Magrí entrou como um gato pela janela do quarto.
Aos poucos, enquanto seus olhos acostumavam-se com a diferença de
iluminação, a menina foi percebendo a cama a sua frente. E o vulto adormecido.
Aproximou-se. Lá estava dona Iolanda.
A menina examinou superficialmente o corpo da professora. Abaixo da
axila esquerda, perto do seio, um curativo grande.
Não havia nenhum aparelho a que a professora estivesse ligada. Nem
monitores para o coração, nem respiradores artificiais, nada. Apenas um tubo estava
espetado na veia do braço, pingando gota a gota o líquido de um frasco pendurado
em um suporte ao lado da cama.
"Não parece tão grave, esse ferimento... Como é que ela pode estar em
coma? O que é isso? Aqui tem alguma coisa muito estranha... Não preciso ser
médica para saber que estar em coma não é isso .."
Desprendeu com cuidado um lado do esparadrapo e levantou uma ponta do
curativo.
Ali estava. Um corte meio fundo, lateral. A bala não tinha penetrado no
corpo da professora.
"Que história de coma é essa? Ah, preciso agir!"
Era um risco grande, mas a intuição e a inteligência da menina diziam-lhe
que se alguma coisa estava errada com dona Iolanda, só poderia ser o que vinha
daquele frasco e pingava-lhe na veia.
Suspirou, respirou fundo e decidiu-se.
"Uma decisão grave. Tenho de tomá-la. Vou tomá-la!" Olhou em volta.
Sobre uma mesinha de serviço, havia vários frascos. Em um deles, estava escrito
"soro fisiológico".
"Um soro inofensivo. Igual aos líquidos naturais do corpo humano. É disso
que eu preciso!"
Magrï retirou do suporte o frasco que estava dependurado, com o maior
cuidado. Despejou o conteúdo na pia. Lavou-o muito bem e reencheu-o com o soro
fisiológico.
Pronto. Tinha sido ousada demais. Mas Magrí era um Kara. Sentou-se ao
lado da professora e tomou-lhe a mão.
Dona Iólanda respirava bem, calmamente. O tempo passava, parecia uma
eternidade.
Até que a adormecida suspirou. Mexeu-se um pouco. Balançou a cabeça.
Era isso. Magrí estava certa. Era aquele líquido que fazia com que ela
ficasse adormecida. Um coma induzido!
"Mais um crime..."
Magrí colou a boca ao ouvido de dona Iolanda:
— Dona Iolanda, sou eu, Magrí.
Com um fio de voz, a professora falou:
— Magrí...
— Fique quieta, dona Iolanda. Por favor, fique quieta. Você está rne
entendendo?
— ... sim...
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A DROGA DO AMOR - Pedro Bandeira
DiversosEsta obra não é de minha autoria apenas estou passando para o wattpad por causa de um negócio da escola, sem contar que aqui fica bem mais fácil de ler.