《2.2》

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Pov's Narradora

Dentro da sala de julgamento estava o maior alvoroço, o pessoal desejava pena de morte para Clara, já outros religiosos exigiam a inocência da mesma, pois diziam que ela estava apenas defendendo a palavra de Deus. A juíza finalmente chegou ao recinto e de fato, ali parecia uma feira livre.

- Ordem. - Ela pediu e não foi ouvida. - Odem, ou terei que colocar todos para fora e ter um julgamento fechado?! - Naquele minuto, todos sentaram e ficaram sem graças devida a tamanha bronca que levaram. - Bom, estamos aqui hoje para julgar o caso da réu Clara Jauregui Morgado, acusada pelo assassinato de Louis Tomlison, tentativa de assassinato de Michael Jauregui, seu marido, e por subornar uma equipe médica para manter sua unica filha, Lauren Jauregui sob tortura, acusada também pelo rapto do neto, Noah Jauregui. - Eram tantos os crimes, que o juri ficou estarrecido. - Que entre a réu. - A juíza ordeneu e Clara foi conduzida por três guardas bem armados. Dla se sentou ao lado do advogado dela, todos a olhavam com repulsa. O advogado de acusação falou, agora era a vez do de defesa, Clara já sabia que não sairia dali livre e que talvez nem saísse dali com vida. Em seu último lampejo de decência, ela se coloca de pé.

- Excelência, eu abro mão da minha defesa...

- Clara, você está louca? - Ela ignorou o advogado.

- Excelência, eu só quero falar. - A juíza deu sinal, Clara se dirigiu ao local correto, se sentou e os dois advogados sentaram. - Sei que todos me vêem como um monstro, talvez eu seja mesmo, não vim sentar aqui para falar que sou inocente, porque sou culpada por esses crimes e por mais um, um crime de omissão. As coisas começaram quando eu tinha nove anos, meus pais eram muito religiosos, seguiam a bíblia como um manual da vida, logo cedo notaram que eu era diferente, fora do padrão normal da sociedade daquela época, e do povo da igreja. Eu gostava de brincar com coisas de meninos, eu sempre sonhava em ser o príncipe que salva a princesa, e eles descobriram isso. Pegaram meu diário e me levaram para o pastor da nossa igreja, o bispo Henry, o homen caridoso, sensato, e correto da comunidade. Lembro dele segurar meu braço com força, depois apertar meu ombro e dizer que iria me curar, eu era só uma criança, achei que me dariam remedios, injeções, mas meus pais me entregaram nas mãos do Henry. Ele me levou para a casa dele, na época ele morava sozinho, eu comecei a ser abusada e espancada por ele todas as noites. Foi assim até eu completar treze anos e ter passado por quatro abortos. Nessa época a filha dele foi morar com ele, Henry a tratava como uma princesa, ela era linda, o nome dela era Piper. - Nessa hora ela já chorava. - Ela era perfeita, um dia após ele me espancar, ela chegou mais cedo e me viu jogada em um canto, ela me ajudou, cuidou de mim, sempre era assim. Com dezesseis anos nos apaixonamos, estávamos combinando fugir e ele nos encontrou, me bateu até que eu não conseguisse andar. Ele a matou na minha frente, estrangulou ela e a jogou em meus pés. Falou que jamais teria filha perdida, ele foi julgado mas meus pais voltaram, me fizeram mentir e ele foi inocentado, legítima defesa. Eu fui criada escondendo o que a igreja achava que tinha que ser escondido e condenando quem fui ensinada a condenar. Não que isso me faça mais culpada ou menos culpada, eu acreditava que era doente, me casei sem amar Michael e quando ele confiou em mim e me contou que gostava de homens, eu surtei, pois já havíamos internado Lauren por gostar de mulheres. Eu só pedi para falar, porque eu quero muito pedir o perdão da minha filha e do Mike, sei que não mereço... E a esse juri, eu só peço ajuda, eu preciso de ajuda.

-Vou dar alguns minutos para o juri decidir, pode se sentar, senhorita Clara.

- Obrigada. - A demora não foi muito grande, logo já tinham a decisão e a juíza iria anunciar.

- A réu, Clara Jauregui foi declarada culpada por todos os crimes julgados nesta corte e sua pena será cumprida em um manicômio judiciário, onde quando receber alta, poderá voltar a sociedade. - Clara apenas chorou, talvez de alívio, não dava para saber ao certo.

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