A noite já estava avançada e a sala da Central de Polícia cheia da fumaça
dos muitos cigarros consumidos na reunião.
Andrade não fumava. O que ele sentia, naquele momento, era a garganta e
os olhos ardentes da fumaça dos outros. E uma fome desesperada.
Um guarda saiu para buscar sanduíches. Três para Andrade e um para cada
participante da reunião: o doutor Hector Morales, o diretor da Penitenciária de
Segurança Máxima, dois homenzarrões altos e corpulentos e uma senhora magrinha
que estava lá como intérprete, já que os dois grandalhões não entendiam uma
palavra de português.
Os dois tinham chegado ao entardecer, e Andrade estranhou quando foi
apresentado a eles pelo cônsul dos Estados Unidos:
— Estes são nossos especialistas em seqüestros do Federal Bureau of
Investigation, o FBI, como o senhor sabe, detetive Andrade. Este é o agente Patrick
Lockwood...
— Parece nome de tira de seriado! — resmungou Andrade, sabendo que os
agentes não entendiam português.
— Ah, ah, boa piada, detetive Andrade! E este outro é o agente Iúri
Mikhailevich...
— Iúri o quê?! — perguntou o gordo detetive, já meio incomodado pela
interferência estrangeira na sua investigação. — Isso não é nome russo?
— Bem... quer dizer... — gaguejou o cônsul. — É que Iúri era da KGB, a
polícia secreta dos soviéticos. Mas, como a União Soviética não existe mais, ele veio
procurar emprego nos Estados Unidos. O pessoal da CIA, a nossa polícia secreta,
recomendou-o muito bem. Daí, resolvemos aproveitá-lo no FBI...
"Esses americanos são uns malucos!", pensou Andrade, no início da reunião.
— Até agora não conseguimos descobrir como o Doutor Q.I. fugiu da nossa
prisão — começou o diretor da Peninteciária de Segurança Máxima. — Ele não
deixou pista alguma. Não há portas arrombadas, não há grades cerradas, os
computadores que controlam as celas e as saídas estão intactos, ninguém parece ter
sequer se aproximado das cercas e das portas eletrificadas. Só o que sei é que o
homem não está mais lá dentro. Sumiu como um fantasma!
A mulher magrinha traduziu rapidamente para o inglês. O agente Patrick
Lockwood fez uma expressão forçadamente inteligente e balançou a cabeça.
— Well... that's our incumber one suspect...
Iúri Mikhailevich perguntou:
— Shtó?... Oh, izvinítie... Me sorry... lá nitchevó nhe partimáiu... Me not
underrrstand verry well...
O russo ainda não havia aprendido inglês direito, e a mulher magrinha teve
de repetir tudo, bem lentamente, até que Iúri Mikhailevich demonstrasse ter
entendido.
— Pelo jeito, a segurança da sua penitenciária não é tão máxima assim, não
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A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira
De TodoEsta obra não é de minha autoria apenas estou passando para o wattpad por causa de um negócio da escola, sem contar que aqui fica bem mais fácil de ler.