Capítulo sete

142 91 35
                                    

(Clique no vídeo, aumente o volume e sinta o capítulo)

Nora

— Por que não tem nenhuma decoração de Natal?

Estou enrolando os bonequinhos dos personagens em plástico bolha e guardando-os, cuidadosamente, dentro da caixa de papelão que Josh encontrou no armário de vassouras. Enquanto o próprio Josh está tentando concertar um toca-fitas antigo de um jeito desengonçado. Ele já cortou o dedo duas vezes.

— Hã... eu adoro o natal. — Ele responde, mordendo o lábio. — Eu só... bem, esse ano estou duro. Não tenho nenhum trocado para comprar um mísero gorro de natal.

— Eu sinto muito. — E estou sendo sincera. Deve ser horrível passar o melhor dia do ano sem toda a animação e a alegria eufórica de comprar decorações e presentes natalinos.

— Está tudo bem. — Josh sorri, baixando os olhos para o toca-fitas. — Consegui concertar essa coisa! — A velha tática de mudar de assunto.

Ele salta de uma só vez do chão e ergue o aparelho para cima dando curtos pulinhos de felicidade. Outra coisa que Josh é fascinado depois de livros de fantasia e admiro isso nele, é sua pequena obsessão por música. E eu, secretamente, acredito que nessa época do ano, ele seja um daqueles fãs de canções natalinas.

Com um sorriso de ponta a ponta, Josh abre uma das três gavetas da mesinha do abajur e retira de lá uma fita cassete velha. Ergo um pouco a cabeça, tentando enxergar o nome mal colado na frente dela. Em garranchos indecifráveis, embalado em durex, o nome diz: "Só toque no Natal."

— Quer ouvir alguma coisa enquanto empacotamos tudo? — Josh se vira para mim, balançando a fita no ar. Acento, com um sorriso torto.

Sou apaixonada por músicas. Especialmente as de Natal. Não faz mal escutar algumas letras enquanto guardo coisas estranhas de um ex amigo de colégio numa caixa de papelão, né?

A primeira da lista é a clássica das clássicas.

Não consigo não rir quando Jingle Bells começa a ecoar pelo minúsculo apartamento.
Movendo-se ritmicamente, à medida que a música toca, Josh inicia o típico movimento de estalar os dedos. Com as pernas um tanto flexionadas, ele joga os cabelos meio ondulados de um lado para o outro e faz um gesto na frente do peito tocando uma guitarra imaginária como se estivesse em algum tipo de show de rock.

Até meus próprios pés falam por si só, quando começo a balançá-los devagar. Meus lábios se arrastam em um meio sorriso, enquanto observo Josh fechar os olhos. E quando acredito que ele vai parar de se humilhar fazendo isso que chama de dança, ele inicia movimentos circulares com as mãos e contorce o corpo para frente e para trás em um rebolado sutil. Então, eu desato a rir.

Definitivamente, ele não sabe dançar.

No segundo ano, a nossa professora de teatro deu uma repaginada em A noviça rebelde implementando com alguns passos de dança diferenciados. Ela teve que colocar Josh para cuidar da iluminação, porque ele não conseguia de jeito nenhum acompanhar os demais alunos.

Eu gosto da sensação de observá-lo dançar. Mesmo de um jeito desleixado, como se estivesse se debatendo. Me faz sentir como se eu estivesse assistindo a alguma apresentação insana na Broadway. Claro, se bem que a Broadway nunca vai querer que Josh Will coloque seus dois pés esquerdos no gigante palco.

Atrás dele, pela janela, observo a neve cair lá fora. Só sendo a magia do Natal mesmo que nos uniu de novo debaixo daquele toldo do café. Eu vou esfolar o papai Noel quando esbarrar com ele por aí um dia.

Antes que eu me dê conta, Josh está com a mão erguida na minha frente e com aquela expressão sugestiva no rosto.

— Dança comigo? — A pergunta sai mais como uma afirmação.

Nego, freneticamente, com a cabeça. Assim como ele, sou péssima até no dois para lá, dois para cá. Mas Josh é bem mais forte do que eu e me puxa com facilidade por mais que eu sustente meus pés no assoalho.

Ao som das últimas notas de Jingle Bells, giramos de mãos dadas na pequena sala do apartamento. Quase quebrei o abajur quando Josh me jogou para trás e, praticamente, me obrigou a mexer os quadris. Nunca ri tanto por causa de uma música de Natal, um objeto quase destruído e um ex amigo de colégio que é péssimo dançarino.

 Nunca ri tanto por causa de uma música de Natal, um objeto quase destruído e um ex amigo de colégio que é péssimo dançarino

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu não sei dançar muito bem. Sou toda atrapalhada. Kkkk

E vocês? São bons dançarinos? Ou são mais uma versão esquisita de Josh Will?

Uma Noite de Neve |Reta Final|Onde histórias criam vida. Descubra agora