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Não seria má ideia contar com a ajuda que Benjamin tanto me oferecia, assim como não seria tão ruim eu me apresentar no troféuvoice, mas o pensamento de que a escolha que tomei pode mudar a minha vida de todos os jeitos não saía da minha cabeça. Quando subi ao meu quarto e vi que minha janela estava aberta fui direto fecha-la, pois o calor de mais cedo parecia ter se transformado num  total vento, porém ao chegar lá não resisti ao olhar a casa dos avós dele e o ver.

Ali me encarando da janela do casarão, de pé com uma feição como se tivesse sido traído, como se eu estivesse o traído ao aceitar a ajuda de Benjamin... Mas, mas quando por breve segundo meus cílios se chocaram e pisquei Jacob não estava mais lá, a projeção que meu cérebro havia criado sumira do mesmo modo que apareceu.

Eu não aguentava mais aquilo, não aguentava me sentir presa a ele mesmo depois de meses, não aguentava ferir minhas mãos segurando uma corda que ele já tinha soltado à tempos, eu simplesmente não aguentava. Fechei a janela sem uma nenhuma graciosidade e em reposta ganhei um trincado na mesma.

Quando me virei deparei-me à minha calça pendurada atrás da porta e me lembrei... Me lembrei porque mesmo que eu evitasse ele estava em cada canto que eu olhasse, mesmo que eu evitasse sempre entraria num surto lembrando de uma mínima coisa como por exemplo, o bilhete que encontrei em minha cama dias anteriores, o mesmo bilhete que estava dentro daquela calça e que não havia tido coragem de tirar... Mas que droga! Que porra era aquela!? Que tipo de piadinha de mau gosto? Quem colocou aquela merda...

Caminhei firmemente até a porta arrancando o jeans de lá e quando vi o insqueiro já estava aceso queimando aquele papel estúpido. Quando o papel se despedaçou virando pó o fogo ardeu em meus dedos mas eu deixei que continuasse.

-Apenas sinta... Isso é tudo culpa sua...- Sussurrei para mim mesma rispidamente.

Eu tinha que sentir aquela dor por todas as outras que sentia, queria que aquele fogo me mostrasse que nada daquilo era real, nada daquilo estava acontecendo... Eu não tinha... Eu não tinha me tornado fraca à aquele ponto... E Karolayne... Céus... Karolayne...

- Droga! - Gritei quando voltei à minha sanidade desligando o insqueiro. O topo de meu dedão e indicador estavam em carne viva.

Como depois de uma tarde maravilhosa daquela o ser humano poderia se desmoronar àquele ponto?

"Você tem que achar a sua âncora"... Me lembrei dizer à Benjamin mais cedo.

E então me vi sussurrando uma letra de música aleatória em meio à lágrimas e soluços, que de uma forma ingênua me acalmou...

Passei o resto da semana com os dedos enfaixados e a desculpa de não saber cortar tomate direito. Mas fiquei contente por não ter me queimado mais, fiquei contente de uma forma egoísta por Beth ficar ao meu lado no jantar quando meus pais contaram de Karolayne para ela, fiquei contente por ter Brianna e Luck nas aulas comigo, fiquei contente por Beth e eu fazermos vídeo chamada com Karolayne com mais frequência, fiquei contente por Beth ter o Pedro como âncora ao ver que ele ficou ao lado da minha irmã todo tempo depois da discussão dela com nossos pais, fiquei contente de ver meu pai me assistir cantar no Joey em outras noites, também fiquei contente por ele vir conversar comigo com bastante frequência.
Fiquei contente por me comunicar mais com Benjamin, aliás tínhamos  marcado horários para nossas reuniões juntos durante a semana, tínhamos uma parceria, nos apresentariamos juntos em um reality show famoso mundialmente, Benjamin não tinha como me abandonar...

***

- Como assim não vamos tocar juntos!?

Eu gritava para Benjamin na nossa primeira reunião na Forbes quando ele disse que me apresentaria sozinha.

Katherine outra Vez.Onde histórias criam vida. Descubra agora