LARISSA
Quando acordei, tudo ainda estava muito escuro. Me espreguicei, com cuidado para não acertar Brad, mas não o senti quando tateei a cama. Na verdade, o lugar vazio ao meu lado já estava frio, me fazendo imaginar a quanto tempo ele já havia levantado.
Desbloqueei meu celular, vendo que tinha algumas mensagens não respondidas de várias pessoas, entre elas minha mãe e Tom, e eu apenas apertei meus olhos, vendo que ainda eram quase quatro da manhã. Meu estômago se revirou levemente, roncando e fazendo barulhos, e eu sentia como se tivesse um buraco negro na minha barriga.
Minha mente ainda não estava funcionando direito, então resolvi deixar para responder mais tarde. Me sentei na cama, me sentindo um pouco dolorida por conta do dia anterior, e peguei um moletom que estava no chão, que provavelmente era de Brad, vestindo meu corpo nu. Andei até a cozinha, imaginando que Brad estaria em seu estúdio, e enchi um copo com água, bebendo mais rápido do que achei que beberia. Em seguida peguei um pacote de Doritos no armário, pronta para devorá-lo, e já abri a embalagem, colocando uns três nachos na boca.
Quando estava voltando para o quarto, pude ouvir uma melodia bem baixinha vinda do estúdio de Brad.
Parei no meio do caminho. Eu realmente queria ir lá, mas ao mesmo tempo queria dar privacidade à ele. Eu sei como música pode ser algo pessoal e íntimo, e como é chato quando você está tentando desenvolver algo e alguém te interrompe. Mas... ugh, eu realmente quero saber o que ele está fazendo.
Sem fazer um pio, eu me virei e comecei a subir as escadas em direção ao estúdio dele, a música ficando um pouco mais clara a cada passo que eu me aproximava.
— Stuck in Califórnia, world out before ya, but something's missin' — sua voz suave e rouca cantava, acompanhada de uma batida de violão suave. — I should be happy, whatever that means, I need anything to make me feel — eu abri a porta levemente, agora conseguindo ver uma parte das costas de Brad enquanto ele tocava seu violão habilidosamente. — So wherever you are, hope you don't take too long. I need a little love in my life, I need a little love in my life — segurei o pacote de salgadinho com cuidado, com as duas mãos em minha barriga, sentindo a música fluir de Brad enquanto ele cantava. — I'm breaking my own rules, you can't hurry things along, so when you need a little love in life, you'll find a little love...
Ele começou a dedilhar um solo com destreza, se deixando levar levemente pela música, mas então parou de repente, virando sua cabeça para o lado. Eu pude sentir meu rosto corar quando ele me olhou, um pouco surpreso, e fez um sinal com a cabeça para que eu entrasse.
— Desculpa, amor, eu não queria interromper — pedi baixo, me aproximando dele.
— Tudo bem, não interrompeu. Eu só estava passando algumas músicas antes do nosso ensaio geral dessa semana — ele murmurou com um pequeno sorriso, apoiando o violão no tripé, depois me puxou pela mão, me trazendo para si.
Assenti, me sentando em seu colo. Brad me deu um selinho, depois roubou um pouco do meu salgadinho.
— Por que tá acordado? — perguntei baixinho, enquanto ele mastigava. — Daqui a pouco já é hora de você ir gravar o clipe novo.
Ele encolheu os ombros, engolindo.
— Só não consegui dormir. E você?
— Acordei com fome, e você também não estava mais na cama — encolhi os ombros também depois coloquei um nacho na boca, e ele assentiu, parecendo meio cansado. Também, depois dessa tarde, eu não o julgo. — Que música era aquela que você estava tocando?
— Você ouviu ela inteira?
Balancei a cabeça.
— Só uma parte, mas achei linda.
— Eu queria manter em segredo as músicas do álbum, mas... — ele suspirou. — Eu escrevi ela enquanto estávamos em turnê, no ano passado — ele começou a explicar, enquanto mexia no pacote de salgadinho, — Você estava viajando pelo mundo e postava fotos em lugares diferentes quase todos os dias, e eu só ficava imaginando o dia em que nos encontraríamos.
Assenti, me ajustando em seu colo.
— E qual o nome dela?
— Eu ainda não achei um nome pra ela — Brad balançou a cabeça, pousando sua mão em minha coxa. — Nós já gravamos quase todas as músicas do novo álbum, e essa é a única que ainda está sem nome.
— Não tem nenhum trecho dela que chama mais sua atenção e que você queira usar como nome? — sugeri baixinho, brincando com um dos anéis em sua mão.
— Não, parece que nada se encaixa.
Suspirei, usando minha mão livre para mexer nos cabelos de Brad. Tentei pensar em como eu me sentia quando cantava e tocava músicas que me deixavam triste e me faziam pensar em Brad, no tempo em que estávamos separados.
— Sabe, quando nós estávamos separados, — comecei, torcendo para que isso ajudasse em alguma coisa — eu dizia sempre a mim mesma que estava bem, que iria superar, e que, mesmo sentindo sua falta, tudo ficaria bem. — Eu encostei minha cabeça na dele, observando nossas mãos em meu colo. — Mas no fundo eu sabia que eu não estava nem um pouco bem, e me sentia super cansada. Era como se, todos os dias, eu estivesse gastando todas as minhas forças em manter a cabeça acima da superfície da água, mas não tivesse forças o suficiente pra sair daquela situação, sabe?
Brad ficou em silêncio, e eu quase achei que o estava chateando. Eu sabia que ele não gostava de falar da época em que estávamos separados porque ele sabia que eu tinha sofrido por causa dele. Mas então ele respirou fundo.
— Como se estivesse... pisando na água? Treading Water?
— Acho que sim — franzi a testa, sem entender muito bem o significado da expressão "Treading Water". — Pra mim, essa expressão tem mais o sentido de andar sobre a água do que qualquer outra coisa.
Ele riu levemente.
— Às vezes eu até esqueço que a sua primeira língua não é inglês — ele beijou minha bochecha. — Treading Water é uma expressão que significa basicamente o que você disse, mas num sentido literal. Nadadores e militares aprendem a fazer isso para conseguirem ficar parados na água sem se afogar ou se mexer — ele explicou, apoiando os dois primeiros dedos da sua mão direita na palma esquerda num 'v' de ponta-cabeça, como se fossem as pernas de uma pessoa.
Fiz um som de compreensão.
— Faz sentido.
Ele assentiu, um pouco pensativo.
— Treading Water — ele repetiu para si mesmo. — Eu acho que gostei.
Sorri, feliz por ter ajudado em alguma coisa. Beijei a bochecha dele e ele sorriu, me olhando.
— Você quer que eu te deixe sozinho? Ou-
— Não, fica — ele pediu, me abraçando em seu colo. — Eu vou passar mais algumas músicas, acho que você pode ficar e ouvir, se quiser. Também precisaremos de ajuda com as vozes para algumas das músicas que ainda faltam finalizar, então...
Eu não pude conter o sorriso que cresceu em meu rosto quando assenti. Meu lado fã estava super agradecido pelos mimos, obrigado.
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Treading Water || The Vamps
Fanfiction"Been pushin' love away to save myself the hurt. Ain't much heart left to break so clearly it don't work." ATENÇÃO: ESSE LIVRO É O SEGUNDO DE UMA SEQUÊNCIA! LEIA O PRIMEIRO LIVRO ANTES! #Livro 1: Right Now ✔ #Livro 2: Treading Water ✔ #Livro 3: Glo...