Círculo da Libertação

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— Como você sabe?

Isso me pegou de surpresa. Fiquei exaltada.

Bruno desviou os olhos, ainda sorrindo.

— Uma pessoa comentou que ficou surpresa e feliz de te ver lá.
E que você parecia muito animada...

Ele estava com os olhos brilhantes e me analisando agora, parecendo satisfeito. Que inusitado. Ele estava gostando de saber disso?

Como que para sanar a confusão que eu devia ter estampada na cara, ele continuou:

— Nas nossas conversas, Iana, você contou indiretamente muita coisa de você.
E outras diretamente mesmo, mas capaz de você não lembrar!

Ele acrescentou e riu.

É. Para eu falar muito, normalmente só alcoolizada mesmo... E já tivemos pelo menos 2 looongas conversas bêbados e que posso ter feito algumas admissões que esqueci.

Bom, ele também contou coisas que me fizeram perceber que ele era muito mais tranquilo e aberto do que parecia.

Encarei o nada sem saber o que achar, ainda investigando em minha mente o que eu posso ter revelado à Bruno.

Repentinamente surgiu um calafrio na espinha com o toque da ponta de seus dedos no meu rosto.

Eu o encarei assustada.

— Não é como se para mim isso fosse uma grande surpresa, Iana.
Você citou querer experimentar algumas coisas e ir para esse tipo de festa...
Além de buscar liberdade.
Essa Eletro Bomb é bem famosa para quem curte raves e eventos parecidos.
Alguns amigos foram e até me chamaram.

É verdade. Embora nem eu mesma lembrasse, Bruno já me conhecia um pouco — e, melhor, não me oprimia, excluía o assunto ou tirava o corpo completamente se não gostasse da mesma coisa no mesmo nível, como Renan fazia.

Também, não fazia parte da maioria que deveria me ver como alguém quadrada e sem sal, só por eu socializar pouco na empresa. Fato é que não perdia o meu tempo com que eu achasse que não o valia, muito menos falava de mim. Enfim, eu não me abria para qualquer um.

Ele parecia realmente curioso sobre mim, e que me admirava de alguma forma.

E isso era muito gostoso...

Até porque eu também sentia o mesmo por ele.

— E por que você não foi?

A pergunta surgiu naturalmente. Já que ele não se chocava, talvez simpatizasse. E entendê-lo era prazeroso para mim.

— Talvez um dia eu vá, com uma companhia certa...

Seus olhos brilharam em uma pausa.

— O pessoal estava num clima que eu não queria.
Mas não sabia que você ia...

Ele acrescentou depois.

— Fui em cima da hora.
Fui convidada por um dos caras...

Olhei para Bruno de canto de olho, provocando-o sem planejar e percebendo isso.

Ele arregalou os olhos.

Era ciúmes, não era?

Então, respirou fundo olhando para baixo e para mim, com a voz mais tensa.

— Espero que você tenha se mantido segura. Pode rolar muito aproveitamento das situações que alguns ficam, e até assédio nesses lugares.

Eu fiquei dividida entre achar fofo ele fazer um comentário assim, e de me incomodar com uma preocupação que poderia vir a ser sufocante.

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