02/08/1105 - 23:50h

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Acordei cedo e completamente animado. Finalmente poderia ir para casa e visitar meus pais. Estava com muita saudade deles e a ideia de levar Madara junto me deixou mais ansioso — ainda que fosse apenas um sonho naquele momento. Me arrumei com pressa, mesmo sabendo que ainda estava escuro lá fora, e não poderia sair até que o sol se levantasse. Eu só queria ter certeza de que estaria pronto, assim que pudesse sair do castelo.

Não havia muito para arrumar, mas ainda assim, chequei duas vezes a sacola que Tobirama havia me entregado ontem. Ele apenas disse que era para minha mãe, e tentei não me render a curiosidade, mas foi impossível para mim. Segredos não são algo com que consigo lidar, mesmo sendo algo tão pequeno como um presente. Eu abri a sacola na segunda vez que mexi em minha mala. Uma bela caixa estava ali, e dentro pude ver pequenos potes com líquidos amarelos. Parecia mel, mas o cheiro me lembrou chá, um que Tobirama sempre toma. Não consegui identificar exatamente o que era, mas me parecia ser um presente caro. Me preocupei por presenteá-la com algo que denunciasse que ele podia dar aquele tipo de coisa, mas ao mesmo tempo sorri satisfeito, por notar que Tobirama se importava com ela. Me lembrei das vezes em que ele esteve em nossa casa, e ambos conversaram por bastante tempo. Minha mãe o adora, e me lembrar dela quando falava dele me deixou ainda mais ansioso para vê-la.

Também estava ansioso para ver meu pai, é claro. Fiquei a imaginar qual expressão ele faria, quando me visse entrar em casa vestindo meu uniforme. Ele provavelmente choraria de orgulho, e pensar isso me arrancou uma baixa risada.

Quando finalmente o céu estava se tornando claro, saí do meu quarto. Fechei a porta com calma e tentando não fazer muito barulho, pois ainda era muito cedo. O corredor estava quieto, como era de se esperar, mas uma voz ao meu lado quebrou o silêncio e me assustou tanto que soltei minha mala. Porém, ela não chegou a cair no chão. Madara a pegou, antes que caísse e riu em tom baixo ao entregá-la para mim.

— Está tentando me causar um ataque cardíaco? — Sussurrei nervosamente, enquanto pegava a mala.

Madara riu mais uma vez, e só então reparei de verdade nele. Meu coração bateu um pouco mais rápido e sorri esperançoso em sua direção quando vi que estava vestido como eu. O uniforme negro com detalhes em vermelho é usado por nós apenas em eventos ou quando precisamos sair do castelo. Em ambas as situações, o traje deve ser vestido quando não estamos a trabalho, apenas para sermos reconhecidos. E Madara estar o usando naquele momento, significava que estava de saída, e eu esperava que fosse para me acompanhar.

— Você... — eu disse em tom baixo.

— Por todos esses anos eu também desejei vê-los e abraçá-los mais uma vez — Madara sorriu um pouco sem jeito enquanto falava. — Estou um pouco nervoso por aparecer por lá depois de tanto tempo, e porque um pirralho como você acabou me convencendo — ele fez uma expressão desgostosa e ri em tom baixo. — Mas, ainda assim, sinto que me arrependerei se não for agora. E você também não largaria do meu pé, não é mesmo? — Eu assenti enquanto sorria largamente e Madara revirou os olhos. — Não posso ficar o dia todo, mas... irei com você — ele afirmou um pouco acanhado.

Naquele momento, me senti completamente orgulhoso dele, e imaginar o quanto nossos pais ficariam felizes em vê-lo me deixou ainda mais animado.

Quando alcançamos os grandes portões do castelo, Madara me olhou com nervosismo e antes de cavalgar para o lado de fora, sorri de modo encorajador para ele, que me seguiu hesitante.

— Você não deveria ficar tão nervoso — eu disse enquanto cavalgávamos um ao lado do outro —, é apenas a mãe e o pai.

— É exatamente por isso que estou assim — ele respondeu com a expressão séria. — A mãe irá me matar por aparecer apenas agora.

O Herdeiro De EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora