Capítulo 5- Mudanças.

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- Wesley? - Sussurrei novamente na expectativa de algo.

- Mas que merda! O que você está fazendo aqui? Quem você pensa que é? - Wesley estava quase igual no dia de sua briga com o irmão.

- O que..? - Tentei dizer algo mas ele não deixou e minhas lágrimas agora vinham com mais intensidade, era como levar uma surra.

- É isso mesmo Katherine! Você sumiu, você se fechou no seu mundinho e agora voltou como se... Como se eu fosse um cachorrinho e estivesse esperando você voltar? - Wesley tinha fala ríspida e quase estava gritando mas o pior é que ele tinha razão e eu não sabia o que dizer apenas coloquei as mãos em minha boca para abafar o choro, porém não funcionou. - Eu te procurei, eu te esperei, eu fui na sua casa todos os dias durante três meses, praticamente acampava lá, tudo para que quando você superasse eu te ajudar, eu te segurar e ser a sua base assim como você sempre foi a minha! Mas minha preocupação com você passou a ser doentio Katherine, eu estava começando a ficar doente por você!

- Wesley...- Tentei mas novamente fui interrompida.

- Eu respirava com medo de você fazer alguma besteira dentro daquele quarto. Eu me sentia inútil! Eu esperei tanto tempo para te ver mas agora que você está aqui eu só me sinto mais ainda destruido. - Então ele se calou e a chama em seus olhos estava acalmando.

- Desculpa...- Murmurei ainda chorando e Wesley abaixou a cabeça sem dizer nada. - Me desculpa...

- Vai embora Katherine. - A voz dele era quase um sussurro e o bafo de cigarro era totalmente reconhecível.

- Desculpa...- Arrisquei um passo na direção dele.

- Vai embora Katherine! - Dessa vez ele gritou, era como uma murro, como se um Machado tivesse se chocado contra meu peito. - Não sou o mesmo Wesley, você não é a mesma Katherine.

Antes que eu pudesse ver já tinha descido a escada e estava desmoronada em lágrimas, eram tantas que eu mal conseguia enxergar. Meu peito suplicava por ar, a garganta se fechava à cada soluço do choro.

Muitas coisas haviam mudado, Sabrina mudou, Wesley mudou, eu mudei. Ninguém era o mesmo. Mas talvez eu fosse A responsável por isso, eu era o monstro, talvez eu merecesse tudo isso.

Eu o perdi, eu me perdi, nós nos perdemos.

- Katherine? - Uma voz mansa me chamou, eu tive a esperança de ser ele dizendo que tinha errado, que foi um tonto e que podíamos conversar, mas não era. - Aí meu Deus. - Murmurou Benjamin que vinha ao meu encontro. Eu devia estar ridícula.

- Não chegue perto. - Consegui dizer.

- Perdão.

Então voltei a caminhar.

- Katherine, já é noite, você pode passar a noite no dormitório com a sua irmã. - Benjamin disse e sua voz calma me irritava.

- Eu não quero passar mais um segundo aqui. - Eu não sabia como conseguia formar as palavras mas saíram e saíram acompanhadas de pisadas para fora daquele lugar que só me trouxe dor de cabeça.

- Katherine, Vou pedir meu motorista para te levar! - Dessa vez ele teve que gritar pois minhas passadas eram longas e precisas.

Não falei nada pois eu realmente precisaria de um carro pois de ônibus eram cinco horas de viagem, apenas continuei a andar, chorando e respirando com dificuldade.

- Apenas pare de chorar. - Benjamin apareceu minutos depois próximo a mim porém ainda com uma distância considerável. Ele parecia preocupado o que me fazia sentir mais raiva.

- Apenas tome conta da sua vida! - Uma resposta baixa porém não me importei.

Benjamin era alto e com dois movimentos chegou perto o bastante para me abraçar e foi o que fez. Eu queria chinga-lo, nossa como queria, mas não tinha forças, as palavras de Wesley ainda atormentavam minha cabeça. Acabei ensopando a camisa de Benjamin de lágrimas então o afastei.

- Nunca mais faça isso. - Falei ríspida, mesmo tendo me aproveitado de seu abraço.

- Eu nunca sei o que fazer quando as meninas choram.

- Faça isso.

- O quê?

- Abrace. Mas não quando a garota for eu.

Então o carro chegou, parecia mais uma limosine, acabei entrando rapidamente sem me importar em despedidas e agradecimentos. Antes de segurar a maçaneta do carro Benjamin a segurou e fechou a porta, através do vidro ele me olhava e continuou olhando mesmo quando o carro deu partida.

A estrada era meio deserta para minha casa, era somente estrada, árvores, escuridão e... Estrelas. Quis quebrar o vidro do carro por isso.

Devia ser madrugada quando o carro entrou na minha rua. Madrugada de nove de Junho quando o carro dos avós de Jacob voltou a ficar estacionado no casarão.

- Para o carro. - Falei com o motorista que pareceu não escutar. - Para o carro! - Gritei e ele freou.

Desci do carro às pressas e caminhei com tanta raiva e força em direção à casa que eu poderia ter rachado o chão. Eu iria gritar, eu iria tirar todas as dúvidas, eu iria descontar toda minha raiva naquela velha rabugenta e certeza que no final da noite eu iria estar chorando trancada no quarto.

Bati com tanta força naquela porta que meus dedos doíam. Droga. Assim que a porta foi aberta um vento passou por mim e encarar aquele rosto velho depois de seis meses me fez ficar tonta e perder a fala.

- Garotinha...- Foi o que ela disse. A voz era  a mesma, era pecado querer enforcar um mais velho?

- O que aconteceu? - Seja forte Katherine.

- O que ?

- Não se faça de sonsa! - Eu já estava ficando alterada.

- Não te devo satisfações. Mas se você quer saber meu marido morreu. Morreu, e eu não vou aturar você falar comigo desse jeito! - Então ela bateu a porta na minha cara porém era como se realmente a porta tivesse atingido meu rosto.

O velho tinha morrido? Aquele que tinha tanta energia? Aquele que me chamou de linda? Aquele que era tão doce e feliz? O avô dele. O avô de Jacob.

O mundo parecia girar e as lágrimas forçavam-se a cair. Caminhei até minha casa sendo somente iluminada pelos postes e quando abri a porta da sala meus pais me esperavam então eu caí feito as lágrimas em meus rostos. Em fração de segundos eu estava ajoelhada no chão em plantos e meus pais vieram à meu encontro.

Naquela noite eu chorei, chorei até não ter por onde mais chorar, chorei até a cabeça doer a ponto de pensarmos que iria explodir, chorei por Wesley, Sabrina, Pela senhora que perdeu o marido, chorei pelo marido, chorei por mim.

Katherine outra Vez.Onde histórias criam vida. Descubra agora