Predadora

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O meu coração acelerou e as orelhas aqueceram.

Silenciei o celular e olhei para a frente, para a apresentação que faziam agora, mais confiante por ter sido respondida por Igor.

Embora tivesse dado vários comandos para o corpo focar na reunião, em um segundo plano na mente eu começava a imaginar o que poderia falar à ele. Era confuso para mim porque ele disse preferir tomar decisões, mas ao mesmo tempo sentia que, se eu deixasse solto para ele, nada aconteceria.

Respirei fundo. Com Igor eu me incomodava mais de ter a atenção desviada. Não era algo que gostava de admitir para mim mesma...

Não vou respondê-lo já.

Lembrei de Bruno para me animar com a expectativa da noite, e da natureza da troca de nossas últimas mensagens...

Estremeci feliz.

Concentre-se no trabalho!

...

Era praticamente noite quando conclui as aprovações e liberei as tarefas necessárias para o restante da agência. Esse projeto para a farmacêutica realmente estava ficando bom, além de ocupar bastante a minha mente — e isso me animava. Aos poucos, notei estar conseguindo voltar a concentrar uma energia maior no trabalho, o que acredito ser uma coisa boa. Poderia gerar bons — e duráveis — frutos.

Às vésperas do término com Renan e os dias seguintes até hoje, o que me movia e influenciava na minha direção parecia algo... do meu estômago, de dentro, que me chacoalhava. Acho que era a vontade de ser desejada por alguém que eu queria muito, e no magnetismo dele...

De Bruno...

Respirei fundo arrumando as coisas, agitada. Acabei por perceber que não tinha dado mais instruções, então peguei o celular para lhe mandar uma mensagem.

Já havia duas de Bruno lá:

"Sim, senhora! :)"
"Chego que horas?"

Uhmm... Senti-me quente.

Dessa vez não possuía muita pressa, então daria tempo de tomar um banho antes ou algo assim. E, como eu morava sozinha, ele poderia chegar mais tarde e dormir lá sem problemas...

Era 19h24 agora. Respondi:

"21h30."
"E leve roupa pro trabalho de amanhã!"
";)"

Divertia-me com essa postura mandona, saía quase natural para mim. Ao mesmo tempo, adicionei uma carinha piscando para tentar manter uma leveza.

Bruno já havia saído quando fui embora da agência, então a minha companhia era apenas as expectativas e o que eu precisava fazer ao chegar em casa.

...

Abri a porta do meu apartamento elétrica e excitada.

Só a ansiedade já bagunçava os meus pensamentos e me fez parecer uma barata tonta, indo para todos os lados e fazendo meias-coisas sem racionalizar direito, saber por onde deveria começar ou o que deveria concluir primeiro.

Depois da tormenta de movimentos errantes em casa, parei e respirei fundo para tentar ver com maior clareza.

Notei que eu tinha comido meio sanduíche, arrumado metade da casa e até a roupa eu estava ainda de calça e sapato embaixo, mas incompleta da cintura para cima, só de sutiã.

Racionalizei o que era prioridade. O que eu ia fazer?

Como algo instintivo, fiquei com vontade de beber algo...

Não.

Foco.

Queria estar bem ativa para Bruno...

Gerenciando PaixõesOnde histórias criam vida. Descubra agora