Cap 1- O começo

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POV Hannah

Semideuses. Se acham heróis. Que ridículo! Se não fosse por nós, eles já teriam morrido há muito tempo. "Quem você pensa que é pra falar assim?" vocês devem estar se perguntando. Eu sou uma guardiã. Uma guardiã do olimpo. E essa história não vai falar de como os semideuses são perfeitos, ou de como eles derrotaram um grande ser do mal. Não. A história vai finalmente falar de nós, que sempre ficamos nas sombras. Ninguém nos conhece. Ninguém sabe da nossa existência. Mas isso vai mudar. Meu nome é Hannah, tenho 16 anos e essa é a minha história.

...

Estávamos em um deserto, nos aproximando furtivamente de uma base entre as dunas. Fomos chegando cada vez mais perto, contando com a noite para nos manter escondidos. Odiava desertos. Me sentia fraca neles. Também meu pai sendo quem é, isso não era surpresa nenhuma.

Ah, desculpa. Esqueci de me apresentar. Eu sou Hannah Winters, tenho dezesseis anos, sou morena com olhos verde escuro e sou filha de Hera e Poseidon com a benção de Pã. Muita coisa, eu sei. Eu estava em uma missão de espionagem e coleta de dados com meus amigos, Maia e Jacob. Maia White é uma filha de Hécate com a benção de Hades, com cabelos negros com mechas coloridas, hoje verdes, e olhos roxos. E Jacob Brown é um filho de Hefesto com a bênção de, surpreendentemente, Ártemis. Ele tem cabelos castanho-avermelhados e olhos castanhos. Nós fazemos parte do grupo dos Guardiões do Olimpo. Como vocês talvez já tenham percebido, somos muito poderosos. Todo guardião tem, no mínimo, dois deuses patronos, podendo ser por parentesco ou benção. Sim, semideuses também podem ter bênçãos, mas com a gente é muito mais forte e permanente. Quase como se fossemos filhos dos deuses. Então tecnicamente nós somos deuses, certo? Errado! Os deuses decidiram que não podiam existir tantos deuses assim, então eles nos tornaram mortais, com uma "eterna dívida" com os mesmos por terem poupado a nossa vida. Então tínhamos que passar o resto das nossas vidas realizando trabalhos pros deuses, e isso inclui ficar de babá dos seus filhinhos queridos. Os guardiões tinham uma rixa gigante com os semideuses, é tipo aquele negócio de enfermeiro e médico, sabe? Enfim. Os guardiões também podiam ter alguns patronos improváveis. Como eu. Minha mãe, deusa do casamento, traiu o marido Zeus com o irmão e digamos que o deus dos deuses não ficou muito feliz. Então pode enxergar a nossa vida e trabalho como uma punição por termos nascido e/ou termos as bênçãos que temos. A típica justiça olimpiana. Pra completar ainda tínhamos que nos esconder, então nenhum ser sabia da nossa existência.

Continuando, finalmente chegamos na cerca que circundava o local. Estava doida pra entrar de vez e acabar logo com aquilo. Já me aproximava e ia me preparando para pular. Mas como sempre, o Jacob tinha que dar uma de sensato e me interromper.

- Espera!- exclamou.- Tem certeza que quer fazer isso desse jeito?

- Tenho, algum problema senhor das ideias magníficas?- respondi irritada.

- Na verdade... acho que seria melhor se a gente fizesse um plano antes de invadir.

- Certo que seja, vamos logo com isso.

- Eu vou me aproximar das janelas pra tentar enxergar. Sou melhor em "desaparecer" se é que me entendem. -disse Maia. Sua voz era leve e gostosa de ouvir. Ela podia facilmente se passar por uma criança, mesmo que tivesse a minha idade.

- Eu vou tentar escutar as conversas dos trabalhadores aqui fora. -falou Jacob.

- Então sobrou pra mim invadir.- completei.- Nos encontramos aqui em quinze minutos, ok?

Eles assentiram e pulei a cerca. Fui me aproximando cada vez mais da porta. O lugar era algum tipo de armazém. A única coisa que tínhamos que fazer era pegar informações sobre o que eles faziam e voltar pra base. Me escondi de alguns monstros que entravam e fui atrás deles. Me choquei com o que vi.

Armas. Milhares delas. O suficiente para um exército inteiro. Eles planejavam alguma coisa. Algo grande. Fui até a sala de controle e pus um chip que Jacob tinha me dado. Ele começou a copiar as informações do computador enquanto eu me escondia. Então ouvi passos. Rapidamente retirei o chip e sai da sala. Meu trabalho estava feito.

Enquanto saia, vi alguns caminhões de carga estacionados. Provavelmente eles iam usar pra transportar as armas. Quando íamos em missões, ganhamos rastreadores para o caso de algum sequestro/desaparecimento. Sem pensar duas vezes, peguei o meu rastreador e coloquei em um dos caminhões. Ia nos dar vantagem. Tinha acabado de pular a cerca de volta quando ouvi uma voz conhecida vindo de trás de mim.

- Que feio, espionando a base dos outros.- me virei e tive que me segurar pra controlar a raiva.

- Sybilla. O que você quer?- perguntei mais seca que o deserto onde estávamos.

- O de sempre. Vingança, a queda dos deuses. E te matar é claro.- respondeu minha inimiga. Sybilla é uma oniah, como se fosse uma deusa, eles são um tipo de espírito que representa algo. No caso dela, cobras, escorpiões e aranhas. Que por acaso eram os únicos animais com os quais eu não me dava bem. Ela tinha longos cabelos lisos negros como petróleo, pele pálida e olhos pretos brilhantes como carapaças de insetos.

- Achei que depois da última vez você iria desistir. Quer ficar mais dois meses presa no fundo do oceano?- falei irônica. Ela rosnou de raiva. Depois olhou pra mim com um sorriso presunçoso e disse:

- Boa tentativa, mas estamos em um deserto. Sem água, sem plantas, sem animais. Você está no meu território agora. E garanto que não vai ter tanta sorte quanto da última vez.

Dito isso, ela avançou pra cima de mim. Ela usava uma lança envenenada na ponta e eu saquei minhas espadas. Elas eram de uma mistura de vários metais, então tinham uma cor prateada. Cabo de couro preto e lâmina de 45cm de comprimento. A luta se resumiu a ataques, defesas e contra-ataques. Mas eu estava mais fraca que de costume, então lentamente ela conseguiu ganhar vantagem.

- Hannah!- exclamou Maia. Olhei na direção da voz e vi ela correndo na minha direção com Jacob logo atrás. Consegui dar uma rasteira na Sybilla antes que ela os notasse. Me virei pra conversarmos, enquanto Jacob gritava:

- Cuidado!- não consegui entender a que ele se referia, mas pouco depois senti uma pontada de dor nas minhas costas. Meus joelhos fraquejaram e caí no chão, com a minha vista ficando escura. Veneno pensei antes de apagar completamente.

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