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LARISSA

— Sim — ele repetiu, agora mais devagar, controlando sua respiração, e tirou o cabelo molhado do rosto.

Balancei a cabeça, sem acreditar no que eu estava vendo. 

— O que você está fazendo aqui? — minha voz quase não saiu. — Está chovendo, e a quarentena começa amanhã, você deveria estar em casa...

— Eu não ligo — ele me interrompeu, balançando a cabeça. — Eu não ligo — repetiu, dando um passo para frente — se está chovendo, ou se eu vou ser preso por estar na rua depois do toque de recolher, eu não ligo — a cada palavra ele se aproximava mais. Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, e a temperatura baixa de seus dedos fez um arrepio viajar pelo meu corpo. 

— O que você quer, Bradley? — perguntei novamente, com a voz um pouco mais alta que um sussurro.

Seus olhos castanhos encaravam os meus com uma profundeza inexplicável, e eu podia sentir sua respiração quente bater em meu rosto.

— Você — ele murmurou, colando nossos corpos. — É você que eu quero. 

Antes que eu pudesse raciocinar, os lábios de Bradley se chocaram contra os meus num beijo desesperado, e minhas mãos foram parar em seu rosto, segurando com cuidado. Seus lábios eram frios contra os meus e, apesar de estar molhado, seu corpo irradiava calor contra o meu.

Ele nos empurrou delicadamente para dentro, fechando a porta atrás de si, e eu o empurrei contra a porta fechada, me deixando levar pelas suas carícias durante os poucos segundos que duraram. Ele separou o beijo dolorosamente, mantendo sua testa na minha enquanto nossas respirações aceleradas se misturavam.

— Me desculpa, eu sinto muito por tudo — ele murmurou, ainda segurando meu rosto entre suas mãos. — Eu sinto muito por ter mentido, por ter omitido, e por ter demorado tanto tempo para perceber — eu podia senti-lo tremer levemente em minhas mãos — que você não precisa ser protegida da verdade. Eu vou te contar tudo o que você quiser saber, tudo, tudo mesmo — ele murmurava rápido — mas por favor, por favor não me mande embora — ele suplicou — porque eu não aguentaria mais um segundo longe de você. 

Abri meus olhos, ainda com a respiração acelerada, e ergui a cabeça, olhando diretamente nos olhos de Bradley. Apesar da tempestade em sua íris, eu pude perceber que ele estava sendo sincero e, sendo verdadeira comigo mesma, eu queria saber o que ele tinha para me falar, e queria muito que as coisas se acertassem.

E, honestamente, eu também não aguentaria mais um segundo longe dele. 

Mesmo estando molhado da chuva, o cheiro do seu perfume ainda me envolvia como uma nuvem de calmaria e aconchego, e eu observei sua expressão se suavizar quando eu balancei a cabeça, assentindo.

— Eu não poderia te ver ir embora outra vez — admiti, num sussurro.

Antes que eu pudesse me controlar, minhas mãos puxaram seu rosto para perto do meu novamente, e nossos lábios se encontraram em um beijo mais calmo, mais carinhoso que o primeiro. 

— Vai tomar um banho quente e se trocar — eu murmurei, depois que separamos o beijo — e então poderemos conversar.

Brad assentiu, soltando meu corpo de maneira relutante, e eu o deixei ir para dentro do apartamento. Minha cabeça estava um pouco aérea e eu podia sentir meus lábios latejando, ainda recordando a pressão dos lábios de Brad nos meus e seu gosto em minha boca.

Eu me sentei na mesma banqueta de antes, ainda tendo algum trabalho para regularizar minha respiração. Não me sequei nem nada do tipo, apenas segurei a caneca de chocolate quente entre meus dedos, percebendo que ainda estava bastante quente. 

Treading Water || The VampsOnde histórias criam vida. Descubra agora