15- Medos

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-Kath...- Cada passo que Wesley dava em minha direção era um gesto a mais de que aquele era o meu Wesley e não aquele viciado que gritou comigo dias antes.
Até que ele chegou até mim e nos uniu com seus longos e musculosos braços em um abraço apertado de onde eu não queria sair.
- Você está bem...? - Wesley encarava meus olhos já molhados com uma feição meio desesperada e eu apenas assenti que sim sem conseguir pronunciar nenhuma palavra, eu estava surpresa demais para aquilo. Eu esperei tanto por esse dia e agora que ele estava ali nos meus braços não conseguia formular uma única palavra. Wesley riu e beijou o topo de minha cabeça. - Me desculpa pela outra noite, eu realmente não me lembro de muita coisa mas lembro de ter sido um babaca egoísta. - Seus olhos escuros quase se perderiam na noite se eu não estivesse tão focada neles.

- Tudo bem... Está tudo bem. - Saiu quase como um sussurro enquanto minhas mãos passeava por seu rosto ainda desacreditada. - Você não falou mais que a verdade e eu não o culpo por isso. - Me afastei um pouco.

- Eu não quero que você concorde com nada que eu disse... eu... - Calei-o com outro abraço.

- Aron está na cidade...- Dessa vez meu tom de voz saiu mais auto e animado.

- É, eu meio que já sei...- Wesley apontou para os fundos e uma figura alta e bonita surgiu na varanda dos fundos. Sorri surpresa e senti meu rosto molhado.

- Não acredito que conseguiu! - Gritei sorridente para Aron.

- Não foi preciso nada mais que uns puxões de orelha... - Respondeu Aron.

- Na verdade, eu já queria vir, Aron só foi o passo psicólogo que faltava. - Wesley riu e eu não resisti me juntando a ele.

- Acho que essa é a minha deixa para ficar com o bonitão ali... - Brianna interferiu na conversa pela primeira vez apontando para Aron e indo ao seu encontro.

Eu e Wesley nos sentamos no balanço e ele começou:
- Me conta tudo que aconteceu para que eu possa me sentir mais aliviado e de alguma forma te ajudar...- Wesley falava de um jeito que parecia estar implorando.

- Não gosto de falar disso... Aliás acho que estou melhorando...- Claro que estava. - E você estar aqui já é uma puta ajuda. - Segurei sua mão gelada e entrelacei nossos dedos, vi Wesley me olhar profundamente e inspirar.

- Eu tive tanto medo...- Começou ele sem me olhar. - Todos os dias em vê-la  sozinha naquele quarto. - Fechei os olhos com força como se aquilo fosse fazer eu me sentir menos culpada. - Até que em certo ponto comecei a me sentir inútil e acabei transformando o medo em raiva. Foi assim que voltei a beber e comecei a...- Wesley parou mas eu já sabia o que ia dizer. Fumar. Ele começou a fumar.

- Desculpa te fazer passar por tudo isso. - Pressionei sua mão colada à minha com mais força.

- Eu que fui egoísta em não pensar na sua versão, aliás a vítima aqui é você... - Wesley me encarou novamente e eu desviei o olhar.

Eu queria falar do bilhete, eu queria dividir aquilo com alguém e melhor ainda se fosse com ele. Pus a mão no bolso de trás da calça e peguei o papel amassado que carreguei o dia inteiro por motivos idiotas que nem eu consegui decifrar.

- Estava embrulhado em cima da minha cama hoje de manhã, enrolada numa pedra como... costumávamos fazer. - Entreguei o papel para meu amigo e ele pegou cautelosamente ainda me olhando.

Fiquei feliz por finalmente mostrar à alguém e mais feliz ainda por esse alguém ser Wesley a única pessoa que realmente eu teria confiança em mostrar.

Wesley abriu o papel amassado com delicadeza com medo de rasga-lo pois ele sabia o quanto aquele papel deveria ser importante para mim.
Vi os olhos escuros do meu amigo dançarem pelo papel ao ler as poucas palavras rabiscadas no mesmo.

Katherine outra Vez.Onde histórias criam vida. Descubra agora