5. GRUPO DE UM KARA SÓ

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Chumbinho não sabia o que fazer, depois daquela reunião desastrosa.

O fim dos Karas! Como ele iria admitir que o grupo dos Karas pudesse

dissolver-se?

Se Magrí não estivesse viajando...

Saiu do colégio, olhando para o chão, sem saber o que fazer.

***

Magrí já estava pronta para o treino quando bateram na porta do

apartamento.

"Não deve ser dona Iolanda", pensou a menina, pois a professora entrava em

seu quarto a qualquer hora, sem a menor cerimônia.

Era um boy do hotel, uniformizado, trazendo um telegrama sobre uma

bandejinha de prata.

"Aposto que é de papai...", pensou a menina, abrindo o envelope, depois de

dar uma gorjeta para o boy e fechar a porta.

***

O velho fusquinha de Andrade encostou na calçada e a voz amiga do

detetive despertou o menino das preocupações:

— Olá, Chumbinho! Tudo bem?

— Detetive Andrade!

Andrade... Aquele sim, era um amigo. O único adulto que sabia o valor dos

cinco Karas.

O detetive enxugava a careca com um lenço. Era sinal de preocupação,

Chumbinho sabia muito bem. Mas a expressão do detetive procurava demonstrar

tranqüilidade.

— Estava passando por aqui e resolvi ver como vão as coisas...

— As coisas? Que coisas?

— O pessoal... Como estão Miguel, Magrí, Calú e Crânio?

— Magrí está nos Estados Unidos, participando de um campeonato de

ginástica olímpica. Os outros... bom, os outros parece que ficaram malucos..

— Ficaram malucos? O que você quer dizer com isso?

— Nada, Andrade. Brincadeira...

O detetive fez uma pausa, sem saber como continuar. Chumbinho não

ajudou em nada. Olhava o amigo, com sua melhor expressão de ingenuidade.

— Mas está tudo bem mesmo?

Andrade que se revelasse. Porque, que havia alguma coisa no ar, isso havia.

— Está. Por que não haveria de estar?

— Nada, Chumbinho. Só estou perguntando... Não apareceu ninguém por

aqui?

— Sei lá. Quem deveria aparecer?

— Deveria? Ninguém deveria. Hum... Estou falando assim, de um modo

geral, porque vocês vivem se metendo em encrencas. Se alguma coisa estranha

acontecer, eu quero que vocês me façam saber imediatamente.

Os olhos de Chumbinho passaram por todo o interior do carro, em busca de

alguma pista que justificasse o estranho comportamento do amigo detetive. No

banco de trás, havia um grande envelope timbrado da Penitenciária Estadual de

A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira Onde histórias criam vida. Descubra agora