Eram oito horas da manhã quando Miguel levantou-se da mesa do café.
O ano terminava, mas o rapaz não queria descanso. Tinha de manter-se
ocupado, preparando a nova vida que, a partir de agora, estava decidido a levar.
Inscrevera-se como monitor de uma colônia de férias para crianças e, naquela
manhã, aprontava-se para uma reunião em que os monitores receberiam treinamento
para a primeira temporada.
Sobre a mesa, passou os olhos pelas manchetes do jornal.
A DROGA DO AMOR VEM AO BRASIL
Dava orgulho: o Brasil tinha sido escolhido para sediar a parte final do mais
importante projeto científico do mundo. Conhecido laboratório multinacional estava
às vésperas de descobrir a cura para a praga do século. O soro já demonstrara ser
cem por cento eficiente nos testes in vitro e já fora testado em seres humanos sadios
para que se verificasse se apresentava algum grau de intolerância no organismo
humano. Tudo estava perfeito. O próximo passo seria o experimento com seres
humanos infectados. Dos inúmeros países que tinham apresentado grupos de
pacientes terminais voluntários para a experimentação, o escolhido tinha sido o
Brasil. O chefe da equípe de cientistas desembarcaria brevemente em São Paulo.
A cura para a praga do século era a melhor notícia que o mundo poderia
esperar. O Brasil estava nas manchetes e um jornalista criativo inventara o apelido
"Droga do Amor" para o soro experimental, porque, se desse certo, aquela droga
libertaria realmente o amor da morte.
"Droga do Amor! Amor tem a ver com vida, não pode trazer a morte
junto...", pensou o rapaz. "Que nome bem achado!" Lembrou-se destas palavras do
seu professor de biologia: "Amor é vida, não é morte! Amor produz vida, traz a
felícídade, move o mundo, não pode destruí-lo!"
Empolgado, esperançoso, ele contara aos alunos que muitas doenças que
vitimavam os amantes no passado já tinham sido vencidas pela ciêncía e que essa
também seria derrotada.
Mas, ao entrar no chuveiro, o fim da praga do século não ocupava mais os
pensamentos do ex-líder dos Karas. Como um pesadelo do qual o rapazinho não
conseguia desfazer-se, veio-lhe à lembrança a últíma reunião dos Karas e a dolorida
lembrança de Magrí.
"Ah, Magrí, Magrí, Magrí... Como eu vou conseguir viver sem você ao meu
lado? Você está em Nova Iorque... Quando voltar, será que vai compreender o que
eu fiz? Vai entender por que eu fiz o que fiz?"
Ele tivera de agir antes que Magrí voltasse. Viver perto de Magrí, sem ter
Magrí, para ele seria o fim. E ele sabia que o mesmo acontecía com Crânio, o
mesmo acontecia com Calú.
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A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira
CasualeEsta obra não é de minha autoria apenas estou passando para o wattpad por causa de um negócio da escola, sem contar que aqui fica bem mais fácil de ler.