Adelaide 2

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Tema do RPG: Harry Potter

Personagens principais: Adelaide

Anos que foi escrito: 2019

      Adelaide queria poder dizer que já havia conseguido suportar o castelo e todo seus habitantes. Porém, fazê-lo seria uma mentira nua e crua, talvez inclusive se tornasse a mentira mais verdadeira e perfeita que alguém já emitiu nesse mundo - ela o seria por nenhuma outra mentira se igualar no nível de sua desverdade.
      A loira não acha necessariamente que a escola é a pior que existe. Ela ainda agradece não ter parado em Ilvermory ou Koldovstoretz, ela podia muito bem ter acabado em meio aos trogloditas que voam com troncos de árvores invés de vassouras, como as pessoas normais. Se isso tivesse acontecido, aí realmente estaria se revoltando.
       Mesmo assim, não consegue parar de se irritar, seja com seus colegas de turma e seus costumes britânicos estranhos, seja por não estar Durmstrang como queria.
       Quando descobriu que não iria para sua escola favorita, como era seu sonho, fez o que qualquer pessoa em sua situação faria, leu todos oa livros sobre Hogwarts que conseguiu encontrar, inclusive lendo mais de uma edição de "Hogwarts, a história", para ver se algo acabou sendo excluído de uma edição à outra.
       Em todos os livros que leu sempre esteve presente o sentimento de extrema satisfação, felicidade e nervosismo que toda pessoa sente ao ter sua casa escolhida pelo chapéu, sentimento aos quais ela nem ao menos sentiu. Única coisa que sentiu nesse momento foi tédio, talvez inclusive frustração.
        Quando escutou o chapéu gritando sua casa, Sonserina, sentiu apenas satisfação, porque sempre soube que esta seria sua casa. Desde então, tem vivido com seus colegas de casa nas masmorras, se impressionando o quanto os alunos desta escola acreditam que são superiores por estudarem na "melhor escola do mundo" na percepção deles. Cada vez mais a garota sente falta do local onde realmente queria estar.
        Adelaide acordou extremamente cedo, como virará seu costume, para ignorar o máximo de pessoas possíveis. Correu para o banheiro, tratando de sua higiene pessoal o mais rápido possível. Quando finalmente terminou, colocou uma roupa qualquer, um manto azul escuro de seda que caiu perfeitamente no corpo dela, ajeitando todos os mínimos detalhes, para nada estar fora de lugar. Pode estar odiando cada segundo do lugar, porém, ela se recusa ser vista menos que perfeita.
       Ela parte da sala comunal assim que termina de se arrumar, andando com passos apressados, escutando seu caminhar ecoando pelo longo e gélido corredor.

        -Du, du bist das, was wichtig ist... -Começa a cantarolar em sua língua natal, a nova música que sua banda mágica alemã favorita acabou de lançar.

       Adelaide percorre os últimos degraus que levam para o Hall de entrada e logo em seguida para o salão principal, novamente quieta, por medo de alguém a escutar cantando.
        A sonserina abre a porta, se deparando com mesas recém postas e meia dúzia alunos, quatro destes da casa azul e o resto da amarela, sentados em suas mesas já se alimentando. Ela anda rapidamente até o canto oposto da mesa, para que outros sonserinos não tenham que passar por si e para que possa focar em algum de seus livros.
        Ela senta respeitosamente no banco, colocando inicialmente pequenas porções de cada coisa em seu prato. Mesmo que tivesse mudado de país, não ia deixar de fazer um costume seu e de seu país, de comer um café da manhã reforçado.
       "O que será que vai acontecer hoje? Será que vai demorar muito para voltar?" Pensa, colocando geléia de morango em uma torrada e logo em seguida mordendo. Como se esperasse apenas que estivesse com a boca cheia, um de seus colegas se aproximou, a desejando um bom dia, o que a forçou a engolir rapidamente sua comida sem nem ao menos mastigar direito.

-Bom dia. -Fala com seu inglês falho, por não o usar muito e não ser fluente, enquanto acena com a cabeça e volta a comer, abrindo um de seus livros, um dos poucos elementos que trouxe consigo para a escola, e o deixa aberto do lado de seu prato, para que possa ler.

        Algum tempo depois, quando enfim terminou de comer, Adelaide limpa elegantemente a sua boca com um guardanapo, se levantando logo em seguida. Por não saber para onde precisa ir, a alemã coloca seu livro em sua bolsa, olhando ao redor a procura da lareira.
       Quando enfim a encontra, anda até lá com sua coluna ereta e olhando levemente para si, o que dá a percepção de superioridade, mesmo que não se sinta assim. Ao se aproximar do local, nervosa, lambe um pouco seus lábios e pega um punhado de pó de flu, se colocando dentro da lareira logo em seguida.
       Adelaide nunca fez compra alguma sem pelo menos um de seus pais, ou seu irmão mais velho, presente, ser obrigada a fazê-lo nesse momento estrava a estressando muito, tanto pelo a aspecto das compras e sua incapacidade de falar inglês direito, quanto o fato de a Rede de Flu ser extremamente sentimental, seguindo exatamente o que entende que o bruxo diz. Isso não seria um problema se estivesse na Alemanha e tivesse que dizer um nome alemão, mas estão na Inglaterra e ela precisa dizer uma palavra que não conhece, com a certeza que irá o pronunciar errado e o pavor de que acabe sem querer em outro lado do planeta. Ela não deixa de anotar que é extremamente irresponsáveis os professores dessa maldita escola mandarem uma estrangeira que nem ao menos sabe a língua, para ir sozinha por um meio de transporte tão inconsistente, porém, ela se recusa a pedir ajuda, não é de seu feitio.
        Adelaide pensa seriamente em dizer "diagonale Gasse" e acabar na Alemanha para fazer sua compras, mas se o fizesse, estaria desrespeitando o que os professores mandaram e se esta escola for como Durmstrang, não se quer fazer isso.

       _-Be...co... Beco Diaa..gonal?_ *-Ela fala incerta a palavra que não conhece, fechando os olhos logo em seguida, apavorada de estar indo pro lugar errado.

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