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A casa estava alegre como não via a muito tempo, meus avós vieram para o Natal e Beth também veio passar o feriado aqui junto à minha sobrinha ainda em sua barriga. Wesley e Aron também vieram para o Natal, já que Aron ainda estava brigado com sua mãe e Wesley... Wesley não tinha ninguém.

Karolayne e Wesley toparam deixar suas diferenças de lado para passarmos pelo menos o Natal de uma forma saudável, pois era uma data muito sagrada para meus avós. Tínhamos as tradições de só comer e abrir presentes após à meia noite, por isso achei estranho quando ainda eram nove da noite e Karolyne veio ao meu quarto dizendo ter um presente para mim.

- Você está mesmo curtindo essa de passar a viver a vida adoidado... Não é a sua cara abrir os presentes fora da hora, você é a que mais reclama com isso. - Falei me virando para ela que estava vestida de mamãe Noel com um vestidinho vermelho com bordas brancas, longas botas, um gorro e cabelos soltos, óbvio que não poderia esquecer do casaco pesado por cima.

Nem todo Natal neva aqui, é uma coisa desregulada, essas datas ficam sim mais frias, porém nevar mesmo só ocorre durante dois dias e nem sempre ocorria. Mas nesse ano a manhã de hoje iniciou-se com flocos brancos vindo do céu e fazendo uma manta sobre nosso quintal e janelas, faziam três anos que não nevava e eu parecia mesmo ter esquecido do quão lindo era aquilo.

- Eu ainda sou totalmente contra abrir os presentes antes da meia-noite, mas parece que o Ben não. - Disse Karolayne se aproximando.

- O que? - Falei mais rápido do que pretendia. É que faziam quase duas semanas que não nos falávamos e que não tinha notícias dele, mas agora...

- Ele me deu antes de sair do campus, me fez prometer que iria te entregar três horas antes do Natal. - Então Karolayne tirou a mão de trás das costas revelando um envelope branco e me vi suspirar. - Eu daria tudo para alguém me escrever cartas, acho tão romântico...- Agora foi a vez de minha irmã suspirar.

Imaginei se Wesley mandaria cartas para ela de onde quer que estivesse atuando no exército, mas a coitada mal sabia que ele se alistou e não era eu quem iria lhe contar. Antes que deixasse algo escapar praticamente chutei minha irmã do quarto.

- Ulala, Kath quer privacidade para ler a carta do namorado...- Cantarolou ela enquanto se retirava.

Carta. Uma carta de Benjamin, aquele que cantou para mim, me fez dar risada quando tudo parecia ter se perdido, aquele que me ensinou a tocar piano e apostou em mim quando ao menos eu apostaria... Ben, aquele que não tinha ido, não tinha fugido de mim e a prova estava ali, diante de meus olhos.

Com meus dedos avermelhados e gelados por conta do frio abri a carta e mergulhei em suas palavras.

" Cara Katherine,

Meu avô sempre me disse que é falta de educação começar uma carta falando de seus próprios sentimentos, mas a verdade é que eu me sinto um idiota, não teria como te escrever essa carta iniciando-a de outro jeito. Sei que não gosta de minhas desculpas mas é o que te peço agora, pela minha ignorância de começar a carta falando de minha pessoa e pela ignorância da qual fiz quando nos vimos pela última vez.

A verdade é que não deveria ter expressado meus sentimentos cantando uma música do James Arthur como se estivéssemos em um musical. Eu deveria baixar minhas expectativas e te falar de um jeito menos... menos Benjamin. Desculpas por bater a porta daquele jeito e desculpa por confundir as coisas, não sei o que anda passando na sua cabeça nos últimos dias mas sei que logo será seu grande dia, não quero que isso te atrapalhe, não quero que fique se lembrando de como fui um tolo arrogante por bater a porta daquele jeito ou um mimado por não saber lidar com sua negação, só não quero que se lembre daquele dia.

Katherine outra Vez.Onde histórias criam vida. Descubra agora