Prólogo

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~L~

Fechou o Profeta Diário com certa violência, dobrando-o em dois.

Era a décima quinta vez em três meses que a notícia principal era o ataque e morte de trouxas, nascidos trouxas ou famílias que os defendem. Sim, ela estava contando.

Entre tantos problemas "trouxas" em sua vida, Lily Evans fazia questão de ler tudo do Profeta Diário enquanto estava em Cokeworth durante o verão. Todas as manhãs, ela se levantava e esperava pela coruja na janela da cozinha e se sentava, sozinha, tomando seu café e comendo suas panquecas.

Alguns dias, ela simplesmente não conseguia comer com o que lia.

Mortes e mais mortes. Famílias e mais famílias sendo dizimadas, sem compaixão e sem chance de se proteger.

Voldemort crescia cada vez mais e seus ataques ficavam cada vez maiores, vistos, bem planejados e com mais vítimas a cada vez. Seus seguidores aumentavam a cada dia, seja por todo o Reino Unido, como pela Europa.

Assim como em Hogwarts.

- O que quer dizer "MC"? - Uma das garotas sussurrou.

A ruiva dividia um vagão do trem com três primeiranistas. Chegara tão cedo na plataforma, não encontrando nenhum de seus amigos ou conhecidos, então sentou-se em uma cabine qualquer, sem querer esperar por ninguém ou sair caçando por eles. No final, as três garotas perguntaram se podiam se juntar a ela, e Lily abriu um sorriso e deu espaço.

Não precisaria falar com ninguém e nem se socializar, então ficou mais do que agradecida por aquilo.

- Pelo o que lembro do meu irmão dizendo, significa Monitora-Chefe. Quer dizer que ela é do sétimo ano e que pode tirar pontos das casas, nos dar detenção, fazer rondas e muitas outras coisas. - A outra garota explicou. - Os monitores também podem fazer isso, mas o "Monitor-chefe" é...bem...o chefe deles. Eles são monitores em dobro, podemos dizer assim.

- Ah!

Lily riu com o rosto ainda virado para a janela, assistindo a paisagem verde ficando para trás. Seu riso foi morrendo aos poucos enquanto os pensamentos voltavam. As temperaturas ainda estavam altas para aquele quase fim de verão, apenas para não fazê-la esquecer das piores férias de verão da sua vida.

Além de tudo o que acontecia no mundo bruxo, mas que também afetava o mundo trouxa, havia sido a primeira vez que voltara para casa após a morte de seus pais. Conseguia se lembrar, como se fosse ontem, quando saiu do táxi com o seu malão e encarou a casa dos Evans.

Vazia.

Petúnia já não morava mais lá, tendo se mudado para Londres para começar um curso de digitação, o que lhe rendeu um trabalho fixo em um escritório e um namorado que trabalhava com ela, Vernon Dursley. Lily, a irmã mais nova, teve que ficar responsável em conversar com o advogado, lidar com o fato de colocar a casa à venda, já que não podia mantê-la e fazer a visita com os possíveis compradores.

Um mês nessas condições, indo para a cama chorando todas as noites e tendo que fazer compressas geladas todas as manhãs para desinchar o rosto, ela resolveu ligar para Petúnia e pedir por sua ajuda. Pedir por sua irmã.

Pedir pela única família que lhe restava.

-Você tem que respeitar o meu luto, Lily. Eu não vou voltar para essa casa depois de tudo o que aconteceu. Venda a casa, eu assino o que tiver que assinar e dividiremos o dinheiro. Não me ligue mais, Vernon pode estar aqui na próxima vez.

Não podia culpar sua irmã por não querer comparecer, mas não conseguia entender como Petúnia podia dar as costas para ela, ainda que odiasse a sua condição...elas ainda eram irmãs.

Duelling - JilyOnde histórias criam vida. Descubra agora