20. A VEZ DE MAGRÍ

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Sentado no sofá da diretoria da penitenciária, enxugando a boca com o

lenço, o detetive Andrade estava pálido. O susto fora de amargar!

A intérprete, de olhos vermelhos, tinha se acalmado um pouco, depois de

tomar água com açúcar.

O agente Patrick Lockwood, enquanto Hector Morales traduzia para ele a

causa de todo o tumulto, balançava a cabeça e repetia:

— My God! My God! It's awfull...

Somente o russo não parecia chocado. Só tinha entendido um pouquinho

daquela história toda. E esse pouquinho não era suficiente para que ele entendesse

por que todo mundo estava tão fora de si.

Hector Morales perdera o ar de segurança absoluta. Até seus cabelos não

estavam mais irrepreensivelmente penteados, de tanto que ele passava a mão por

eles, chocado com o plano macabro do Doutor Q.I.

— Que horror! O velho foi comido pelos prisioneiros!

— Demônio! — praguejava Andrade. — O Doutor Q.I. é o demônio! Nunca

na minha vida de policial ouvi falar em uma barbaridade como essa!

Miguel concordou:

— Só mesmo uma mente doentia como a do Doutor Q.I. poderia pedir

resgate pela Droga do Amor. Somente um homem cruel como ele poderia querer

ganhar um bilhão de dólares especulando com a vida de milhões de seres humanos

que agonizam em todo o mundo, vitimados pela praga do século!

— Até parece impossível que ele possa ter liderado esse plano todo daqui de

dentro, da penitenciária mais fechada do país! — observou Calú. — Só mesmo um

criminoso com a inteligência maligna dele poderia encontrar um meio de dirigir,

daqui de dentro, uma operação como essa!

Miguel não era de deixar que aquele choque perturbasse sua capacidade de

ação:

— Pessoal, não temos tempo a perder. Talvez a vida do doutor

Bartholomew Flanagan não corra perigo imediato, pois os bandidos esperam ganhar

dinheiro com ele. Mas, para que precisam manter dona Iolanda viva? Para que

manter vivo o Chumbinho? O tempo está contra nós!

As palavras de Miguel despertaram Andrade:

— Muito bem, precisamos fazer com que esse monstro confesse onde estão

o doutor Bartholomew Flanagan, dona Iolanda Negri, Chumbinho e as amostras da

Droga do Amor. Senhor diretor, peço que traga o Doutor Q.I., agora, para a sala de

interrogatório. Cada minuto é precioso, daqui para a frente!

***

O Doutor Q.I. entrou algemado na mesma sala onde fora desmascarado por

Crânio. Parecia já estar refeito. Vestia um uniforme limpo e em seu rosto não havia

mais sinais da máscara plástica. Tinha recuperado a frieza e a autoconfiança.

A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira Onde histórias criam vida. Descubra agora