capitulo 10- Respostas

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Em uma normal quinta-feira meus planos eram estar na aula de sociologia na escola, sentada em minha carteira e não batendo na porta da residência da avó de Jacob.

- Você de novo!? - Reclamou a senhora já fechando a porta na minha cara porém coloquei minha mão esquerda na mesma com intenção de fazer a velha me olhar nos olhos.

- Por favor...- Quase implorei.

Já faziam dez minutos que a vó de Jacob havia me deixado entrar e sentar em seu sofá mas também faziam dez minutos em que eu não conseguia dizer nada, algo estava roubando as palavras da minha mente, no entanto, quem parecia estar prestes a ter um chilique era ela.

- Era isso que você queria? Sentar no meu sofá e me olhar com essa cara de cachorro de rua? - Eu não me importava com a implicância dela, só queria que as palavras voltassem e que eu não estivesse vendo ele em todos os cômodos da mansão. - Menina!- Gritou ela firme. - Fale algo! Está me assustando!

- Me desculpa. - senti minhas unhas perfurarem a palma da mão para conter meu desespero e num piscar de olhos o Jacob que eu estava vendo encostado no batente da porta havia sumido, porém os resmungos da avó dele continuaram.

- Não se desculpe. Você me dá pena e eu não gosto disso até porquê quem tem pena é galinha. - Continuou ela desistindo de mim e se levantando do sofá em minha frente porém o que eu disse após a fez voltar:

- Eu fui até Califórnia City. - Ela me olhou boquiaberta e se sentou novamente dizendo:

- Imagino que não encontrou nada.

- Não. - Senti lágrimas e quando elas vieram não pude controlar.

- Você foi ignorante em achar que ele voltaria para lá. Jacob viveu coisas terríveis naquela cidade não voltaria nem amarrado. - Vi ela franzir os lábios. Seu pensamento foi igual ao meu depois de me deparar com o estado da casa dele em Califórnia City. - Não chore sua tola! Não na minha casa. - Argumentou a mesma.

Eu queria ser forte e fria como ela, mas como ela disse eu era tola e não conseguia nem controlar as lágrimas.

- Eu não sei mais o que fazer... Me fale onde ele está. - Tentei jogar o joguinho dela e ser fria também porém o máximo que consegui foi ouvir sua risada abafada.

- Eu não te entendo menina, você se acha tão importante a ponto de merecer uma explicação sobre o paradeiro do meu neto mas pensa que ele me falou algo e não a você. - Seus olhos eram fortes, talvez eu a invejasse.

- Você mente. - Por fim disse.

- Então por que veio na minha casa se não acredita em minha palavra?

- Então você não se preocupa nem um pouco com o seu neto supostamente desaparecido? - Foi a primeira vez na casa que falei firme.

- Jacob passou dezoito anos sem minha companhia e sem meu consentimento sobre a vida dele por que agora com meros seis meses dele longe de mim isso mudaria?
Você pensa que sabe alguma coisa sobre ele mas na verdade é tão insegura do que sabe que veio procurar uma velha de sessenta anos para saber de algo, Você só é uma menina, não devia dar tanto valor por um garoto que conheceu em uma esquina qualquer... Você tem tanta coisa pela frente.- As palavras que no começo eram frias no final foram ficando significativas como se ela se importasse comigo.

- Você não sabe de nada.- Retruquei, realmente ela não sabia e aliás, não era isso que eu esperava de uma recém viúva.

- Sei que você tem que parar com essa paranóia e aproveitar tudo que ainda tem de aproveitar, sei que você não dá a mínima para cada dia que você acorda respirando como deveria dar, sei que você ainda é uma criança.- Argumentou com os olhos brilhando o que talvez fossem lágrimas porém não me importei em saber, pois ela estava me ofendendo e não sabia de nada.

- Você não sabe de na...- Ia repetindo quando o telefone da mesinha de centro tocou e ela logo o pegou como se estivesse mesmo esperando a ligação.

- Preciso sair. - Falou se levantando depois de falar ao telefone e eu fiz o mesmo, não precisava de nenhuma informação daquela mulher, porém quando eu estava alcançando a saída ela me chamou. - Você vem comigo. - Ela falou com tanta convicção que quando eu vi já estava no carro.

Durante a trajetória de carro a mulher não disse nada e eu muito menos. No entanto foi estranho quando ela estacionou no hospital particular do centro da cidade.
Ela caminhava tão rápido com seus tamanquinhos que nem dava direito para alcança-la e perguntar o que estávamos fazendo ali. Ela entrou no estabelecimento abrindo as portas como se aquilo tudo fosse dela e eu tentava o mais rápido possível acompanha-la.

Foi então que chegamos em um corredor onde deveria ser restrito pois dava para ver todos os pacientes em suas macas ligados à aparelhos e o "bip" das máquinas.

- Olha! Você está vendo eles!? - Ela me fez chegar mais perto das vidraças para ver aqueles pacientes cheios de tubos e com idade avançada. - Eles estão vivos e mortos ao mesmo tempo, todos estão com morte cerebral, onde todos os órgãos estão bons exceto o cérebro e estão ali deitados, enquanto a família decide se pode doar os órgãos ou não, onde a família pensa que vão ser responsáveis pela morte deles se desligarem os aparelhos. - Completou ela como se fosse uma lição de moral. - Ele morreu assim, meu marido morreu assim, em uma noite estávamos bem, tomando vinho e contando histórias que já escutamos umas trinta vezes mas não nos importávamos pois estávamos bem. No outro dia estávamos aqui, ele ali deitado e eu tendo que decidir a hora que desligariamos as máquinas e eu não sei o porquê da morte cerebral, ainda não sei e eu não me importo tanto em saber porquê nem tudo são respostas, nenhuma resposta vai traze-lo de volta. - Ela deu um passo para trás da vidraça com o nariz vermelho e olhos cheios de lágrimas. - Agora olhe para você, sadia, bela, nova... Mas fica se autodestruindo em busca de resposta e amargura do passado, mal sabe que cada passo que você dá se afundando te aproxima mais daquilo ali. - Disse apontando para as macas. - E não é quem está deitado que sofre e sim a família. - Finalizou.

Eu já estava com uma louca vontade de chorar vendo a situação daquelas pessoas e com o choque de realidade que uma pessoa de sessenta anos me deu foi inevitável segurar as lágrimas. Foi então que uma médica loira e baixinha se aproximou segurando papéis em suas mãos.

- Sr. Savana, boa tarde, lamento pela sua perda, o resultado da autópsia.- Disse ela entregando para a avó de Jacob que agora eu sabia o nome ou pelo menos o sobrenome.

Sr. Savana abriu o exame e olhou para os papéis com a testa franzida.

- Tumor maligno do lado esquerdo do cérebro. Foi isso que o matou. Pronto acabou o mistério. - Disse ela fechando os papéis e recebendo um olhar de consolo da enfermeira, porém foi para mim que ela olhou com um olhar frio e então completou. - Acabou o mistério mas meu sofrimento não, porque nem tudo é sobre saber, nem todas as respostas respondem tudo. Aprenda.

Então ela saiu andando do corredor e me deixou ali sozinha. No final tive que pedir que meu pai me buscasse.

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Oizinhoo, passando para pedir perdão pelo clima um tanto pesado no cap de hoje mas também para adiantar à vocês que vou postar mais dois caps final de semana onde ambos vão estar mais animados e aparentemente mais alegres até pq estarei à começar uma mudança no livro (que não vou negar estar muito insegura com isso) mas espero que vocês gostem...

Inclusive essa mudança tem haver com o "talento" que ela mencionou para o Luck e a Brianna no cap anterior e que também vai precisar ter para meio que dar um empurrãozinho em relação à faculdade... eai o que vocês acham que é!?

Bjs, espero que estejam gostando...❤

Katherine outra Vez.Onde histórias criam vida. Descubra agora