Sentado no sofá da diretoria da penitenciária, enxugando a boca com o
lenço, o detetive Andrade estava pálido. O susto fora de amargar!
A intérprete, de olhos vermelhos, tinha se acalmado um pouco, depois de
tomar água com açúcar.
O agente Patrick Lockwood, enquanto Hector Morales traduzia para ele a
causa de todo o tumulto, balançava a cabeça e repetia:
— My God! My God! It's awfull...
Somente o russo não parecia chocado. Só tinha entendido um pouquinho
daquela história toda. E esse pouquinho não era suficiente para que ele entendesse
por que todo mundo estava tão fora de si.
Hector Morales perdera o ar de segurança absoluta. Até seus cabelos não
estavam mais irrepreensivelmente penteados, de tanto que ele passava a mão por
eles, chocado com o plano macabro do Doutor Q.I.
— Que horror! O velho foi comido pelos prisioneiros!
— Demônio! — praguejava Andrade. — O Doutor Q.I. é o demônio! Nunca
na minha vida de policial ouvi falar em uma barbaridade como essa!
Miguel concordou:
— Só mesmo uma mente doentia como a do Doutor Q.I. poderia pedir
resgate pela Droga do Amor. Somente um homem cruel como ele poderia querer
ganhar um bilhão de dólares especulando com a vida de milhões de seres humanos
que agonizam em todo o mundo, vitimados pela praga do século!
— Até parece impossível que ele possa ter liderado esse plano todo daqui de
dentro, da penitenciária mais fechada do país! — observou Calú. — Só mesmo um
criminoso com a inteligência maligna dele poderia encontrar um meio de dirigir,
daqui de dentro, uma operação como essa!
Miguel não era de deixar que aquele choque perturbasse sua capacidade de
ação:
— Pessoal, não temos tempo a perder. Talvez a vida do doutor
Bartholomew Flanagan não corra perigo imediato, pois os bandidos esperam ganhar
dinheiro com ele. Mas, para que precisam manter dona Iolanda viva? Para que
manter vivo o Chumbinho? O tempo está contra nós!
As palavras de Miguel despertaram Andrade:
— Muito bem, precisamos fazer com que esse monstro confesse onde estão
o doutor Bartholomew Flanagan, dona Iolanda Negri, Chumbinho e as amostras da
Droga do Amor. Senhor diretor, peço que traga o Doutor Q.I., agora, para a sala de
interrogatório. Cada minuto é precioso, daqui para a frente!
***
O Doutor Q.I. entrou algemado na mesma sala onde fora desmascarado por
Crânio. Parecia já estar refeito. Vestia um uniforme limpo e em seu rosto não havia
mais sinais da máscara plástica. Tinha recuperado a frieza e a autoconfiança.
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A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira
RastgeleEsta obra não é de minha autoria apenas estou passando para o wattpad por causa de um negócio da escola, sem contar que aqui fica bem mais fácil de ler.