
A menina jogou-se nos braços do detetive:
— Ah, Andrade! O Chumbinho! Dessa vez foi o Chumbinho!
Andrade, abraçando a menina e dando tapinhas paternais em suas costas,
falou irado para os policiais:
— Vocês! Eu não disse para entregarem os meninos em segurança! O que
vocês fizeram?
— Desculpe, detetive Andrade, nós...
Magrí afastou-se um pouco e encarou o detetive. Seu lindo rostinho estava
coberto de lágrimas.
— Não, Andrade. A culpa não é deles. Eles me levaram direitinho para casa,
e depois trouxeram Chumbinho. Eles não têm culpa de nada!
— E a senhora, quem é? — perguntou o detetive, voltando-se para a mulher
com o copo d'água. — É a mãe de Chumbinho?
— Não — respondeu a senhora. — Sou a governanta da casa. A mãe do
menino passou mal, desmaiou, e agora está lá em cima com o médico...
A paciência de Andrade estava cada vez menor:
— Então alguém pode me dizer, por favor, o que aconteceu por aqui?
— O menino chegou direitinho — continuou a governanta. — Tomou um
banho e depois saiu para dar uma volta de bicicleta. Quinze minutos depois, eu ouvi
a campainha. Vim atender, e não tinha ninguém na porta. Só encontrei o bilhete
junto da bicicleta caída no gramado...
— O bilhete? Que maldito bilhete é esse?
Um dos policiais estendeu um grande envelope plástico, onde estava
guardado um papel.
— Este bilhete, detetive...
Andrade pegou o envelope plástico. Dentro dele havia um papel amarelo
coberto por frases recortadas de jornais:
"Seu filho está em nosso poder. Não chamem a. polícia nem a imprensa do
contrário; ele nunca voltará com vida. Esperem contato telefônico".
No fim do bilhete, Andrade tremeu, ao ler estas iniciais: QI
— Maldição! O Doutor Q.I.!
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A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira
RandomEsta obra não é de minha autoria apenas estou passando para o wattpad por causa de um negócio da escola, sem contar que aqui fica bem mais fácil de ler.