8. BRINCANDO COM A MORTE

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Para um caso grave como aquele, o Esquadrão Anti-seqüestro estava sob as

ordens da Polícia Federal. E todos estavam sob o comando do detetive Andrade,

nacionalmente famoso depois de tantos casos difíceis brilhantemente resolvidos,

como o da Droga da Obediência, da Máfia no Pantanal e do ressurgimento dos

neonazistas.

Quando o policial, trazendo os dois Karas, abriu a porta da sala da Polícia

Federal no Aeroporto de Cumbica, lá estava o detetive Andrade, andando de um

lado para o outro e enxugando com um lenço a careca suada, apesar da temperatura

perfeitamente climatizada. O famoso detetive voltou-se, surpreso:

— Magrí! Chumbinho! O que vocês estão fazendo aqui?

— Esses dois são as testemunhas que estavam com a mulher baleada —

informou o policial, ainda segurando os dois Karas sujos de sangue. — O senhor já

conhecia esses meninos?

— É claro que sim! Raios! Que mania vocês têm de se meter em tudo! O

que houve? Quanto sangue! Vocês estão feridos? O que é isso no tornozelo, Magrí?

Como um pai preocupado, abraçou Magrí e Chumbinho e ouviu

ansiosamente o relato do que os dois tinham presenciado.

— Mas por que será que os bandidos só atiraram nessa sua professora, dona

Iolanda?

— Não sei, Andrade — respondeu Magrí. — Vai ver foi porque ela gritou...

Os dois Karas sentaram-se e Magrí tratou de tirar as bandagens que

envolviam seu tornozelo, falsamente destroncado. Agora não havia mais

necessidade de fingir.

Andrade andava novamente a esmo, enxugando a careca.

— Eu não entendo! Por que haveriam de seqüestrar o doutor Bartholomew

Flanagan? Por que roubar as amostras da Droga do Amor? De que vale isso para

esses bandidos? No próximo avião, a Drug Enforcement pode enviar outra caixa

com novas amostras!

— Um momento, detetive...

Sentado em uma cadeira, já com um belo curativo na testa, quem falou, em

um português perfeito, com um leve sotaque, foi o americano ferido pela coronhada.

— Por favor, não estranhe que eu fale a sua língua. Sou Hector Morales,

presidente para a América Latina da Drug Enforcement Inc. Minha função exige que

eu domine perfeitamente o português e o espanhol. Sou americano, de origem

portoriquenha e...

— E o quê, doutor Morales? — Andrade estava impaciente. — Vamos

cortar as apresentações. Pode me dizer qual o lucro que esses bandidos esperam ter,

seqüestrando o doutor Bartholomew Flanagan e roubando as amostras da Droga do

Amor? O que eles querem? Pedir um resgate pelo cientista?

A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira Onde histórias criam vida. Descubra agora