— Mãos para cima! — Uma voz que vem da penumbra diz e nós automaticamente erguemos os braços para o alto.
Tem muitas coisas que quero fazer antes de morrer. Essa foi a primeira coisa que pensei quando a luz do cômodo acendeu. Não dá para imaginar muita coisa quando há alguém segurando uma espingarda bem na sua frente, pronto para dar o primeiro tiro. Mas pelo menos o básico, consigo listar mentalmente.
Eu quero aprender a dirigir e ultrapassar a velocidade recomendada. Assim, sei lá, eu imaginava passar uma noite na cadeia só para ver como é.
Eu quero fazer faculdade de medicina, mesmo não tendo nenhuma necessidade emocional de receber o diploma de médica e só me formar porque é o que a minha mãe quer que eu faça e quero que ela sinta orgulho de mim quando me ver usando uma beca ridícula.
Eu quero tomar minha primeira cerveja com algum desconhecido esquisito de um pub, ouvindo ele me dizer para pegar leve enquanto sinto o líquido descer pela garganta, queimando tudo por dentro.
Mas, principalmente, de todas as coisas que quero fazer antes de bater as botas, por mais bizarro e inconveniente que seja, nesse momento, eu quero beijar o Josh.
— Quem são vocês?
Respiro fundo, puxando o ar depressa, desembaraçando o alfabeto na minha cabeça e tentando desesperadamente pronunciar o meu nome. Mas a voz não vem. Quando acho que será o meu fim, Josh intervém por nós dois.
— Essa aqui é a Nora. — Ele aponta para mim. — Eu sou o Josh.
Agora com a claridade pairando no ambiente, eu passo a observar a situação em que nos metemos de outra maneira. Os donos do apartamento não aparentam ser violentos e ferozes, mas na verdade, são ingênuos e até mesmo acredito que não façam mal a uma mosca sequer.
Eu pisco, tola por me sentir uma medrosa. Estou com o coração acelerado e as roupas encharcadas graças a um casal de velhinhos. Um homem baixinho e barbudo de cabelos grisalhos segura uma espingarda na frente do peito apontando-a na nossa direção. Uma mulher de cabelos curtos e esbranquiçados pela velhice evidente está disposta ao seu lado, segurando um balde d'água nas mãos. Ela é a responsável por estarmos ensopados.
— Eles são apenas crianças, Tim. — A mulher reconhece, alternando os olhos entre mim e Josh. — São inofensivos.
— Eles invadiriam a nossa casa, Janet. — O homem com o olhar estreitado contradiz. — Pegue o telefone e chame a polícia.
— Não! — Me surpreendo até comigo mesma quando minha voz surge das sombras e a primeira atitude que ela toma é berrar. — Não somos invasores. Eu sinto muito, só queríamos usar o banheiro.
— Então por que não bateram na porta, querida? — Janet dá um passo a frente, hesitante. O marido ainda desconfiado segura a calda de seu pijama impedindo-a de prosseguir. — Abaixe essa arma seu brutamontes esquentadão. Eles são crianças, Tim!
O poder sobrenatural de uma mulher de se sobrepor a um homem. Sempre me surpreendendo.
De repente ele se rende, deixando o bico da espingarda descer até o carpete, me fazendo finalmente suspirar aliviada.
— Achei que ninguém morasse aqui. — Josh se explica em um sussurro e o casal retorna a atenção para nós.
— E esse é o pretexto fajuta de vocês para quebrarem o vidro da minha janela? — Tim acusa com um revirar de olhos, dando meia volta e saindo do quarto. — Essas crianças de hoje em dia!
Viro-me para Josh, procurando alguma resposta, mas a única coisa que encontro é um ponto de interrogação gigante estampado no seu rosto.
É para darmos o fora por onde entramos ou para seguir o velho?
Como quem leu a minha mente, a mulher se apronta em responder:
— Venham comigo. E vocês precisam se esquentar. — A passos de bebê, ela caminha porta afora. — Desculpe pelo banho.
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Um aesthetic para aquecer o coraçãozinho de vocês:
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Super fofos, né?❤
E aí? Aprovam o capítulo de hoje?
Queria pedir a opinião de vocês. Avaliem, por favorzinho, com uma nota de zero a dez, como acham que a história está indo até aqui. Ficarei grata ;)
O que acham que vai acontecer agora?
Alguma teoria sobre o que os velhinhos vão fazer com Nora e Josh?
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E vamos de jogos? Vou testar a coragem de vocês.
Se um invasor entra na sua casa, o que você faz? Pega uma espingarda ou um balde d'água?
Se uma barata aparece, o que você faz? Chama alguém para matar ou mata você mesmo?
Se você quebra algo de valor da sua mãe, o que você faz? Vai lá contar para ela e pedir desculpas ou esconde até que ela mesma descubra?
