Capítulo dezesseis

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Josh

Pensando bem, teria sido bem melhor se eu não tivesse aberto a minha boca e sugerido a idéia de entrar no apartamento. Somos, praticamente, criminosos agora e eu não tenho certeza se ninguém mora lá. Talvez, já tenha sido alugado e o filho da mãe do Todd não me contou.

Nora abre a janela da cozinha e o vento carrega uma sensação gélida para dentro do ambiente. Somos atingidos por partículas de neve no rosto e eu me aperto nos três casacos grossos que estou usando. Coloco os óculos de mergulho que achei no armário de vassouras e dei para a Nora um que pessoas usam nesses laboratórios de química. Sei lá como Todd tem aquela coisa.

Nora levanta os polegares cobertos por luvas de cozinha como quem diz: vamos nessa! E assim, ela sobe na pia de ferro gasto, passa uma das pernas pela janela e depois o resto do corpo, finalmente, se abrigando no lado de fora do prédio.

Agora não tem mais volta. Que se foda!

A rua está em um silêncio profundo e os únicos sons possíveis de ouvir são nossos pés batendo na ferrugem das escadas enquanto subimos. O terraço está, completamente, coberto por neve e o chão escorregadio por causa do gelo. Nora agarra a minha mão para não deslizar e acabar caindo, e enquanto atravessamos toda a extensão do terraço até o outro lado, estou tentando fingir que não senti nada com aquele ingênuo toque.

O céu está iluminado de estrelas, pequenas massas de ar a milhões e milhões de quilômetros que cobrem a imensidão azul escuro acima de nós. Eu tenho que confessar, é a noite de neve mais mágica da minha vida. E posso até soar como uma garotinha falando, mas meu coração falha uma batida ao imaginar que só faltam mais algumas horas para o amanhecer.

Quando chegamos às escadas de incêndio do apartamento oito, não estamos mais de mãos dadas e eu odeio não sentir mais a pele dela contra a minha, apesar da luva grossa de cozinha as separando.

Me inclino na beira para observar a rua lá em baixo. Não consigo enxergar as calçadas de tanta neve. Nem mesmo os carros. Os prédios coloridos são um borrão branco no bairro. A nevasca de fato devastou St. John's sem dó, nem piedade.

— Josh, a janela está congelada! — Volto minha atenção para Nora, que está agachada em frente a janela, tentando desesperadamente abri-lá.

Eu já disse uma vez que sou altamente manipulável por uma situação. Esta em questão, me transformou em um santo à um arrombador de casas. Por isso, não penso nem duas vezes quando pego um tijolo jogado ali na escada de incêndio por causa das construções que estão fazendo essa semana e arremesso contra a janela.

Com o susto, Nora dá um salto, ficando de pé.

— Você está maluco!?

— Você queria usar o banheiro, não é? — Dou de ombros, passando a mão pelo buraco que fiz no vidro e destrancando a janela. — Estava só trancada. Vamos, vamos, vamos!

Apesar de negar freneticamente com a cabeça, Nora desisti de ficar para trás sozinha no frio e pula para dentro do ambiente.

Esbarro em uma cômoda assim que meus pés atingem o solo. O que ilumina o lugar é a luz que vem de um poste da rua.

— Se eu for para cadeia… — Nora sussurra, tirando as luvas de cozinha das mãos. — Eu mato você.

— Relaxa. — Me apresso em retirar os óculos do rosto. Agora enxergando bem, o quarto não está vazio. Uns móveis de segunda mão, como um quarda roupa de madeira, a cômoda em que esbarrei e um sofá pequeno e rasgado preenchem o espaço. Secretamente, estou torcendo para que sejam as coisas dos antigos moradores.

— E o que fazemos agora?

— Vamos até o banheiro. — Respondo o óbivio. — Não é para isso que viemos aqui? Para satisfazer as necessidades fisiológicas de Nora Summer.

— Você é um pateta, Josh. — Ela ri, enquanto desabotoa agilmente o casaco grosso e o tira do corpo. Faço o mesmo. — Mas obrigada. Por arriscar a própria conduta moral só para me ajudar a fazer xixi.

Não consigo não rir quando ela diz a palavra xixi tão naturalmente. Estamos rindo baixinho, encarando os lábios um do outro. O som abafado do meu pé atingindo o chão é o que ouço quando dou um passo na sua direção. Nora não recua. Estou preparado para erguer a mão e acariciar o seu rosto. A próxima coisa que escuto é o som de uma espingarda sendo preparada para dar o primeiro tiro e depois somos atingidos por litros de água dos pés à cabeça.

 A próxima coisa que escuto é o som de uma espingarda sendo preparada para dar o primeiro tiro e depois somos atingidos por litros de água dos pés à cabeça

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Eita, tinha gente no apartamento e agora? Kkkk

Tava quase rolando um kiss. Vocês iam surtar se eles se beijassem, hein?

Não fiquem tristes, um beijasso tá chegando...

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Escreva a primeira coisa que vir na sua cabeça!

Uma música.

Um livro.

Uma celebridade.

Um personagem favorito deste livro.

Alguém especial.

Tô de olho em quem responder todas. 👀

Uma Noite de Neve |Reta Final|Onde histórias criam vida. Descubra agora