O tempo muda as pessoas

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Um frio percorre minha espinha ao me virar

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Um frio percorre minha espinha ao me virar. Finn estava olhando para mim, confuso, vestindo um calção de banho e uma camiseta amassada, o cabelo todo desgrenhado acompanhado de Caleb e Sadie.

- Posso saber porquê está aqui? Por que me deixou sem dar nenhum maldito aviso ou pelo menos deixar um bilhete?! Posso saber porquê está indo para a Europa sozinha, quando combinamos que iriamos juntos há poucas horas? – ele disse num tom tão gélido que me arrepiei.

Eu nunca tinha visto ele tão frio na minha vida. Talvez eu estivesse fazendo a escolha certa dessa vez. Ele precisava seguir a vida que ele merecia. Sem minha interferência.

- Simples. Porque quero ir sozinha. – eu falei e vi a surpresa nos olhos de meus amigos.

- Como?! – o cacheado está cada vez mais confuso.

- Primeira chamada para o voo 180 com destino a Europa, por favor se dirigir ao terminal 7, primeira chamada para o voo 180 com destino a Europa, por favor se dirigir ao terminal 7 – a moça do interfone diz.

- Tenho que ir – eu digo.

Finn se aproxima de mim rapidamente e me segura pela cintura.

- Eu só quero entender. Por que? – ele pergunta olhando fundo nos meus olhos.

- Eu... eu não te amo, Finn. Desculpa te falar aqui, mas não posso. – eu disse e sai o mais rapido que pude com minhas malas, deixando-o estupefato.

Meu pai me acompanhou.

- É isso mesmo que você quer? – meu pai pergunta pela ultima vez.

Dou-lhe um abraço forte.

- Obrigada, pai. Sei que não fui o tipo de filha que se orgulha. – eu disse baixinho.

- Está brincando? Você fazia todos os caras morrerem de medo de você no colégio. Esse é um motivo muito válido para um pai ter orgulho da filha. – ele ri e me aperta – Assim que puder, eu irei te encontrar. – ele me deu um cartão de credito e o cartão do hotel com vários números de emergência.

- Não se preocupe, pai. Eu sei me cuidar. – eu disse para ele.

- Eu sei. – ele sorriu – Boa viagem e cuidado com os marmanjos por ai.

- Tomarei.

O voo foi tranquilo, dormi a maior parte do tempo e a outra eu chorei pensando em Finn e que eu nunca mais poderei beija-lo ou abraça-lo. Ao chegar, eu peguei um taxi e segui direto para o hotel que meu pai indicou. Assim que fiz minha ficha tive que ligar para o meu pai, além de entregar minha autorização. Depois de toda a burocracia, pude subir para o meu quarto e tomar um banho quente relaxante.

No dia seguinte liguei para Dacre e pedi o endereço da Universidade. Ele ficou surpreso com minha vinda antecipada para a Europa, mas mesmo assim ficou feliz em me dizer o endereço e informar que qualquer coisa que eu precisasse eu poderia informa-lo.

A Universidade de Londres me recebeu de braços abertos além de elogiar minhas notas e meu desempenho escolar. Eu tive uma ótima experiência com Louis, um estagiário em Jornalismo. Ele era um cara bastante legal, 22 anos e tinha acabado de se formar na área. Ele me ensinou muita coisa, além de me dar várias dicas das matérias que eu pegaria.

Depois de quase uma semana, meu pai chegou ao hotel dizendo que não veio mais cedo por causa do trabalho. Ele alugou um apartamento para nós e disse que Finn estava péssimo, não saia mais de casa, nem queria falar com ninguém. Isso partiu meu coração. Eu não imaginava que ele iria ficar dessa maneira.

Tentei ligar para Sadie para ter noticias dele, mas ela nunca atendia o celular e nunca estava em casa. Comecei a achar que ela estava me evitando propósito. E isso me deixou pior do que já estava.

- Ela deve estar ocupada, só isso. – meu pai falou enquanto eu andava de um lado para o outro da sala do apartamento.

- Não, eu sei que ela está me evitando. – eu disse irritada – Afinal, ela tem razão em estar brava comigo. Eu não disse nem adeus para ela.

- Eu não sei o que aconteceu para você vir tão depressa, e nem vou te obrigar a falar, mas Sadie merece um pedido de desculpas, pelo menos.

- Mas não consigo falar com ela.

- Deixe um recado, então. – ele diz voltando a ler o jornal.

Deixei um recado rápido dizendo que eu precisava falar com ela urgente para me explicar quando a companhia toca.

Atendo. Louis entra e cumprimenta meu pai, muito a vontade por sinal. Ele e meu pai haviam ficado muito amigos nesses dias.

- Hoje nada de ficarmos enfiados em livros.

- E o que vamos fazer? – pergunto desconfiada percebendo que ele estava com sua câmera fotográfica, seu hobby.

- Vamos passear pela cidade. Te apresentar os pontos turísticos. – ele diz sorrindo.

- E essa câmera? – pergunto e ele aponta para mim e clicando.

- Dã!!! – ele diz e me puxa enquanto eu dou um tchau para o meu pai e fecho a porta.

Andamos muito. Fomos ao museu, praças, pontos turísticos, bibliotecas, lojas de disco, padarias e paramos num parque para descansar. O dia foi maravilho, paramos perto de um lago, Louis puxava assunto, mas ao ver a água me lembrei do dia na praia com Finn, foi tudo tão perfeito, por que tinha que acabar? O pior é que eu não podia fazer nada, antes ele com raiva de mim do que do pai. Namorada ele pode achar outra agora um pai que voltou da morte não. Sei como foi difícil para ele tentar se acostumar com o velho ressuscitado, não queria estragar isso. E o senhor Wolfhard tinha razão, eu estava sendo egoísta, Finn tem que seguir a vida dele sem mim.

Saio dos meus pensamentos com Louis estralando os dedos na minha cara.

- Ei, Millie, ta ai ainda? – ele me pergunta fazendo uma caretinha.

- Estou, só estava um pouco distante...

- E então? Quando você vai me falar dele?

- Hm, o que? – pergunto sem entender.

- Do cara que você está fugindo. – ele diz e me para antes de dar tempo eu falar. – Olha, eu sou um jornalista, esqueceu? Eu meio que farejo essas coisas, então, tipo, desembucha. Quem é ele?

Respiro fundo e conto a ele desde o começo sobre Finn, sobre nossas brigas e sobre nossa relação. Falei também sobre o babaca do pai dele e todas as coisas que ele falou.

- Eu acho que você devia falar com Finn sobre o pai dele. – Louis diz.

- Eu não vou fazer isso. Ele acabou de voltar, não vou destruir a imagem que Finn tem do pai dele. Não agora que eles estão se entendendo.

- Às vezes, o tempo muda as pessoas. – ele me diz e para isso eu não tenho resposta.

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