Retorno

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Eu faria qualquer coisa por você

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Eu faria qualquer coisa por você. Parece triste não é? Deixar sua vida nas mãos de outra pessoa. Eu sempre te admirei tanto, porque você é a minha luz, a única coisa que faz sentido no mundo inteiro. Sou atraído na sua direção de uma forma que foge o meu controle, e tentei lutar desesperadamente contra isso. Mas agora Nyx, você me despiu completamente e eu fiquei sem defesas. Nós estamos colidindo, um contra o outro, e eu nunca iria me perdoar se algo desse errado. Mas nada vai me acontecer agora, que eu tenho você para proteger meu coração bem no centro de suas mãos pequenas, e você jamais deixaria nada acontecer com ele. Eu me sinto livre, de finalmente não ter que carregar comigo onde quer que eu vou, todo o peso do mundo.

- Eros! - Uma voz me assustou. - Você não deveria estar em casa descansando?

- Eu encontrei algo que pode ser útil no caso que você me deu. - Eu respondi minha chefe. - Voltarei para casa amanhã.

- Não. - Ela gritou de longe. - Preciso que você largue sua colega de trabalho e vá para casa.

- Preciso que ela me largue também. - Sorri para Nyx.

- Nós temos uma informação nova sobre o caso que eu gostaria de checar no sistema. - Nyx me soltou mas se manteve perto. - Eu preciso do meu parceiro no caso comigo.

- Eu posso permitir que vocês continuem a trabalhar. - Ela respondeu receosa. - Mas não aqui dentro. Vocês dois estão dispensados por hoje e essa decisão é final.

Saímos da delegacia e andamos em direção ao hospital, meu corpo começou a sentir os efeitos do cansaço, a pele suada se prendendo nas roupas e o rosto contraído em pensamentos sobre o que poderia acontecer. Nyx do meu lado de alguma forma parecia leve, como se ela buscasse me acalmar com a sua presença, e ela sabia que seria capaz, afinal ela segurava meu coração por uma cordinha e o controlava muito bem. Era como ter um fardo a menos, e em troca, eu segurava ela entre as minhas mãos, com a certeza de que poderia protegê-la contra tudo.

Quando nos aproximamos do hospital mais uma vez, a parte lógica da minha mente repetiu mais uma vez que eu precisava perder a esperança, e que toda a situação cada vez mais se distanciava de um ápice, mas conforme eu segurava Nyx nos meus braços, sentia suas esperanças e expectativas passando por minha pele como uma corrente elétrica, e percebi que precisava fazer o máximo para encontrar o homem e resolver o assassinato de seus pais.

O hospital parecia da mesma forma que estava quando o deixamos, mas eu sentia que algo de diferente estava acontecendo dentro dele, como a calmaria antes da tempestade, e eu sentia o cheiro de chuva saindo das janelas de vidro. As pessoas andavam despreocupadas, os seguranças conversavam nas portas e os enfermeiros e médicos circulavam com pressa. Mas havia algo a mais nesse hospital, algo que parecia estar de alguma forma ligado ao nosso caso. Tentei entrar novamente no quarto do homem atropelado, apenas para descobrir que já tinha sido limpo e agora abrigava outro paciente qualquer. Procurei pela médica que encontramos mais cedo e ela também havia ido embora. Nyx tentava se manter confiante mas eu sabia que sua ansiedade estava se acumulando e seus olhos escuros iam de uma informação até a outra procurando algo para se prender, mas nunca achando nada relevante.

Descemos as escadas até o primeiro andar derrotados, até que algo imperceptível aconteceu com Nyx. Sua mão apertou a minha com uma força delicada e seus olhos se fixaram em algo atrás das inúmeras paredes e quartos com um lince que ouve um animal pisar em um galho, ela sabia exatamente o que estava acontecendo, e precisava se mover normalmente. Eu deixei sua mão me guiar e em seguida estávamos navegando os corredores como duas pessoas perdidas procurando um familiar doente, os passos leves que ela dava não condiziam com seu semblante tenso, e eu sabia que algo terrível estava prestes a acontecer. Com cada fibra do meu ser eu tentava me controlar, o olhar que ela sustentava só podia significar uma coisa, e os pelos de sua nuca se levantaram quando passamos por uma sala em um canto isolado do hospital.

Ela parou na frente da porta sacando sua pistola e eu fiz o mesmo, a porta não parecia trancada e com sua mão livre ela girou a maçaneta decididamente, se posicionando pela fresta com a arma apontada para qualquer perigo que podia se esconder atrás dela. Quando entrei logo atrás dela, entendi do que se tratava, uma sala de análise, repleta de computadores e tubos de ensaio, totalmente lacrada e estéril, a sala estava organizada e limpa, exceto por dois bancos que tinham sido usados recentemente pela sua posição. Ela começou a contornar a mesa, olhando fixamente para o mesmo ponto que estava olhando esse tempo todo, e eu percebi se tratar de uma lixeira, cheia até o topo com papéis e vidro quebrado. Contornamos a mesa para chegar até o nosso objetivo, mas repentinamente sua expressão mudou e se tornou ainda mais grave. Corri até o seu lado para encontrar, estendido no chão atrás da mesa, um corpo humano ainda fresco.

Imediatamente tentei encontrar sinais de luta no corpo, ou algo que indicasse de que forma o homem havia morrido, mas ela ainda olhava fixamente para a lixeira com um misto de medo e fascínio. Tive tempo de avisar a delegacia pelo rádio, mas nos poucos segundos que se passaram desde que entramos alguma mudança já havia sido feita e suas consequências eram inevitáveis. Nyx se levantou e foi para perto de mim com uma expressão de puro pânico, e então, na nossa frente, a tempestade começou a se formar. Os papéis pareceram se contorcer de uma forma não natural como se movidos por uma ventania forte, se esticando e dobrando assim como os pedaços de vidro, que batiam uns contra os outros fazendo um barulho infernal. O atrito se tornou tanto que consegui sentir o calor tomar conta de meu corpo, apertei ela forte contra o meu peito e a protegi do que se formou bem diante dos nossos olhos, uma chama alta que subiu pelas paredes e engoliu os papéis em questão de segundos.

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