Nora
Na época em que Elie desapareceu, eu não conseguia mais dormir direito. Na verdade, ainda não consigo. Eu tento ao máximo me manter acordada durante a noite, fazendo o que qualquer pessoa com ansiedade faz. Tomar uma xícara cheia de café, banho gelado e ficar sentada no sofá, com o brilho da TV no máximo assistindo a alguma coisa que faça o sono evaporar.
Acho que era o medo. Eu tinha medo de dormir porque acreditava que a qualquer momento, Elie atravessaria a porta do meu quarto e estaria de volta na minha vida. E eu não queria perder a sua chegada. Talvez eu ainda acredite nesse sonho estúpido.
Mas, de algum modo, Josh me fez adormecer. Como se tivesse algum dom de fada e jogasse um bibidi bobidi bu em mim. E a sensação é enigmática e deliciosa. Depois de tanto tempo, grudar os olhos fez falta.
Bem naquele momento, estou habitando memórias na minha cabeça em vários flashs. Meu corpo está desfrutando das mesmas sensações de quando acordada. E até posso me imaginar sorrindo, sentindo o toque dos dedos de Josh sob a minha pele de novo.
Não sei explicar. Estou presa naquela fase da manhã em que você deve escolher se permanece dormindo ou acorda de uma vez. É o nosso subconsciente falando, como se estivéssemos de olhos abertos dentro da própria cabeça.
Imersa em uma escuridão infinita da minha mente, me afogo em lembranças sem perceber. A risada de Josh enche meus ouvidos, ao modo que as memórias se misturam entre os olhos do garoto de cabelo meio ondulado e minha irmã ao volante no carro. Aquele sentimento me sufoca e se transforma no gatilho perfeito que me faz acordar, ao menos sem nenhum sobressalto.
A primeira coisa que vejo são os lençóis velhos do apartamento de Josh, alternando a cor entre vermelho e amarelo por causa do pisca-pisca de Natal. Mas ele não está ali, deitado do meu lado. É o que me faz girar nos cobertores e sentar, um tanto frustrada.
O silêncio pungente preenche toda a extensão da sala de estar. É como se Josh tivesse tido os devidos cuidados e precauções para não causar nenhum barulho se quer e acabar me acordando. Revirando os olhos, me arrasto para fora da tenda mal improvisada e fico de pé.
Tá. Risca a parte silenciosa. Agora que estou completamente acordada e com todos os sentidos de volta ao meu corpo, um barulhinho incomum chama a minha atenção. Automaticamente, viro na direção do corredor estreito, e dou de cara com o chão coberto por algo que acredito ser água.
— Josh? — É puro e simplesmente instinto, quando abandono quaisquer dúvidas do que possam ser aquele líquido transparente no chão, e caminho na direção do som no fim do corredor. Torcendo para que seja somente água, encontro Josh agachado em frente a privada com um cabide meio torto nas mãos, tentando tirar alguma coisa lá de dentro.
Ele toma um leve susto quando me encontra parada no batente da porta.
— Hã… oi. — Josh ergue a cabeça. — Eu ia voltar para lá, eu juro. Só tinha que resolver esse probleminha.
— O que aconteceu aqui? — Cruzo os braços, avaliando os possíveis estragos e deduzindo o que talvez tenha ocorrido antes mesmo dele responder. Josh jogou toalhas no chão para absorver a água e impedir que o banheiro se tornasse uma verdadeira piscina.
— A privada entupiu. — Ele diz, ficando de pé.
— Isso é óbivio. Agora, a questão é como isso aconteceu?
Josh balança a cabeça em constante negação. Ele atravessa o mar de toalhas no piso, se acomodando comigo ali na soleira da porta.
Ok. Temos um problema aqui. O objetivo era ficar no apartamento estranho de Josh Will porque ele tinha comida descente e banheiro para as necessidades. Aquele sanduíche foi a única coisa comestível que encontramos e a privada já era. E não vou dizer em voz alta, mas estou bastante apertada. Segurar até as ruas ficarem livres da neve não é uma opção.
— O que a gente vai fazer? — Procuro os olhos dele na esperança de encontrar alguma idéia sequer ali. Mas Josh está encarando o piso molhado e a privada vazando água.
— Tem a pia da cozinha se você quiser usar.
— Fala sério! — De olhos arregalados, empurro o ombro dele, furiosa.
Que nojento!
— É brincadeira. — Por fim, ele ri, descontraído. Reviro os olhos, apesar de estar sorrindo, me afastando na direção da sala. Josh me segue. — Tenho um plano B, mas acho que você não vai topar.
— Tenho que avaliar minhas opções. — Giro nos calcanhares para encará-lo. Josh tem a velha mania de morder o lábio quando está indeciso. E ele nem percebe que faz isso. — Desembucha de uma vez.
— Ninguém mora no apartamento oito e as janelas não trancam direito. — Ele encara os sapatos. — Nós podemos sair pela janela, subir pelo telhado, ir para o outro lado e entrar pela escada de emergência.
— Está de brincadeira? — Sorrio, cética do que acabei de ouvir. — Você não pode só falar com um dos seus vizinhos?
— Eu não… hã… — Josh ergue os olhos, esfregando as palmas das mãos. — Eu não converso com nenhum.
— Eu não acredito nisso! — Afundo os dedos no meu cabelo, segurando o máximo que eu posso o xixi. Josh é um banana mesmo. Por causa dele, ou eu mijo nas calças ou decido virar uma fora da lei.
O que pode ser pior?
— Tá legal! — Berro, erguendo o dedo na frente do peito dele. — Eu vou ficar muito puta se a gente acabar na cadeia.
Para vocês, o que seria pior?
Mijar nas calças ou acabar na cadeia?Bora dividir histórias constrangedoras?
Conta aqui a maior vergonha que você já passou no colégio.
Me: Eu dancei na frente da escola inteira. Foi muito constrangedor, até hoje tenho vergonha de olhar os vídeos que gravaram. Kkkk
Conta aqui se você já passou vergonha com o crush.
Nora e Josh vão invadir um apartamento, gente!!!
Acham que mora alguém lá?
O que será que eles vão encontrar?
Alguma teoria bizarra? 😉❄
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Uma Noite de Neve |Reta Final|
RomanceCopyright © 2021 por Laysla Ferreira Assim como todo e qualquer fã de papai Noel, presentes e embrulhos coloridos, Nora Summer é apaixonada pelo Natal. Isso se deve ao fato dela ser fissurada em fazer compras, especialmente, nessa época do ano. Para...