Capítulo dois

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Josh

Eu não odeio o natal. Só não gosto de comprar presentes. A questão é, sou um pobre coitado, sem grana, nem emprego e não tenho condição alguma de gastar as poucas moedas do meu cofrinho comprando coisas para os meus amigos. Coisas que, provavelmente, eles nem vão usar.

Meu primo Jack, por exemplo. No natal passado, dei uma bicicleta para ele. Mal sabia eu, que o idiota não sabia pedalar. E na primeira e fútil tentativa, ralou o joelho e quase quebrou a perna. Algumas semanas depois, ele a vendeu numa feira de troca e não me devolveu o dinheiro. Ou seja, gastei meus trocados em vão e acabei ficando mais pobre ainda por desperdiçar meu dinheiro naquele mané que não sabe andar de bicicleta.

Depois desse episódio, deixei de comprar presentes. E é aquela coisa, é dando que se recebe. Mas como eu nunca mais dei nada a ninguém, nunca mais recebi. Consequentemente, o Natal acabou se transformando em só mais um dia comum. Em que você tem que acordar, escovar os dentes, tomar café, trabalhar, voltar para casa, jantar e dormir. Simples assim.

Como eu disse, deixei de ganhar presentes de Natal dos meus familiares. Pelo menos, nesse dia, a única e miserável coisa que ganho todo o ano é um vale presente de pague um, leve dois da biblioteca que fica no meu bairro. Os livros são os melhores amigos do homem, é como eu sempre digo.

Enfim. Como todo dia comum, imaginei que este seria como todos os outros. Acordar quatro e quinze da manhã, devorar uma torrada queimadinha e ir direto para o emprego do meu tio de caixa no supermercado, dar uma de ajudante para descolar uns trocados. Porém, o Natal desse ano resolveu preparar surpresas inusitadas para mim. E por obra do papai Noel e seus duendes do pólo Norte, acabei dando de cara com minha ex amiga, Nora Summer.

Ela é, particularmente, diferente das outras garotas que eu conheço. Não é questão de aparência. A Nora tem o mesmo rosto das meninas de 18 anos. É a personalidade mesmo. Meio radical, meio mocinha. Mimada excessivamente — não diga isso a ela, ou sua língua será arrancada — inteligente e totalmente previsível. Você sabe o que ela vai fazer, antes mesmo que ela pense no que fazer.

Não encontro com ela, desde da formatura do colégio. Meio que nos afastamos. Ou ela quem se afastou. Não sei direito como aconteceu.

A velha Nora costumava gostar do velho Josh. Aquele garoto quatro olhos que usava aparelho. Talvez essa nova Nora, não goste desse Josh.

Não penso nem duas vezes quando me aproximo e, praticamente, imploro abrigo por causa do mal tempo. A previsão estava errada como sempre. O exemplar de as crônicas de narnia que peguei na biblioteca antes de esbarrar com ela, está encharcado. E pelo modo como Nora abre somente um espacinho para mim debaixo do pequena toldo, ela deseja que eu termine de estragar o livro.

A chuva está estalando na calçada e rapidamente me lembro de Elie, a irmã mais velha de Nora. É inconveniente perguntar por ela? Elie me dava carona para o colégio toda semana, então é meio compreensível que sinto saudade. Não me seguro e solto a pergunta de uma vez. Ela morde o lábio antes de responder um seco: "Ainda no Texas".

Faz quanto tempo mesmo que Elie se mudou para o Texas? Ah! Nove longos meses. Não faço idéia do motivo da mudança. Eu só fiquei sabendo de um amigo de um amigo de Elie, que ela tinha pegado um vôo e evaporado de St. John's. Rápida como uma flecha.

Estou pensando na próxima pergunta quando uma movimentação se inicia lá dentro do café. Eu acho que uma mulher gorducha trombou com um casal de velhinhos e não quer se desculpar. Estou envolvido na discussão quando sinto meu ombro enroscar no de Nora. Ela provavelmente acha que não notei, mas percebi quando ela deu um passo para o lado, se afastando.

Depois da formatura, ficamos distantes mesmo.

A discussão termina e o casal de velhinhos vai embora. E a chuva também. Um comentário rápido surge na minha cabeça e não é mentira quando digo que o que provocou a chuva foi apenas uma nuvemzinha boba.

Nora apenas concorda, brevemente, se afastando e saindo debaixo do toldo.

Ela está pronta para dar no pé e desaparecer na multidão gigantesca de St . John's. Sem ao menos se despedir, ela se vira de costas para mim e começa a caminhar.

Tenho que alertar que sou altamente manipulável. E minha boca toma conta da situação sem que eu me dê conta. Por isso fico surpreso até comigo mesmo quando chamo:

— Nora!

Não tão rápido, mocinha.

Apresento a você, caro leitor(a)

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Apresento a você, caro leitor(a)... Josh Will!

Tantas coisa conhecerá sobre esse garoto cabeça de vento e com PhD em tagarelice. Hahaha

Até o próximo capítulo.😉

Uma Noite de Neve |Reta Final|Onde histórias criam vida. Descubra agora