Nas Mãos de Yurem

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A caminhada de volta para o castelo se tornou em uma corrida na metade do caminho. A pressa para tirar Madara daquela cela era tanta que não pararam para almoçar ou fazer qualquer outro tipo de refeição durante o dia, porém, ainda assim, não conseguiram chegar antes de o sol se pôr. Faltando poucos minutos para o escurecer, foram obrigados a parar no mesmo lugar em que Izuna e Tobirama fizeram uma rápida pausa no dia anterior. Estavam entre as árvores, porém, também próximos a estrada. O silêncio dominava o lugar, e por conta do horário, nenhuma pessoa além dos três estava aos arredores. Graças a isso, puderam abaixar os capuzes sem problemas e se acomodaram ali mesmo.

Enquanto Tobirama ajudava seu An-chan a juntar gravetos para acenderem uma fogueira, o príncipe mais novo lembrou de quando se sentou de costas para Izuna naquele mesmo lugar. O arrependimento por tê-lo tratado de qualquer maneira voltou a cutucá-lo e lançou um rápido olhar em direção a ele. Izuna estava estranhamente quieto enquanto organizava os alimentos que haviam carregado até ali — e que já estavam quase no fim. Ele se mostrou animado após a conversa que tiveram com Hashirama, porém, com o passar das horas, se tornou silêncioso e apenas os observava interagir.

Quando seu irmão fez um bobo comentário sobre a fogueira para Izuna, Tobirama não resistiu em cutucá-lo com uma provocação. Como sempre, Hashirama fingiu estar ofendido e devolveu as palavras com outras ainda mais tolas. No fim, acabaram rindo daquela discussão idiota, e foi quando Tobirama finalmente notou qual era o problema ali. Izuna os observava mais uma vez; um sorriso fraco estava em seus lábios, porém, seus olhos não sorriam. Ele estava triste, e o motivo finalmente foi óbvio para o príncipe de cabelos claros. Mesmo com palavras tão otimistas e belas como as que disseram antes de prosseguirem, sabiam que nem sempre a realidade condizia com os desejos que tinham. Eles queriam ajudar Madara, porém, era difícil dizer se, mesmo com Hashirama vivo, teriam como convencer o rei de que o ex-capitão era uma vítima de sua mãe e tio, assim como todos eles.

Tobirama sabia que seu irmão mais velho podia dar um jeito nisso, mesmo sem saber o que se passava na cabeça dele naquele momento, então, estava mais otimista do que normalmente estaria. Ele sabia, pois o conhecia muito bem, porém, Izuna não tinha conhecimento das capacidades de Hashirama, era por isso que não conseguia focar na esperança que levavam de volta para o castelo.

No exato momento em que Tobirama compreendeu o que estava acontecendo, Hashirama se afastou de ambos, dizendo que iria procurar mais galhos para usarem durante a noite, mas o príncipe mais novo sabia que ele havia notado que algo estava errado e que precisavam de um tempo sozinhos. Obrigado, An-chan, Tobirama o observou sumir entre as árvores, e logo se aproximou de Izuna, que estava agachado e arrumava os galhos para iniciar a fogueira. Tobirama se abaixou ao lado dele e recebeu um rápido olhar.

— Está tudo bem? — Perguntou com o tom de voz suave.

Izuna balançou a cabeça para cima e para baixo devagar, sem o olhar nos olhos. Ele continuou a arrumar os galhos sobre o chão, mas Tobirama roubou sua atenção ao tocar-lhe o queixo, levantando sua cabeça, que virou em sua direção. Ele finalmente o olhou, mas sem jeito enquanto tentava sorrir, porém, não conseguiu passar de um leve tremor em seus lábios.

Vê-lo daquela maneira era completamente desagradável, e sentiu um incômodo em seu peito. O príncipe tirou a mão do queixo do soldado e a direcionou para a bochecha, a acariciando devagar enquanto encostava os joelhos sobre o chão e ficava um pouco mais próximo.

— Está preocupado, não é? — Perguntou o óbvio.

Izuna deixou a resistência de lado no momento e balançou a cabeça positivamente.

— Nós iremos ajudá-lo, pequeno.

— Eu sei — respondeu Izuna em tom baixo. Ele segurou a mão em seu rosto e fechou os olhos por poucos segundos. Quando voltou a abri-los, sorriu de maneira fraca e se sentou sobre o chão. — Eu confio em você — afirmou ele — e mesmo tendo conhecido seu irmão apenas hoje, sinto que também posso confiar nele, mas... não consigo tirar da minha cabeça que algo dará errado. Eu...

O Herdeiro De EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora