Ateando fogo

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— Você está toda arrepiada...

Ele olhava os meus braços recolhidos. Bruno estava com a expressão acesa e a postura rígida.

Ele deu um longo gole na sua água. Estava concentrado.

Esfreguei os meus braços com as mãos me encolhendo um pouco, e ele continuou me observando igual.

Então, começou a sorrir sombrio e em silêncio olhando para baixo e tocando a ponta do dedo indicador na borda do seu copo, contornando-o com movimentos circulares. Ele parecia estar pensando ou tentando mudar o foco, para relaxar, talvez.

Eu tinha receio do que fazer ou não fazer para não permitir que cruzássemos a linha... Não podíamos mais nos tocar porque havia um magnetismo intenso e seria extremamente difícil afastar-nos depois.

Só que simplesmente as minhas visíveis reações involuntárias à atração por ele me deixavam vulnerável e isso era de alguma forma excitante para ele... Bem como eu falar o que penso sobre ele.

O que poderíamos fazer, então?

Comecei a me aquecer pensando na resposta, no que eu queria de fato fazer com Bruno agora sabendo que ele estava com uma ereção por minha causa a poucos centímetros de distância, rígido, lutando para controlar um desejo de me agarrar ali mesmo...

Teria o banheiro...

Tinha o carro...

Certamente alguma escada de incêndio...

Droga!

Concentre-se.

— E está ficando mais avermelhada agora...

Ele havia levantado o seu olhar para mim de novo. Bruno sorria tenso e aparentemente com algum sofrimento.

Saber que ele me observava, lia-me como um livro aberto e ficava excitado, me deixava agoniada agora. É como se eu não tivesse saída e nem o que fazer.

— Já entendi que você vê através de mim... Não consigo esconder. Não sei o que fazer...

Preferi não dizer o que eu estava pensando para não provocar uma reação.

Pelo seu olhar agora preocupado, certamente percebeu que eu estava sofrendo com a situação. Bruno é inteligente, deve ter ligado os pontos de qual seria o motivo pra isso.

Ele respirou fundo lentamente e bebeu o resto de sua água, abaixou o copo e me olhou mais leve.

— Só quero dizer mais que eu acho lindo poder ver cada reação sua... E perceber o quão sensível e verdadeira você é. Isso é bem raro...

Sua voz agora era suave.

Eu me aqueci com isso...

Podia até sentir...

Ternura?

Ele disse:

— Meu único sofrimento é eu não poder agir com você como eu gostaria.

Senti-me um pouco mal por isso...

Continuou:

— Mas, não se engane: estou muito feliz de estarmos aqui juntos. É onde eu quero estar agora.

— Uau.

(Eu falei isso em voz alta?)

Ele riu besta, lindamente.

A energia que vibrava dele pra mim estava doce e leve agora. Provocou uma sensação de preenchimento caloroso que aliviou os meus músculos tensos.

Gerenciando PaixõesOnde histórias criam vida. Descubra agora