28/07/1105 - 18:30h

191 33 15
                                    

Eu vi Madara hoje de manhã.

Tobirama teve uma reunião com seu pai e o conselho para falar sobre o baile, e enquanto o esperava do lado de fora, vi meu irmão ao longe. Ele estava conversando com outro soldado quando nossos olhares se encontraram. Não pareceu que estava com raiva ou feliz, era o Madara de sempre, o que me fez estranhar. Achei que estaria furioso comigo, mas aparentemente não estava.

Nós não conversamos ou nos aproximamos hoje. Existem dias em que não nos vemos e recebo ordens apenas de Donofir, mas sempre que nos encontramos, Madara ao menos se aproxima para me cumprimentar, mas hoje ele apenas sorriu minimamente para mim antes de dar as costas e ir em outra direção juntamente com o soldado.

Foi estranho, e me trouxe ainda mais dúvidas. Madara realmente pretendia fingir que nada havia acontecido? Se sim, por quê? Mais uma vez me perco em confusão. Ele obviamente tem grandes motivos para agir assim, e se não me disse, pode ser por seu costume de querer me deixar fora de vista no castelo.

Meu irmão aparenta se preocupar com minha segurança, mas acho que ele tenta me proteger de maneira errada. Se ele me dissesse o que se passa em sua vida, seria mais fácil de nos protegermos, seja lá do que for.

Quanto a Tobirama, mal conversamos hoje. Ele ficou ocupado na maior parte do tempo, e devo admitir que me senti aliviado por isso. Tudo o que mais quero é ficar com ele, mas ainda não consigo encará-lo com confiança. Quando ele tocou apenas meu braço durante a manhã, senti-me fragilizado, e minha imaginação voltou para ele e Yurem. Isso é péssimo. Não quero esconder coisas dele, e sei que meu medo sempre me atrapalha, por isso tenho consciência de que precisamos conversar em breve. Quero tirar esse sentimento do meu peito, voltar a olhá-lo nos olhos e me sentir seguro novamente. Eu sei que posso fazer isso, só me falta a coragem de encará-lo.


29/07/1105 – 23:30h

Tobirama estava de bom humor quando cheguei durante a tarde. O rei aprovou todas as sugestões para o baile, e ele se sentia satisfeito por ter agradado seu pai. Fiquei feliz em vê-lo animado novamente, e meu peito se esquentou quando o largo sorriso dele se direcionou a mim enquanto contava sobre o assunto.

Não estávamos sozinhos naquele momento. Tobirama havia recebido um belo quadro de um duque como presente, e dois homens estavam ali para pendurá-lo na parede em frente a sacada, ao lado da cama. Mesmo não podendo nos aproximar mais que aquilo, ele falava abertamente. O jeito de ele agir me fez pensar no que estava sentindo nos últimos dias, e aquele sorriso me trouxe um novo sentimento.

A partir de certo ponto, não consegui mais ouvi-lo, apenas observava seu belo rosto e os lábios se mexendo devagar. Eu queria prestar atenção no que estava sendo dito, mas minha mente viajou por um tempo. Naquele momento, eu percebi que, mesmo se a história de Yurem ainda me incomodasse, ficar afastado e evitar seus toques seria um grande erro. Aquele sorriso me fez pensar que nada importaria, se eu ainda pudesse vê-lo todos os dias. Me fez sentir vontade de tocá-lo novamente, de ouvir suas doces palavras que eram ditas quando estávamos a sós. Naquele momento, não me importei com Yurem, Madara ou a rainha, só queria saber dele e o quanto me fazia bem. Ele sempre cuidou de mim e demonstrou interesse, e me perguntei se Tobirama podia sentir o quanto eu também me importava.

— Zuna — ele tomou a minha atenção me chamando pelo apelido do qual havia surgido recentemente.

Olhei para ele, ainda um pouco perdido em meus pensamentos e senti-me ansioso quando vi que se aproximava de onde eu estava sentado. Tobirama se apoiou nos braços da poltrona e inclinou o corpo para a frente, encostando a testa sobre a minha.

O Herdeiro De EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora