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Na volta Brianna dirigiu calada o caminho todo (o que era estranho), porém Luck não parava de reclamar sobre ter perdido as aulas do dia. Eu também não sentia muita vontade de falar, não com tanta novidade que o dia de hoje me proporcionou, mas eu sabia que tinha algo de errado com  Brianna desde de que William apareceu falando aquelas coisas para Wesley, eu nunca imaginei que eles pudessem ter algo, no entanto, o silêncio da menina dizia muito. Eu não quis perguntar, não queria mais coisas à acrescentar neste dia, eu sei que soa egoísta porém quando Brianna estivesse pronta para me contar eu daria todo o meu apoio.

Deixamos Luck em casa e depois seguimos para a de Brianna para que por fim eu dirigisse silenciosamente para casa.

Quando estacionei na garagem de casa foi quase impossível me controlar para não dirigir para outro lugar, porém eu sabia que não podia. Então o que me restou foi colocar a mão na maçaneta e entrar naquela casa que não tinha sequer o brilho de casa.

Meus pais estavam sentados na sala e quando notaram minha presença no cômodo não se limitaram nas perguntas como se realmente se importassem.  " Como você está!?", "Está bem?", "onde esteve!?"... Não parei um segundo sequer para responde-los apenas subi as escadas rumo ao meu quarto e fechei a porta atrás de mim.

Tempo. Eu precisava de um tempo sozinha. Fui para um banho de uma hora na expectativa que ele lavasse Todas as informações do dia mas o que consegui foi apenas acabar com a água quente, não me importei, apenas continuei ali de frente para a parede sentindo a água morna virar totalmente gélida nas minhas costas, assim como o clima daquela casa.

Depois de terminar meu banho me deitei mais do que tudo querendo dormir, mas não conseguia, era impossível.

Palavras brincavam e brincavam com minha mente... Karolayne, câncer, Karolayne, câncer... Repetidas vezes. Tentei calar a voz colocando meus fones de ouvido e funcionou por um breve momento de duas horas.

Era a hora do jantar quando decidi, descer para finalmente encarar as desculpas mal pensadas de meus pais.

Eles já estavam na mesa, a mesma mesa que antes era iluminada de sorriso e de filhas, eu era a única, eu era a fraca. Me sentei em silêncio e minha mãe fez jeito de falar algo porém meu pai lançou a ela um olhar detendo-a.

Depois de colocar o macarrão em meu prato em total silêncio minha mãe não resistiu.
- Vai começar nos contando onde estava ontem a noite ou vai nos contar para onde fugiu esta madrugada? - Disse ela fransindo os lábios.

- Podemos começar com o fato de minha irmã ter câncer e eu ser a última a saber. - Palavras difíceis de serem faladas, palavras também difíceis de serem escutadas pois vi meus pais recuarem, porém aquilo não me amoleceu. - Por que não me contaram!? - Falei ríspida.

- Desculpe querida, mas só queríamos o seu bem... Depois de tudo que passou no ano... - Interrompi meu pai.

- Acho incrível que os pais usem sempre essa frase para justificarem seus erros. - Pressionei o garfo com força na louça.

Meu pai abaixou o olhar pressionando os dedos contra os olhos.

- Para de se fazer de vítima Katherine, olha para a sua irmã... - Talvez eu tivesse herdado aquela rispidez de minha mãe. - Foi tudo para o seu bem...

- Então vocês não sabem mesmo o que me faz bem! - A verdade é que nem eu sabia.

- Você também esconde coisas... - Murmurou minha mãe.

- É normal filhos esconderem coisas dos pais já o contrário.... - Retruquei para a mesma.

- É normal uma adolescente de dezessete anos tocar em um bar depois das onze da noite se achando a própria Hanna Montanna!? - Recuei. Como ela sabia? Que se dane! Pouco me importava, eu estava lutando pelo meu futuro e não tinha vergonha daquilo.

- Que bom que agora vocês sabem! - Me levantei da mesa. - Pois aquilo me faz bem, não as mentiras mal contadas de vocês! - Me virei em saída para meu quarto novamente mas um pensamento repentino me parou novamente. - A Beth sabe?

Ambos se olharam, um olhar de que deveriam se envergonharem, um olhar de mentira.

- Ótimo! Eu não era a única palhaçada da história. - Abri os braços com um sorriso tão falso quanto os deles e uma pontada de vontade de chorar. - Mas essas mentiras acabam hoje, ou vocês contam para ela ou eu conto !

Aquilo pareceu o bastante para minha mãe se levantar. - Contaremos amanhã...

- Amanhã! - Falei firme e subi as escadas, a cada degrau subido o choro se aproximava mais. Não chore Katherine, não chore!
Mas ao bater a porta do meu quarto e rastejar até o chão foi o que eu fiz. Chorar tinha virado minha primeira opção nos últimos meses mas eu já estava cansada daquilo.

Levantei do chão e vasculhei as gavetas debaixo da minha cama, ali haviam coisas das quais eu nunca me desfiz, coisas da Katherine anterior, coisas que nesta noite me serviria.

Achei várias provas antigas assim como achei uns esmaltes estranhos e logo achei o bendito bilhete de aniversário.

Parabéns para você!

Desejo -lhe tudo de bom!
De : Tudo de bom.

Para: Kath.

Derrepente uma gota surgiu no meio do papel velho e logo se desfez deixando uma mancha, era uma lágrima mas derrepente perdi as contas de quantas surgiram. Em menos de minutos o papel estava em pedacinhos no chão e também não demorou muito para que eu achasse o que procurava, peguei a identidade falsa que Wesley tinha conseguido para mim anos antes e me permiti pular a janela rumo à aquilo que me faria esquecer todos os problemas.

Katherine outra Vez.Onde histórias criam vida. Descubra agora