UM DIA PARA SE ESQUECER por JFP

2.3K 112 490
                                    

Aulas de Poções eram sempre uma alegria para Lily. De verdade.

O fato de você criar coisas tão poderosas com suas próprias mãos, de poder salvar a vida de alguém ou tirá-la com uma simples mistura de ingredientes, era tão excitante. Não a parte de matar alguém, claro. Ela estava pensando no fato de ter um conhecimento extenso e poder criar uma fórmula que poderia mudar a vida de uma pessoa.

Era tão estimulante, que não entendia como as pessoas não gostavam daquilo.

Porém hoje, naquele fim de tarde e como sua última aula do dia, Poções estava um tédio mortal. Não sabia quantos roncos diferentes podia ouvir pela sala. Em pleno sétimo ano, eles abandonaram os balcões de preparação, voltando para suas mesas e cadeiras e encaravam o quadro cheio de blablablas sobre segurança. Aparentemente, Dumbledore estava tomando alguns cuidados após uma explosão nada leve no começo da semana com alguns quartanistas, então todos estavam tendo aquela belíssima e excelentíssima aula de cuidados, coisa que já haviam feito anos atrás.

Seu pergaminho estava em branco. Não tinha nada de interessante para anotar e quase não ouvia a voz de Slughorn na frente da sala. Marlene, ao seu lado, havia tirado um cochilo, mas após quase bater a cabeça na mesa, decidiu ficar acordada e fazer círculos e mais círculos em seu próprio pergaminho. A ruiva respirou fundo e bateu com a pena na mesa, desejando poder fazer algum barulho com a pluma apenas para irritar alguém. Os olhos verdes focavam no quadro, mas nada fazia sentido, já que não prestava atenção.

Mas algo mais chamou sua atenção e ela abaixou a cabeça para o seu pergaminho. Podia jurar que tinha visto uma espécie de brilho vindo do mesmo. Iria levantar o olhar novamente, quando viu algo se mexer.

- O que...?

Marlene se virou para ela, a ponto de perguntar se a amiga havia dito algo, mas os olhos azuis também focaram no pergaminho de Lily.

- Isso é um cervo? - Perguntou Marlene.

Um cervo desenhado entrou timidamente, com o seu altivo andar e as duas assistiam enquanto ele passeava por alguns centímetros antes de parar e se virar, como se olhassem para elas. O cervo abaixou a cabeça, em uma espécie de cumprimento, e depois começou a correr pelo papel como se estivesse na floresta. De repente, ele parou e olhou por onde havia entrado, como se houvesse alguma porta ali.

- Como você fez isso, Lilykins?

- Eu não estou fazendo nada.

Sem nenhum aviso, um cachorro também apareceu, correndo como um louco e indo até o cervo. Ele pareceu latir, ainda que não tivesse nenhum som, e o cervo levantou a pata e bateu no chão, parecendo discutir com o cachorro. Este último apenas pulou no lugar, feliz, e voltou a correr.

Lily pegou sua pena de volta e a molhou na tinta. Na frente do cachorro, ela começou a criar uma linha e o cachorro a seguiu com o focinho. A linha começou a subir e o cachorro a seguia com o rabo balançando. Pelo canto de olho, Lily viu quando Marlene molhou a própria pena e começou a interagir com o cervo: ela desenhou algumas guirlandas em seus chifres e, com surpresa, ele balançou a cabeça, fazendo as guirlandas balançarem como se tivessem ganhado vida também.

- Eu estou adorando isso! - Marlene molhou a pena novamente e pegou o fim da linha que Lily estava brincando com o cachorro e começou a puxá-la para baixo. Ele seguiu assim como fez com Lily. O cervo parecia ver o que ela fazia e começou a se mexer, mas já era tarde demais: a linha parou logo em seu lombo e o cachorro pulou em cima do cervo. Ele tentou dar uma guinada e tirar o cachorro de cima, mas não adiantou. Levando a cabeça para trás, tentou morder o cachorro, mas este apenas desviou de seu ataque.

Duelling - JilyOnde histórias criam vida. Descubra agora