Treading Water || The Vamps

05.2 - Bʀᴀᴅ's ᴘ.ᴏ.ᴠ.

BRADLEY

A turnê estava sendo incrível. 

A forma como nossas fãs amaram o EP era surreal, e cada cidade por onde passávamos era melhor que a outra. 

Estar em cima de um palco era como um anestésico para a dor surda em meu peito. Como se tocar os meus sentimentos para milhares de pessoas todos os dias diminuísse a carga que eu carregava, como uma espécie de terapia musical.

Já estávamos na estrada havia alguns meses, e cada vez mais eu me sentia como se eu tivesse perdido um braço, ou sei lá. Como se uma parte de mim tivesse sido arrancada brutalmente. 

E era isso que tinha acontecido. Lari era a melhor parte de mim, e havia sido tirada de mim. Ou pior, eu havia tirado ela de mim. 

Lari não postava nenhuma foto há meses, e eu já estava sentindo falta de suas atualizações. A frequência com que ela postava covers em seu IGTV havia passado de uma vez na semana para uma vez a cada duas semanas, praticamente, e eu apenas...

Eu apenas sentia falta dela.

Estávamos apenas aquecendo as vozes antes do show, cheios de energia e sentindo aquele frio na barriga gostoso que sentíamos toda vez, quando o celular de Connor tocou, e ele encarou a tela por longos segundos. O que, na verdade, era meio estranho, já que Connor era o único, além de James, que sempre atendia as ligações que recebia, sem se importar com quem era.

— Não vai atender? A ligação já vai cair — James franziu a testa, enquanto dedilhava sua guitarra.

Connor balançou a cabeça rapidamente, como se para clarear os pensamentos, e atendeu rapidamente, levando o celular até o ouvido.

Voltei minha atenção rapidamente para o que eu estava fazendo, até que ouvi um nome familiar na ligação, fazendo minha cabeça se erguer num estalo.

— Eliza, calma — Connor parecia preocupado, e eu olhei para Tristan e James, que me olharam de volta, voltando o olhar para Connor em seguida. — O que? Espera- fala devagar... você está machucada? Então... Eli- Eliza- o que? Não! Espera...

Connor andava de um lado para outro, começando a me deixar ansioso. O que estava acontecendo?

— Eu não... não tô entendendo- Eli, fala devagar — ele pediu mais uma vez, suspirando em seguida. — Não, estamos a alguns minutos de entrar no palco. Não tem problema nenhum, eu... não- Eliza, não tem- — ele suspirou. — Ok, a gente se fala então. Tudo bem, tchau.

Ele encerrou a ligação, encarando a tela do celular com um olhar confuso, e eu estava ainda mais perdido que ele.

— Tá tudo bem, cara? — perguntei, preocupado.

— Tá. Bem, eu acho que sim — ele balançou a cabeça, voltando para o sofá. — Era a Eliza. Ela estava meio alvoroçada, parecia estar chorando. Começou a falar várias coisas ao mesmo tempo, sobre estar muito nervosa e não saber de algo, mas quando eu disse que estávamos prestes a começar o show, ela disse que ligava outra hora. 

Franzi a testa, encarando a mesa de centro no camarim. O que será que houve?

— Vocês... se falam? Digo, com frequência? — perguntei, como quem não queria nada, enquanto ajeitava o fone por dentro da camiseta.

Às vezes eu me envergonho secretamente. Por que eu não acabei as coisas como uma pessoa normal faria? Tipo, "hey, vamos acabar por aqui. Foi bom te conhecer, tenha uma ótima vida, tchau!"

E se a resposta de Connor para minha pergunta fosse sim, minha vergonha seria um pouco mais explícita. Nós ainda poderíamos pelo menos ser amigos, lamentei. Não, não poderíamos, recusei o pensamento logo em seguida. Seria muito difícil, e machucaria ambas as partes da relação. O que eu fiz foi o certo, pronto e acabou.

— Com frequência, não. Mas nos falamos algumas vezes desde que nós voltamos pra casa. 

Balancei a cabeça, assentindo, e voltei a aquecer minha voz com alguns trava-línguas ingleses. Olhei para a frente, vendo James me encarar e balançar a cabeça levemente, e eu apenas revirei os olhos. Quando eu achava que estava ficando bom nisso, eu mesmo provava o contrário.

— Bom, pelo menos ela não está grávida — Tristan murmurou, risonho, nos fazendo rir um pouco antes de subirmos para o palco.