Marcas da Independência

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Fiquei sem ar e muda.

Ele riu.

— Você está com vergonha?
Linda!

Deu-me um beijo rápido e pisquei sem jeito, por não ter onde me esconder. Ele sabia me ler e parecia se divertir com o que via agora.

Encolhi-me nele e coloquei os meus braços em seu pescoço, virando o meu rosto para o lado oposto.

Não estava confortável para admitir algo. Devia parecer uma criança tímida agora... Era como eu me sentia.

Houve uma pausa. Senti uma cócega com a sua cabeça pegando nos poucos fios desgarrados dos meus cabelos em volta da minha orelha.

Baixinho, ouvi a voz de Bruno no meu ouvido...

— Quero raptar você lá pra cima...
...mas vamos ter que fazer silêncio...
...porque os meus pais estão em casa.

O meu corpo virou um líquido quente pulsante com essa declaração nesse clima... O coração acelerou e permaneci muda, apenas ouvindo os batimentos na minha mente — agora oca.

Ele deu uma fungada longa no meu ouvido e me encolhi arrepiada.

— Vamos?

Balancei que sim com a cabeça. Era a única resposta possível.

Bruno então se afastou e me chamou para a direção de onde seria o elevador. Só o segui, olhando os pés e o chão.

No elevador, ele ficou quieto e tenso, parado ao meu lado. Apontou com a cabeça e olhos para a câmera lá dentro, acima de nós.

Ficamos calados. Acho que ele estava tentando relaxar e não chamar muita atenção em seu próprio prédio. O meu sentimento era de medo, provavelmente por conta da forte insegurança que me dominava hoje.

Quando chegamos no seu andar, 23°, silenciosamente ele destravou a porta, pediu para eu esperar e a encostou.

Cerca de 30 segundos vazios se passaram. A adrenalina estava começando a me deixar inquieta e com a respiração e coração acelerados.

Ele voltou, abriu a porta e me chamou com a mão.

Estava tudo escuro embora não fosse muito tarde. Senti-me como uma adolescente ao dar passadas na ponta dos pés e em silêncio, para não ser percebida. Ainda bem que os meus sapatos não são barulhentos.

Atravessamos uma sala ampla até chegar em um corredor vazio. O meu corpo vibrava formigante e frio com a possibilidade de ser flagrada. O perigo tinha a sua própria excitação.

Bruno apontou para eu entrar na primeira porta, e entrei.

A luz do seu quarto estava apagada, mas dava para ver que era... Vazio. Bege, branco, porcelanato liso... E os poucos móveis, a cama, uma escrivaninha vazia na janela, um armário e criado-mudo com luminária, bem alinhados e novos, pareciam até que não tinham sido ainda usados. Tinha uma outra porta, acho que era o banheiro. A temperatura era baixa...

Ouvi um clique. Notei, sem virar, que Bruno estava atrás de mim e que agora éramos só nós dois no seu quarto trancado...

A sua respiração ficou ruidosa.

Um arrepio me atravessou cortante. Pisquei sem ar, na expectativa.

Por debaixo da camisa, senti um frio suave e deslizante na lateral do meu quadril...

Ele começou a subir pela minha cintura, na frente, e expandir até virarem duas mãos quentes que viajavam para cima...

Fechei os olhos e expirei tentando relaxar um pouco aquela tensão da excitação que começava a me queimar subindo dos pés e chegando nas orelhas.

Gerenciando PaixõesOnde histórias criam vida. Descubra agora