13. COITADINHA! QUASE UMA CRIANÇA!

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As cores da manhã ainda procuravam firmar-se. No Parque do Ibirapuera, a

temperatura estava uma delícia.

Sob uma árvore, meio aglomeradas em um banco, cinco pessoas

conversavam, alheias aos praticantes madrugadores de cooper que de vez em quando

passavam bufando.

Andrade sentia-se incomodado, informando àqueles quatro adolescentes

uma série de detalhes do inquérito que deveria permanecer em sigilo. Mas, como

resistir aos seus meninos? E o detetive sabia que eles eram realmente especiais e que

corriam perigo de vida com o Doutor Q.I. à solta. Como não preveni-los?

Tirou do bolso o envelope que recebera do agente Patrick Lockwood. Magrí

abriu-o e folheou as fotos.

— É... é esse homem mesmo. Era ele que estava junto com o doutor

Morales, no avião. Foi ele que os bandidos levaram à força, no saguão do aeroporto.

— O criador da Droga do Amor! — admirou-se Calú.

Os Karas já tinham extraído tudo o que o detetive sabia. Tudo o que relatara

o diretor da Penitenciária de Segurança Máxima, tudo o que informara o doutor

Hector Morales e o nada que os investigadores sob o comando de Andrade tinham

conseguido no dia anterior.

— É preciso agora encantrar um ponto de partida — começou Crânio. —

Vamos pensar de novo em tudo e procurar a linha lógica. Ontem, no rádio, eu ouvi

um comentarista que era menos idiota do que a média. Ele apontou uma série de

perguntas sem respostas. Em primeiro lugar, por que o seqüestro de Chumbinho? O

que Chumbinho teria a ver com o doutor Bartholomew Flanagan? O que Chumbinho

teria a ver com a Droga do Amor?

Magrí levantou os braços, criticando o amigo:

— Ora, Crânio! Você está se esquecendo que quem está por trás de tudo é o

Doutor Q.I.? Quando ele soube que eu e Chumbinho estávamos no aeroporto e que

eu vim no mesmo avião que o cientista, resolveu tornar uma providência para nos

assustar...

— Humm... — fez Calú. — Não me parece muito lógico...

— É claro que é lógico! — insístiu a menina. — Ele quer vingar-se da

gente, não quer? Então vai pegar todos nós, um a um!

— Bem, isso é bastante lógico — concordou Andrade.

— Outro ponto que parece coincidência demais é o furto da bolsa da Magrí

— continuou Crânio. — Terá sido algum espertinho que se aproveitou da confusão?

Mas como pode um ladrãozínho agir enquanto está acontecendo um tiroteio?

— Ora, Crânio! — riu-se Andrade. — No aeroporto, ocorrem pequenos

furtos o tempo todo! Todos os dias há algumas ocorrências. Bagagens perdidas,

coisas assim...

A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira Onde histórias criam vida. Descubra agora