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LARISSA

Algumas noites, era muito difícil conseguir pegar no sono. Não por não estar cansada, ou por não querer. Mas sim porque o sono simplesmente evaporava, dando lugar aos pensamentos e à tristeza. Isso já não acontecia há algum tempo, mas depois dessa noite era impossível dormir.

Depois de ter visto Brad hoje, eu duvidava que conseguiria dormir nas próximas horas, apesar do extremo cansaço. Tudo o que eu via por trás de minhas pálpebras quando fechava meus olhos era seu rosto, magoado e furioso, levemente rosado, com os olhos um pouco aberto demais e levemente marejados, e lábios entreabertos, enquanto respirava de maneira irregular.

Me levantei da cama, indo até a cozinha para bisbilhotar os armários e a geladeira de Tom atrás de comida. Não existe melhor remédio para tristeza do que chocolate e... sorvete de cookie dough, do Ben & Jerry's. Desculpe Tom, seu sorvete já era.

Me sentei no sofá, ligando a televisão no volume mais baixo e colocando algum filme de animação qualquer, e suspirei, sabendo que não ia prestar atenção em nada.

Tom havia voltado para a casa de seus pais, e viajaria em dois dias novamente, em uma viagem de família. Era simplesmente incrível eu ter esbarrado justamente nele, no aeroporto. Tom era totalmente atencioso, super divertido e gentil, e ficou todo embasbacado quando fez carinho na barriga de Eliza e sentiu as crianças se mexendo.

Suspirei novamente, me inclinando no sofá.

— Noite difícil? — a voz de Eliza me fez erguer a cabeça.

— É, você pode dizer isso — murmurei, com um pequeno sorriso, observando ela andar até o sofá e se sentar ao meu lado. — Não conseguiu dormir? Eu deixei as pílulas na mesinha de cabeceira.

— Eu vi, obrigado — ela sorriu, doce. — É que eu não tô me sentindo muito bem. Eu não consigo ficar deitada de jeito nenhum, parece que eu vou ser sufocada pela barriga. Alicia e Aaron não param quietos um segundo, eu não sei porquê. 

— Alicia e Aaron, huh? — apoiei minha cabeça em minha mão, sorrindo cansada. 

Um sorriso bobo começou a crescer no rosto de Eliza, enquanto ela acariciava sua própria barriga.

— É, Connor sugeriu o nome Aaron e eu gostei. Mal posso esperar para ter eles aqui fora — ela murmurou, fazendo uma careta de desconforto quando um dos bebês se mexeu, na lateral direita.

— Eu gostei também — sorri de volta. — Acho que eles estão bastante agitados por causa de Connor, também. Deve ser emocionante finalmente conhecer o papai — murmurei, sorrindo para a barriga dela.

Ela fez uma careta de dor e resfolegou, de repente, me deixando alarmada.

— O que foi?!

Ela gesticulou, colocando uma mão em seu lado direito, enquanto respirava com dificuldade.

— Parece... que um deles... entrou... embaixo da minha costela — ela tentou dizer, entre respirações rápidas. — É normal... eles fazem isso... de vez em quando...

Assenti, voltando a me reclinar no sofá. Depois de alguns minutos, Eliza já estava respirando normalmente e as crianças haviam se aquietado de novo, arrancando um suspiro aliviado dela.

— Um dia eu ainda mato Connor por ter conseguido fecundar dois óvulos numa vez só — Eliza murmurou, brava por um instante, me fazendo rir um pouco. Em seguida, ela prestou atenção em mim. — Mas e aí, como você está?

Quando abri a boca para dizer que estava bem, olhei para seu rosto e percebi que ela sabia sobre a cena com Brad, mais cedo.

— Quando esse dia chegar, você me avise. Quero estar lá pra cortar essa língua grande dele — revirei os olhos, me referindo ao tal dia de matar Connor. 

Treading Water || The VampsOnde histórias criam vida. Descubra agora