A Última Felicidade

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Ele voltou a enrolar o pergaminho lentamente. As mãos estavam trêmulas, e foi com muito esforço que conseguiu guardá-lo na gaveta da pequena mesa sem que ele fosse molhado pelas lágrimas que começaram a escorrer de seus olhos, assim que leu aquela última frase.

Nos três dias que se passaram, tal comportamento se tornou comum. Ele entrava no quarto em silêncio, observava a face adormecida sobre a cama e com receio de se aproximar, puxava a cadeira de frente para a pequena mesa e se sentava, voltando a olhá-lo por mais algum tempo, até que as mãos, criando vida própria, iam até a gaveta e abriam um dos pergaminhos.

Ele ficaria furioso se soubesse, o jovem se pegava pensando nisso sempre que começava a ler as primeiras frases. Mas não achava que ler seus pergaminhos era pior do que havia feito para o outro. Em sua mente, nada seria pior do que fez dias antes de terminar de ler o último pergaminho que Izuna havia escrito.

Ele estava inconsolável, e aquela última frase o deixou ainda mais destruído por dentro. O mudo choro que o acompanhou por aqueles dias, aos poucos deixou o receio e o orgulho de lado, fazendo com que altos soluços e uma dor forte em sua garganta se tornassem um com meus murmúrios, que logo se tornaram gritos abafados pela mão trêmula.

Ele pediu perdão tantas vezes, mas foi inútil, pois Izuna não podia ouvi-lo, vê-lo ou senti-lo.

Desejou estar morto quando se aproximou da cama e sentou ao lado dele. Finalmente tocou a pele que estava tão pálida, e diferente de quando o tocava daquela maneira, ele não corou, fez uma expressão feliz ou raivosa. Izuna permaneceu inalterado, como um cadáver pronto para ser guardado em um caixão. Mesmo que até aquele momento o jovem nunca tivesse sido escolhido para ver um, era o que imaginava como seria ver o corpo sem alma de uma pessoa amada.

Se aproximou ainda mais, deitando a cabeça em seu peito, e deixou que o choro se intensificasse como queria.

A última vez que havia sentido tanta dor emocional daquela maneira fora quando lhe contaram sobre morte de Hashirama — An-chan, era como Tobirama o chamava. A dor era tão intensa que achou que não a suportaria, mas ela se tornou sua companheira, e foi uma surpresa tê-la aguentado por bastante tempo. Quando segurou o corpo de Izuna em seus braços naquela noite, ela tomou uma proporção ainda maior, exibindo para todos à sua volta que nunca iria largá-lo, que aquele momento era o esperado para lhe tomar por completo, para tirar de Tobirama a última felicidade que havia restado; a sua esperança, seu amor... seu Izuna.

Tobirama ficou com tanto medo de perdê-lo naquela noite, e não tentou fingir que aquilo não o afetava. As lágrimas desceram por meus olhos sem resguardos e chamou por Izuna, com o pensamento inocente de que chamá-lo adiantaria, que isso o faria se levantar novamente, mas tal milagre obviamente não aconteceu.

Ele ouviu Madara chamando por seu irmão, mas foi de maneira rápida e logo qualquer voz ou ruído foram abafados pelo sussurro que saiu pelos lábios de Izuna.

Ele chamou por Tobirama.

Seus lábios tremeram e ele tentou dizer algo mais, porém, quando seus olhos se fecharam, a boca perdeu os movimentos juntamente com seu corpo, que ficou amolecido nos braços do príncipe. Tobirama o apertou em meu peito, o chamou mais uma vez e o chacoalhou, inutilmente tentando acordá-lo. Teria permanecido ali até que Izuna reagisse de alguma forma, se não o tivessem tirado de seus braços e o levado dali o rapidamente.

Ele ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo, e era impossível olhar para outro lugar além de suas roupas brancas banhadas pelo vermelho que o cegava — manchadas pelo sangue de Izuna.

Ouviu a voz de sua mãe o chamar, mas o próprio nome só o fez ficar ainda mais disperso — Izuna era tudo o que passava por sua mente. Ela chamou por seu nome, e a imagem dele fazendo o mesmo, minutos atrás, que estava à sua frente. Aqueles minutos que pareciam que haviam acontecido há horas, quando Izuna estava intacto em sua frente.

O Herdeiro De EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora