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LARISSA

Eu sou uma louca desgramada que não sabe o que faz da vida, só pode.

Como assim Brad me chama para comer, e eu digo apenas "ok" em resposta?

Eu deveria ter enchido a boca e cuspido um NÃO bem grande na cara dele, mandado ele ir sugar a boca da garota que estava com ele no elevador e esquecer que eu existo. Porque era isso que eu queria, que ele me esquecesse, me deixasse em paz, para que eu o esquecesse também. 

Mas agora estamos interligados para sempre, porque minha melhor amiga tinha tido filhos com o melhor amigo e colega de banda dele, que também é um dos meus amigos próximos. A não ser que rolasse um disband bem agressivo, eu não sabia como faríamos para ficarmos longe um do outro. Então, mesmo que não voltássemos a ficar juntos, o mínimo que poderíamos fazer era esclarecer as coisas entre nós.

E mesmo que eu dissesse que não quero falar com ele, nem tocar no assunto, eu sei que estaria mentindo, porque eu quero sim saber o que aconteceu, eu mereço saber. E, por mais que doa admitir, eu não vou conseguir seguir em frente sem saber o que aconteceu, ainda que me machuque saber os motivos.

Indecisa? Pffffff, sim.

Mas sério, tem que ter acontecido alguma coisa, não tem? Tem que haver uma justificativa, um motivo para ele ter feito o que fez. Tem que ter, repeti pra mim mesma.

Li as mensagens de Tom rapidamente, antes de seguir Brad. Ele só havia dito que queria ter ficado mas teve algumas coisas para resolver a respeito de sua viagem. Também disse que resolveu o problema da minha passagem de avião e da de Eliza, dizendo que eu poderia remarcar para qualquer data que daria certo. Respondi, dizendo que estava bem e que agradecia por tudo o que ele havia feito por nós, e que ele deveria avisar quando estivesse desocupado para que eu ligasse. 

Eu realmente precisava me desculpar por Brad.

— O que você quer comer? — Bradley perguntou, enquanto saíamos do hospital.

— Eu não quero — murmurei, colocando as mãos no bolso do meu casaco. Brad me olhou feio, e eu revirei os olhos. — Mas já que preciso, e tem que ser algo decente, então pode ser no Nando's. 

Ele assentiu, e seguimos em silêncio pelo estacionamento do hospital. Antes que eu perguntasse qual carro era, Brad apertou o botão para destrancá-lo, fazendo as luzes de seta piscarem duas vezes. Seu carro era um Jaguar (não faço ideia do modelo, mas era novíssimo) de um tom grafite escuro e com vidros super escuros.

Quando ele ligou o carro, o aquecedor já se ligou automaticamente e o som também, num volume baixo e suave. Seu carro cheirava a... ele. Aquele perfume que eu tanto amava e gostava de sentir, respirando em seu pescoço enquanto deitados e entrelaçados um no outro...

Olhei pela janela, tentando organizar meus pensamentos. Estar tão próxima de Brad me deixava nervosa, ainda mais agora que estávamos sozinhos. 

Eu não fiz questão de falar nada, e podia sentir Brad me olhar de cinco em cinco segundos durante o trajeto, como se para ter certeza que eu não sairia dali. Era como se a qualquer segundo ele fosse colocar a mão na minha coxa e eu fosse entrelaçar meus dedos aos dele, e então tudo estaria resolvido. 

Pena que não era tão simples assim.

Nós chegamos dentro de poucos minutos e eu desci do carro, vendo que o restaurante estava quase vazio, pelo horário noturno de uma segunda-feira à noite. Brad tomou seu lugar ao meu lado e nós seguimos para dentro do estabelecimento. Eu não fazia ideia do que estava pra acontecer, e a cada segundo que passava eu ficava ainda mais dividida entre querer saber o que aconteceria e querer continuar sem saber. 

Treading Water || The VampsOnde histórias criam vida. Descubra agora