Gulosa

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— Uhm? — Ele se mostrou surpreso. — Bom demais...! Achei que você precisava descansar um pouco!

Eu não vi o seu rosto, mas sabia que ele piscaria um olho.

Rapidamente me virei e consegui o encarar e, de fato, ele piscou. Era o movimento dele.

Sorrimos juntos, o que fazia um calor expandir aconchegante e vivo no meu peito.

Passei os meus braços em volta do seu tronco gostoso, ambos respirando fundo e se curtindo...

Contudo, a minha intuição dizia que havia alguma verdade não sendo dita...

Como sempre me arrependo quando não dou atenção às minhas desconfianças, comecei a investigar na minha cabeça o que poderia ser, enquanto continuava respirando aconchegada nele.

Uhm...

A minha necessidade de compreensão tornava inevitável eu perguntar, mesmo que nem sempre fazer algo assim parecesse ser mesmo a melhor decisão... Eu não sabia outra forma de fazer isso, então, mesmo temerosa de ser indelicada, fui rápida e direita, como se puxasse um esparadrapo da pele urgentemente para evitar sentir mais dor:

— Você não conseguiu gozar?

Houve uma pausa silenciosa com a minha pergunta pairando no ar, gerando uma tensão muda.

Especialmente com Bruno, era mais difícil eu simplesmente não ser natural — parecia uma certa ofensa à nossa relação eu não ser verdadeira e espontânea com ele.

Mas isso também podia machucar...

Ergui-me dali para ver melhor como estava o seu rosto na frente.

Bruno mexeu-se baixando a cabeça e os olhos, e pareceu tomar coragem através da inspiração profunda do ar antes de falar, mirando o nada com um leve sofrimento aparente:

— Na maior parte do tempo não, mas no final, quis. — Ele comentou devagar e pesaroso. — Por conta do medicamento que tomo... isso é mais difícil.

Uma vergonha me deu um banho frio desconfortável. Não tinha a intenção de tocar em alguma ferida dele... A verdade é que eu queria sempre vê-lo com tesão de mim ou alegre quando estivesse comigo.

É querer demais?

Catei algo na minha cabeça formigando nervosa querendo desfazer esse clima, e dei-me conta de uma coisa:

— Ah! — A minha voz era surpresa e amigável. — Se para você não for problema... para mim é até bom...!

O meu sorriso alargou e as orelhas arderam enquanto eu buscava a compreensão nos olhos de Bruno.

Será que ele já pensou nesse ponto de vista, que isso poderia proporcionar de aproveitarmos por mais tempo? Ou eu que não tinha entendido os pontos negativos bem? Transar por muito tempo e até não aguentar mais é, no mínimo, um problema privilegiado. Ao menos, foi no que pensei agora... E senti-me safada.

Pude ver a sua expressão mudando enquanto digeria o que falei. Erguendo a cabeça agora, encarou-me nos olhos enquanto suas sobrancelhas e feição arquearam para cima completamente.

— Problema? Que problema? — Bruno falou sorrindo e simulando confusão, virando a cabeça pros lados brincalhão, como se procurasse algo.

Eu o abracei de novo e sorri afundada em seu peito, e ele me envolveu de volta.

— Você é... única. — Ouvi Bruno falar aparentemente sem graça.

Recebi um beijo na cabeça e me aninhei aquecida e contente no seu cheiro gostoso, fazendo algum grunhido.

Gerenciando PaixõesOnde histórias criam vida. Descubra agora